Folha do Meio Ambiente

5 de outubro é Dia da Ave

“O seu saltitar no espaço reduzido, não cessará até que suas pernas doloridas mostrem feridas de indignação pela falta do vento, das nuvens e das estrelas para orientar seu rumo migratório.

Nunca gostei de pássaros silvestres engaiolados e jamais tive algum deles em meu poder e encarcerado. Prefiro vê-los em liberdade e na natureza, chilreando entre galhos ou planando nas correntes aéreas.
 Não adianta aprisionar estas pequenas criaturas pintando por detrás da gaiola, uma extensão da parede azul imitando um céu. O seu saltitar no espaço reduzido, não cessará até que suas pernas doloridas mostrem feridas de indignação pela falta do vento, das nuvens e das estrelas para orientar seu rumo migratório.
 Infelizmente, burlando leis existentes, caçadores e pretensos criadores, comercializam estas criaturas de maneira impiedosa e desumana em gaiolas, viveiros e alçapões. Muitas se ferem e morrem em razão dos maus tratos, ficando sem água e comida.
 Quem não gostaria de acordar com o alegre canto dos pássaros ao peitoral da janela ou nos galhos dos arbustos no quintal? Quem não gostaria de desfrutar da visão do seu livre vôo que em busca de alimento, chegam agrupados dando-nos em troca o canto e o colorido, além de contribuírem para o equilíbrio ecológico?
 Nem tudo está ainda perdido. Mesmo na cidade, podemos encontrar alguma beleza natural e pessoas interessadas na preservação das espécies em liberdade.
 Uma estação de rádio européia surpreendeu seus ouvintes com a transmissão do canto de pássaros gravado em um jardim local. Virou sucesso e milhões de pessoas sintonizaram a estação e um número crescente incorporou diariamente a emissora à sua rotina matinal, despertando ao som tranqüilo dos pássaros que teve um efeito relaxante. É o som divulgado, mas não aprisionado em sua fonte original. Divulgado coletivamente e não individualmente.
 Um provérbio chinês diz: “Mantenha uma árvore verde em seu coração e verá um pássaro cantando”. Que sejam então, pássaros silvestres, harmonizados com o meio ambiente. Será um momento de descobertas e memórias para o resto da vida.
 Em seus livros “Aves Brasileiras Minha Paixão” e  “Os Doze Cantos do Brasil”, Johan Dalgas Frisch, que conseguiu fazer do Sabiá a Ave Nacional e, também, criador do Dia da Ave, festejado em 5 de outubro, escreve: “… um apelo à consciência de cada um de nós, amantes da Natureza, para que lutemos pela preservação do meio ambiente da nossa Pátria, cuidado esse indispensável à sobrevivência dos habitantes silvestres”.