Diversidade biológica

OPEP da biodiversidade

22 de julho de 2008

Brasil assume posição como presidente

Bráulio Dias, diretor de Conservação da Biodiversidade do Ministério do
Meio Ambiente


 


 


 


 


Daí a importância do Brasil definir as ações que irá adotar como presidente do Grupo de Países Megadiversos Afins. Esta é uma articulação que reúne as 17 nações mais ricas em biodiversidade no mundo.
A estratégia deve estar delineada nos próximos meses, segundo informa Bráulio Dias, diretor de Conservação da Biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente. O Brasil foi eleito para um mandato de dois anos durante a 9ª Conferência das Partes (COP-9) da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) da ONU, realizada em maio passado, em Bonn, na Alemanha.
“O grupo dos megadiversos é a Opep da biodiversidade”, compara Bráulio. Criado em 1992, tem o objetivo de atuar em defesa dos interesses comuns dessas nações em fóruns internacionais de biodiversidade, em especial na convenção. México, Índia e Kênia foram os presidentes anteriores.
A função do país que está no comando é a costura política e técnica entre os componentes do grupo. Para o secretário Bráulio Dias, nesse momento, o principal desafio é fazer andar as negociações em torno da criação de um regime internacional sobre Acesso e Repartição de Benefícios (ABS). “O esforço do momento é influenciar nas negociações para fazer que os interesses dos países ricos em biodiversidade sejam adequadamente refletidos nesse regime”, explica.
A expectativa é que as negociações estejam concluídas até 2010 para adoção na COP-10, em Nagóia, no Japão. O regime internacional tem como objetivo a distribuição justa e eqüitativa dos lucros obtidos com a exploração da biodiversidade e do conhecimento de populações indígenas e tradicionais. O mecanismo está previsto na Convenção sobre Diversidade Biológica, assinada na Cúpula Mundial sobre Meio Ambiente realizada no Rio de Janeiro em 1992.
Atualmente, fazem parte do grupo de megadiversos os seguintes países: África do Sul, Bolívia, Brasil, China, Colômbia, Congo, Costa Rica, Equador, Filipinas, Índia, Indonésia, Madagascar, Malásia, México, Peru, Quênia e Venezuela. Essas nações reúnem mais de 70% de toda a biodiversidade do planeta e cerca de 45% da população mundial.


 


  *Biodiversidade é a diversidade da natureza viva. Para o economista e mestre em Ciências Ambientais, Paulo Coutinho, da Unicamp, “a biodiversidade tem um valor intrínseco: trata-se de mantermos as condições de permanência da vida. É, portanto, incomensurável. Senão, que medida usaríamos para medi-la? Número de espécies, fluxos de energia, unidades monetárias ou qualquer outra medida pode nos dar algumas referências parciais.
Não conseguimos atribuir um valor financeiro à nossa própria vida, ainda que as companhias de seguro façam lá suas contas.
Essas mesmas empresas, no entanto, não se arriscariam a fazer seus cálculos para a vida no planeta pelo absurdo de que com o fim da biodiversidade não teríamos ninguém para receber ou pagar o prêmio do seguro.