BIODIESEL

Biodiesel de óleo de fritura

23 de julho de 2008

Porto Alegre testa óleo de cozinha, se não for tratado cada litro pode contaminar um milhão de litros d’água

Secretário Miguel Wedy abastece trator com o B100, no Parque Marinha do Brasil


 


 


O objetivo da fase de testes é traçar um perfil comparativo com o B2, utilizado atualmente, que apresenta 2% de biodiesel. O projeto resulta de um convênio com o Instituto de Química da PUCRS – Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.  A parceria permite a produção do combustível a partir do óleo usado nos restaurantes da instituição. No Brasil, o mais comum é a utilização do B5, ou seja, com 5% de biodiesel.
 “Esse projeto tem grande importância ambiental, permitindo que o lixo residencial possa virar combustível”, destaca o secretário de Meio Ambiente, Miguel Wedy, que informou que a intenção, a médio prazo, é estender o uso do B100 aos 42 tratores e 21 caminhões da pasta e, posteriormente, a toda frota da prefeitura.
 
Coleta de óleo
completa um ano

 O Projeto de Entrega de Óleo de Fritura completou um ano em junho, com 98 postos de coleta. Quando foi lançado pelo DMLU – Departamento Municipal de Limpeza, havia apenas 24 pontos, nas unidades do órgão. Com o crescimento do interesse da população, novas instituições aderiram ao programa, que agora tem postos de coleta em escolas municipais e particulares, órgãos públicos e empresas privadas.
 Nesse ano de funcionamento, foram recolhidos mais de 16 mil litros de óleo de cozinha, que foram encaminhados para indústrias de reciclagem. Cada litro de óleo lançado na natureza pode contaminar um milhão de litros d’água em arroios e rios.  O óleo de fritura separado pela comunidade deve ser acondicionado em garrafas plásticas ou embalagens de vidro e entregue num dos postos de coleta. Desses locais, a substância é recolhida pelas empresas conveniadas com o DMLU.
A Celgon e a Ecológica utilizam o resíduo como combustível de caldeiras, a Oleoplan trabalha na geração de biocombustível e a Faros produz farinha, que é matéria-prima na fabricação de ração animal. O biodiesel é biodegradável e não-tóxico, sendo também mais seguro do que o combustível proveniente do petróleo. Seu uso contribui para a diminuição do efeito estufa, proporcionando um ganho ambiental para todo o planeta pela diminuição da poluição atmosférica. Esse combustível é constituído de carbono neutro. Assim, o gás carbônico gerado por sua queima é reabsorvido pelas oleaginosas e, combinado com a energia solar, realimenta o ciclo, neutralizando suas emissões.


Foto: Crédito: Tarsila Pereira, PMPA


E a população leva óleo usado para posto de coleta do DMLU


 


 


O que é Transesterificação
É o processo para a transformação do óleo vegetal em biodiesel. A molécula de óleo vegetal é formada por três ésteres ligados a uma molécula de glicerina, o que faz dele um triglicídio. Transesterificação nada mais é do que a separação da glicerina do óleo vegetal. Cerca de 20% de uma molécula de óleo vegetal é formada por glicerina. A glicerina torna o óleo mais denso e viscoso. Durante o processo de transesterificação, a glicerina é removida do óleo vegetal, deixando o óleo mais fino e reduzindo a viscosidade.


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Frangos X poluição


A reciclagem está na ordem do dia. Também a reciclagem de resíduos agrícolas e agro-industriais ganham cada vez mais espaço. E não é apenas porque estes sub-produtos representam uma matéria prima de baixo custo, mas também porq ue urge evitar os efeitos da degradação ambiental decorrente de atividades industriais e urbanas.
A implantação de Programas de Qualidade Total tem reduzido o impacto poluidor de várias atividades de natureza agroindustrial. Mas há muitos casos sem qualquer proposta de solução definitiva. Os professores Pedro R. Costa Neto e Luciano F. S. Rossi, do Departamentos de Química e de Mecânica do Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná, dão um exemplo: em abatedouros de frangos, os animais que chegam mortos e/ou são condenados pela Inspeção Federal representam em média 4 a 5%. Estes animais são normalmente incinerados ou mesmo enterrados, um destino inconveniente devido a possibilidade de contaminação de lençóis freáticos com resíduos indesejáveis e/ou microorganismos patogênicos. A incineração é também um processo poluente e de alto custo que vem, gradativamente, entrando em desuso.  Assim, de um  modo geral, o aproveitamento integrado de resíduos gerados na indústria alimentícia pode evitar o encaminhamento destes a aterros sanitários, permitindo o estabelecimento de novas alternativas empresariais e minimizando o impacto ambiental do acúmulo destes resíduos. Dentre os materiais que representam riscos de poluição ambiental e, por isso, merecem atenção especial, figuram os óleos vegetais usados em processos de fritura por imersão.