Construção sustentável

Alternativas de certificação

23 de julho de 2008

A certificação LEED mantém escritório em São Paulo. Já emitiu certificados para edifícios como o que ocupa o Banco Real, em Cotia (SP), e um dos mais recentes foi conquistado na capital paulista pelo

Luiz Henrique Ceotto, diretor da Tishman Speyer: “Hoje, o custo de um edifício sustentável é estimado entre 1% a 8% mais alto que um convencional. Mas a economia que proporciona em termos de água,
energia e manutenção não fica abaixo dos 30%”. 


 


Para receber a certificação AQUA é preciso atender 14 critérios, os quais contemplam eco-construção, conforto, saúde e gestão de resíduos. Ele é exclusivo para empreendimentos corporativos. A certificação é feita por etapas, começando pela concepção do projeto até chegar à entrega da obra. 
A Método Engenharia optou pelo AQUA para certificar um resort que está erguendo no Nordeste. Vale lembrar que o AQUA tem como referência o modelo francês HQE.


Selo Ecológico
Outra iniciativa é o Selo Ecológico Falcão Bauer, que se propõe reduzir os impactos em todas as etapas da construção civil. Está em fase de implantação. Sem dar detalhes, a Fundação Vanzolini anunciou que está trabalhando em dois novos sistemas de certificação: para empreendimentos residenciais e adequação de imóveis já existentes aos critérios da construção sustentável.     


Exemplo a ser seguido
A HOK, construtora com sede em Nova York, tem em seu portfólio mais de mil projetos corporativos “verdes” espalhados por 75 paises. Uma de suas estrelas é o prédio do banco HSBC, localizado na Cidade do México, que recebeu a certificação LEED na categoria Ouro. 
“Desde a concepção consideramos o uso mais sustentável que o empreendimento pode fazer do solo. As decisões são tomadas sempre visando minimizar seu impacto sobre a vizinhança e a cidade como um todo. Externa e internamente, o edifício é sustentável, pois  reproduz os sistemas ecológicos, em que nada se perde”, comenta o arquiteto John Seitz, da HOK. Ele explica que o modelo de construção sustentável adotado pela construtora usa o mínimo de cimento e dá preferência para materiais locais e recicláveis.


Telhado, luz e ventos
Os telhados são cobertos por vegetação, sendo equipados por sistema de captação de água da chuva para usos diversos como lavagem de pisos, rega de jardins e descarga sanitária.
A luz solar é aproveitada ao máximo para iluminar internamente o edifício, o que dispensa, durante o dia, o uso de energia convencional.
A direção dos ventos também é levada em conta para garantir ventilação interna natural, bem como o tamanho das janelas e tipo de revestimento da fachada, recursos que contribuem para uma temperatura interna adequada, dispensando o uso continuo de equipamentos como aquecedores e condicionadores-de-ar. A limpeza da fachada, quem diria, fica a cargo da natureza – um sistema especialmente desenvolvido proporciona mais esta utilidade.


Custo X Benefício
“Hoje, o custo de um edifício sustentável é estimado entre 1% a 8% mais alto que um convencional. Mas a economia que proporciona em termos de água, energia e manutenção não fica abaixo dos 30%”, estima Luiz Henrique Ceotto, diretor da Tishman Speyer, que assina o projeto do Rochaverá CorporateTower. Este empreendimento corporativo está localizado em São Paulo e é composto de quatro torres que está em vias de obter o certificado LEED na categoria Ouro.  A Dow Química já fechou contrato de locação de 15 mil m² no Rochaverá, decisão tomada porque as instalações estão em sintonia com os compromissos ambientais globais traçados na estratégia de negócios do conglomerado.
“Mudar para um edifício verde reforça nossa visão e compromisso com a sustentabilidade”, afirma Pedro Suarez, presidente da Dow na América Latina. Ceotto, da Tishman Speyer, chama a atenção para um comportamento tipicamente tupiniquim.
“No Brasil, prevalece a cultura do preço fina. Poucos levam a sério o custo de um edifício com baixa performance ambiental. o qual consome cerca de  45% da energia hoje disponível. Os preços crescentes das commodities, a exemplo do petróleo e dos minérios, essenciais na construção civil, e o investimento elevado para gerar energia, começarão a ser contabilizados pelos empreendedores e usuários dos imóveis já nos próximos anos”.
  Roberto de Souza, presidente do Centro de Tecnologia em Edificações, vai mais longe. “A construção civil vive hoje uma enorme expansão global, mas enfrenta desafios na mesma proporção. Os green buildings não são um modismo passageiro. O jeito convencional de fazer moradias e ambientes de trabalho está com os dias contados”. Vanderley John,  professor da Escola Politécnica da USP, diz que é hora da sociedade pensar seriamente por que há tão poucas iniciativas no país quando o assunto é construção sustentável.


CONGRESSO MUNDIAL: CINCO MIL ENGENHEIROS VÃO SE REUNIR EM BRASÍLIA


 Brasília, além de capital política e administrativa do Brasil e Capital Americana da Cultura, será também a capital mundial da Engenharia. De 2 a 6 de dezembro de 2008, Brasília receberá cerca de 5 mil engenheiros que vão participar da terceira edição do Congresso Mundial de Engenheiros.
 Organizado a cada quatro anos, o evento já foi sucesso de público na Alemanha (Hannover, 2000) e na China (Xangai, 2004). Com base nas edições anteriores, espera-se a participação de cerca de 5 mil engenheiros de todo o mundo.
 Com o tema “Engenharia: inovação com responsabilidade social”, o objetivo é realizar debates, apresentar trabalhos e promover o intercâmbio de idéias e experiências realizadas nos mais diversos países, com as mais diversas tecnologias, tudo para mostrar como a engenharia pode contribuir para que a humanidade atinja as Metas do Milênio propostas pela ONU.
 Nesse contexto, a programação contemplará a participação de grandes expoentes da área tecnológica, como o Prêmio Nobel de Química de 1995, o mexicano Mário Molina. Ele foi premiado por alertar o mundo sobre o perigo dos clorofluorcarbonetos (CFC) para a camada de ozônio. Na época, a substância era amplamente usada em sprays, aerossóis e refrigeradores.
Outros conferencistas: o sociólogo e filósofo Edgar Morin; Achim Steiner, economista alemão e diretor-geral do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). Yi-Xin Zhong: presidente da Associação Chinesa de Inteligência Artificial; William Wulf, criador do termo “collaboratory”, definido como um centro sem paredes onde os cientistas trocam experiências.
Mais informações:  www.wec2008.org.br