O futuro da Amazônia
23 de julho de 2008Governo e industriais se unem para discutir alternativas de desenvolvimento econômico para a região. Está aberto o debate sobre uma nova forma de ocupação da região.
Mangabeira Unger (Assuntos Estratégicos)
Miguel Jorge (Desenvolvimento)
Sérgio Rezende (Ciência e Tecnologia)
O ministro extraordinário de Assuntos Estratégicos, Roberto Mangabeira Unger, apresenta sempre o Plano Amazônia Sustentável – PAS, ação coordenada por sua Pasta, a empresários de forma bem didática. Segundo o ministro, não deve ser fortalecido o conceito de ambientalistas versus desenvolvimentistas “porque é perfeitamente possível a convivência dos dois grupos em prol de um desenvolvimento sustentável para a Amazônia”. O conceito de desenvolvimento sustentável pensado pelo governo federal está amparado em sete eixos: 1 – Regularização fundiária e zoneamento econômico e ecológico. 2 – Alternativas de produção ambientalmente viáveis e com viabilidade econômica, incluindo produção de biodisel. 3 – Medidas contra o desmatamento, com mais funcionários nas unidades de conservação (UCs) e solução negociada para os atuais ocupantes destas áreas. 4 – Agricultura para os biomas amazônico e de cerrado, aproveitando áreas atualmente ocupadas com pastagens. 5 – Implementar a indústria da madeira certificada e fazer o mesmo para a exploração mineral. 6 – Construir um paradigma multi-modal para transporte, combinando as vias aquática, terrestre e aérea. 7 – Promover o conhecimento e a capacitação no ensino médio. Diretriz do PAS O PAS, na realidade, pode ser encarado como uma declaração de intenções, ou como diretrizes de um projeto, já que não estabelece prazos, metas e nem discrimina as ações que devem ser realizadas para que os sete eixos sejam concretizados. De qualquer forma, o ministro Mangabeira Unger deixa claro que, devida a ampla extensão territorial da região Norte, os governadores do nove estados da Amazônia Legal indicaram micro-regiões onde o Plano será iniciado na condição de “piloto”. Para Unger, o PAS contém “três grande temas perturbadores e fraturantes”, que são o desafio da produção com preservação; o desnível existente entre devastação e sustentabilidade; e a necessidade de uma coalização política entre os governos estaduais para sustentar o projeto, “que não é um projeto de governo mas sim de Estado”, afirmou. Pólo Industrial de Manaus A Zona Franca de Manaus, ou Pólo Industrial de Manaus, como também é chamada, é a ponta de lança no projeto do governo. Conforme definição dos ministros Mangabeira Unger (Assuntos Estratégicos), Miguel Jorge (Desenvolvimento) e Sérgio Rezende (Ciência e Tecnologia) o desenvolvimento industrial pode ser alcançado com o apoio de redes de instituições já existentes, devidamente apoiadas e articuladas. De acordo com os ministros, o ponto focal destas redes já começou a ser construído, é o Sibratec – Sistema Brasileiro de Tecnologia, voltado para a inovação, prestação de serviços tecnológicos e de adaptação e de transferência de tecnologias, reunindo institutos tecnológicos, universidades e outras entidades de pesquisa, federais, estaduais e privadas já existentes. Quem deseja chegar na era “pós-Fordismo”, como ministro Mangabeira Unger chama o futuro industrial do País, deve correr. O Pólo Industrial de Manaus, via Suframa e Projeto Arara, já faz seu lobby. O PIM, atualmente, tem mais de 500 indústrias instaladas; investimentos consolidados de US$ 7 bilhões; investimentos previstos de US$ 4 bilhões para os próximos três anos; faturamento anual superior a US$ 26 bilhões; exportações em torno de US$ 1,5 bilhão; aquisição de insumos nacionais da ordem de US$ 7 bilhões e importados de US$ 6 bilhões; além de gerar mais de 100 mil empregos diretos.