Protesto ambiental

Bahia negligencia meio ambiente

20 de junho de 2008

Ambientalistas baianos entregam ao governador Jacques Wagner manifesto pela morte de biomas

 Ambientalistas protestam com caixão representando 50 mil hectares de matas nativas cortadas com autorização do governo estadual

 

 

 

 

Érika Almeida, coordenadora da Rede Mangue-Mar, lê o protesto em frente ao prédio da governadoria baiana.

 

 

O manifesto não se restringiu, apenas, em denunciar. Os ambientalistas propuseram 14 pontos prioritários para a agenda ambiental do governo baiano.
Durante a manifestação, os ambientalistas fizeram um enterro simbólico, mostrando a morte anunciada dos principais ecossistemas da Bahia, onde as cruzes representavam cada um dos biomas ameaçados no estado: Mata Atlântica, Marinho, Caatinga e Cerrado. Também simbolizaram o desenvolvimento insustentável do estado com relação ao carvão, as águas poluídas dos rios, camarões em cativeiro e a degradação florestal.
Participaram do ato público 25 organizações não governamentais e duas redes de instituições atuantes no estado, como a Conservação Internacional (CI-Brasil), Flora Brasil, Grupo Ambientalista da Bahia (GAMBÁ), Centro de Estudos Socioambientais – Pangea, Instituto Baleia Jubarte, Fundação Onda Azul, Coalizão SOS Abrolhos, Coletivo Jovem de Meio Ambiente de Salvador, Movimento Cultural Artemanha e Rede MangueMar.
O secretário de Meio Ambiente, Juliano Mattos, reconheceu que é preciso abrir um diálogo com os socioambientalistas baianos, mesmo porque desconhece vários pontos expostos pelo setor, como a intenção do estado em se instalar uma central nuclear.

 

JACQUES WAGNER NA CONTRAMÃO

O secretário afirmou que não tinha conhecimento disso, inclusive porque vai contra a constituição do estado. O manifesto alertou, também, para mais um descaso do governo baiano: é o "Projeto BahiaBio" que prevê o plantio de 870 mil hectares de cana-de-açúcar e 868 mil hectares de oleaginosas, a maioria em áreas de mata atlântica, cerrado e caatinga. É importante lembrar que no projeto do governo não constam cuidados nem medidas preventivas para os impactos socioambientais. Para o coordenador do grupo Gambá, Renato Cunha, "A política ambiental do governo Jaques Wagner ainda não está integrada com a política de desenvolvimento econômico, conforme anunciado nos discursos. Nesse sentido, representa um grave retrocesso, até porque segue na contramão do destaque que o meio ambiente vem ganhando como área estratégica em todo o mundo."
Os manifestantes querem, dentre outras coisas, a elaboração de um Plano Estadual de Meio Ambiente em parceria com a sociedade organizada, bem como a definição urgente de áreas prioritárias para a conservação da biodiversidade e também o ZZE – Zoneamento Ecológico Econômico. O documento apresentado pede também a revisão da Lei Estadual de Meio Ambiente e a promoção de debate público sobre os grandes projetos de infraestrutura e desenvolvimento no estado, principalmente na região Ilhéus-Itacaré e os incentivos à monocultura de cacau, grãos, celulose e biocombustíveis.

Cassurubá
Infelizmente os ambientalistas ainda não puderam comemorar a criação da Reserva Extrativista de Cassurubá, no sul da Bahia. Até o novo Ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, mencionou durante sua passagem pela Alemanha na Convenção sobre Diversidade Biológica, como sendo uma das Unidades a serem criadas pelo governo no Dia Mundial do Meio Ambiente. Na solenidade realizada no Palácio do Planalto, onde foram assinados decretos criando mais três Unidades de Conservação, a Resex de Cassurubá não foi uma das contempladas.
A Bahia abriga ecossistemas importantes que contribuem para a preservação da vida no planeta, mas é preciso que os governos se preocupem com a questão.
O secretário de Meio Ambiente da Bahia, Juliano Mattos, se comprometeu a receber os representantes das organizações que assinam o manifesto para tratar dos pleitos apresentados.