Aquecimento global

G8 quer cortar 50% das emissões de CO2

23 de julho de 2008

Países ricos exigem a participação dos países em desenvolvimento

O compromisso, subscrito pelo presidente dos Estados Unidos, George Bush, foi considerado por lideranças ambientalistas de vários países como meramente retórico, com o propósito exclusivo de mascarar um fracasso da reunião. Além de não estabelecer metas de médio prazo para chegar a 2050 – a Comunidade Européia já definiu uma redução de 20% de emissões de CO2 até 2020 – o compromisso do G8 não especifica a partir de quando estará valendo a redução. Se o ano de referência for 2005, por exemplo, a redução real será bem menor.
O Protocolo de Kioto utiliza como ponto de partida as emissões registradas em 1990. Ao jogar para um futuro distante a meta de redução – dizem os ambientalistas – o G8 introduziu um elemento de incerteza e criou “um slogan vazio”, segundo o ministro do Meio Ambiente da África do Sul, Marthinus van Schalkwyk.


Reação do G5
O G5, grupo dos países em desenvolvimento composto pelo Brasil, México, China, Índia e África do Sul reagiu à exigência de “ação global”, feita pelo G8 (Estados Unidos, Alemanha, Canadá, França, Reino Unido, Itália, Japão e Rússia) alegando que esse grupo responde por 62% das emissões globais de CO2, cabendo-lhe, em conseqüência, a iniciativa de liderar uma sensível redução da poluição mundial. A reação do G5 impediu que a China se comprometesse, como pretendia, com uma meta de redução de 20% de CO2 até 2020. Os chineses, desde o final do ano passado, ultrapassaram os Estados Unidos na liderança dos maiores poluidores do mundo.
A posição brasileira, expressa pelo presidente Lula, defendeu a negociação de um ano-base para a fixação da meta global, observando que a redução global somente será aceitável se houver uma proporcional divisão do ônus. O Brasil aparece como o sétimo país mais poluidor do mundo, após os Estados Unidos, China, Rússia, Índia, Japão e Alemanha. Porém, se forem considerados os efeitos dos desmatamentos na Amazônia, o Brasil sobe para a quarta posição.


Reação negativa
Apesar da reação negativa de lideranças ambientalistas, inclusive ONGs de expressão mundial, como o Greenpeace, o Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, viu um avanço na declaração final da conferência, sobretudo o propósito, assinalado pelos EUA, que não é signatário do Protocolo de Kioto, de integrar-se a um esforço global de cumprimento de uma meta definida de redução das emissões de CO2, ainda que a longo prazo. Ki-moon aposta na possibilidade de um desdobramento das decisões do G-8 nos eventos de meio ambiente a nível mundial, que ocorrerão em 2009: a nova conferência do G-8, com a participação dos membros do G-5, que acontecerá na ilha de Maddalena, na Sardenha, Itália, e, principalmente, a conferência sobre meio ambiente que as Nações Unidas patrocinarão em dezembro do próximo ano em Copenhague, na Dinamarca.
Este encontro buscará alcançar um tratado mundial de redução das emissões que substitua o Protocolo de Kioto, que vence em 2012.