Tecnologia & Meio Ambiente

Equipamentos de ponta monitoram o meio ambiente

18 de setembro de 2008

Satélites informam sobre áreas desmatadas. Mas as novas tecnologias também causam poluição     O DETER foi concebido como um sistema de alerta para suporte à fiscalização e controle de desmatamento. “São mapeadas áreas de corte raso e áreas de processo de desmatamento por degradação florestal. Por conta da resolução limitada do sistema, é possível… Ver artigo

Satélites informam
sobre áreas desmatadas.
Mas as novas tecnologias também causam poluição


 


 


O DETER foi concebido como um sistema de alerta para suporte à fiscalização e controle de desmatamento. “São mapeadas áreas de corte raso e áreas de processo de desmatamento por degradação florestal. Por conta da resolução limitada do sistema, é possível detectar, apenas, polígonos de desmatamento maiores de 25 hectares. Devido a cobertura de nuvens, nem todos os desmatamento maiores de 25 hectares são identificados pelo sistema”, explica João Vianei Soares, coordenador geral de observação da Terra.  
Do total verificado pelo DETER em abril, 794 km2 correspondem ao Mato Grosso. Em março, o sistema havia registrado 112 km2 no estado. Porém, no mês anterior 78% da Amazônia estava coberta de nuvens, sendo que 69% do Mato Grosso não pôde ser observado pelos satélites. Já em abril, 53% da Amazônia esteve sob nuvens, mas apenas 14% do Mato Grosso ficou encoberto. Isto indica que a oportunidade de observação no estado aumentou muito de março para abril.
 
Mais tecnologia
Na tentativa de corrigir as limitações de resolução do sistema Deter, o Inpe está desenvolvendo, em parceria internacional, um satélite de observação avançada, com imagens de radar. A tecnologia deve ser a mesma utilizada pelo satélite japonês Alos (Advanced Land Observing Satellite), que não tem seu monitoramento prejudicado por condições climáticas. Gilberto Câmara, diretor do Inpe, disse que foi identificada uma tendência de crescimento do desmatamento no fim do ano passado. “Hoje, com base nesses números, podemos dizer que essa tendência continua. Em termos de percentual de território, Rondônia é o estado mais devastado, não tendo mais área legal a ser desmatada. Ainda em termos de percentagem, o Amazonas é o estado mais preservado”.


Tecnologia também polui
 Não há dúvida que as modernas tecnologias ajudam a preservar o planeta, mas elas também poluem.
Segundo estimativas globais, o setor das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) é responsável por 2% de toda a emissão de dióxido de carbono, o que inclui tanto a fabricação de equipamentos quanto infra-estrutura e operação de telecom.
No entanto, a indústria do setor começa a se questionar como substituir e complementar sua infra-estrutura de campo, incluindo os enormes postes, antenas e outros equipamentos de redundância. Também já há iniciativas, como a Ariannespace fez em Kouru, de substituição de energia elétrica por hidrelétrica e etanol, nas bases de lançamento de satélites.


Objetos à deriva na órbita terrestre


Assim como os equipamentos espaciais colaboram na preservação do meio ambiente e na ampliação da colheita, também é certo dizer que eles estão gerando toneladas de lixo no espaço cósmico.Cerca de um milhão de objetos artificiais maiores que um centímetro estão à deriva em órbita terrestre.
Cientistas calculam que 80% de todos os itens em órbita catalogados estejam na chamada órbita baixa, que se estende até 2.000 km acima da superfície do planeta Terra e inclui cerca de 3.500 objetos maiores que dez centímetros, alguns deles viajando a velocidades de até 28.000 quilômetros por hora.
Mesmo assim, a malha de satélites de telecomunicações orbitando em torno da Terra vai ficar ainda mais densa a médio prazo, com o aumento previsto da participação européia nos lançamentos de vôos espaciais, tanto de carga quanto de navegação, exploração e pesquisa.
Esses novos satélites, empregando tecnologia de ponta, contribuirão muito para melhorar a cobertura mundial de circuitos de voz e dados, mas eles contribuirão também para piorar o congestionamento da órbita terrestre, repleta de satélites ativos e, pior ainda, de detritos de missões antigas. É o tipo do lixo não reciclável e que  dificilmente será recuperado. Essa poluição começou há pouco mais de 50 anos.
O lançamento do Sputnik 1, primeiro satélite artificial, pela então União Soviética, em 1957, determinou o início da utilização do espaço pela ciência e por atividades comerciais. Durante a Guerra Fria, o espaço era território de disputa entre a URSS e os EUA, embate que atingiu seu clímax com a corrida espacial rumo à Lua, nos anos 1960.
Em 1964 foi lançado pelos americanos o Syncom 3, primeiro satélite de TV numa órbita geoestacionária, para transmitir para os EUA os XVIII Jogos Olímpicos, realizados em Tóquio. Mais tarde, o número de lançamentos russos começou a cair, enquanto outros países estabeleceram seus programas espaciais. Com isso, o número de objetos em órbita terrestre vem aumentando sem parar, com uma média atual de 200 novos lançamentos por ano.