Construção sustentável

O “verde” na construção civil

23 de julho de 2008

Imóveis com baixa performance ambiental têm dias contados

Para o arquiteto Huston Eubank, ex-diretor executivo do Green Building World Council, as construções têm relação direta com as mudanças climáticas.


 


 


Agenda e caderno de papel reciclado, etanol para abastecer o veículo, banho com sabonete biodegradável, roupas de algodão orgânico, verduras e frutas sem agrotóxicos. Estes produtos “verdes” já estão presentes no dia-a-dia dos consumidores brasileiros, itens identificados como “amigos” do planeta até por uma criança em idade escolar. Mas nossa casa comum, a nave Terra, precisa de muito mais. E, justamente, nos lugares onde habitamos com nossa família e trabalhamos tem muito a ser feito. “O uso que fazemos da terra, nosso espaço geográfico, tem relação direta com as mudanças climáticas. Hoje é uma unanimidade: a construção civil contribui pesadamente para o efeito estufa. Sabe-se também que um edifício sustentável emite, em média, 30% menos de carbono para a atmosfera”, afirmou o arquiteto norte-americano Huston Eubank, ex-diretor executivo do Green Building World Council em sua recente passagem pelo Brasil.
Atualmente Eubank está envolvido em um projeto pessoal, o de criação de uma ferramenta digital para melhorar o desempenho ambiental da indústria da construção.
“Paradoxalmente, o Protocolo de Kioto não previu metas para o setor da construção, o qual vive um boom em várias partes do planeta, inclusive no Brasil”, observou o arquiteto.


 Alta emissão de gases
Para se ter uma idéia, uma construção realizada segundo os padrões convencionais emite, até a conclusão das obras, cerca de 15% de gases-estufa. Com a ocupação por seus usuários – moradores, no caso de um edifício residencial, ou trabalhadores, para um prédio corporativo – as emissões crescem de forma brutal, podendo atingir o patamar dos 80% ao longo de 50 anos de vida útil. 
Para enfrentar o problema, no emirado árabe de Dubai, hoje considerado o maior canteiro de obras do mundo e onde edifícios de design arrojado estão sendo construídos por toda parte, existe a exigência de os projetos terem consumo zero de energia.
Na União Européia uma diretiva, também em vigor, segue na mesma direção, exigindo eficiência energética nas novas construções.
Nos EUA, a certificação LEED, com requisitos para empreendimentos corporativos sustentáveis, está sendo adotada pelos códigos municipais de obras.
“O Brasil, que vive um surto imobiliário, não pode ficar alheio à necessidade dessas exigências, sob pena de ter um aumento significativo de suas emissões de carbono. Há uma urgência global na tomada de medidas. Quem compra um imóvel, não importa para qual finalidade, hoje tem de estar preocupado com a minimização de seu impacto sobre o meio ambiente local e global”, destaca o engenheiro Nelson Kawakami, um dos pioneiros em certificação LEED no Brasil. 
























 Características de uma construção sustentável
 Para conquistar status de “edifício sustentável”, um empreendimento imobiliário precisa ter pelo menos estas características:
 Sistema próprio de remoção de lixo e sua reciclagem.
 Utilização de madeiras com certificado ambiental.
 Uso de materiais fabricados na região (para evitar longos transportes e altas emissões de carbono), de preferência  recicláveis.
 Vagas especiais na garagem para bicicletas.
 Recuperação de água (pluvial e reuso da que vem pela rede).
 Melhoria da qualidade de vida e saúde para os usuários.
 Geradores próprios de energia capazes de atender a
demanda do edifício.
 Água de sistema de reuso para irrigação de áreas verdes
e descargas sanitárias.


 


 
























Critérios para o selo verde na construção 
Os critérios do selo LEED, concedido pelo Green Building Council, distingue construções “verdes” ao redor do mundo segundo estes critérios:
 Localização  
 Eficácia no uso de água
 Eficácia no uso de energia
 Utilização de materiais alternativos
 Qualidade construtiva interna do imóvel
 Qualidade e inovação do projeto
 
No Brasil, o Green Building Council mantém um escritório na capital paulista e estuda mudanças para melhor atender peculiaridades locais, como valorização da biodiversidade e incentivo de investimentos na área social e educação no entorno das edificações.