Corpo & Saúde
22 de outubro de 2008ALIMENTOS prebióticos ou probióticos
Microbiota gastrointestinal
O trato gastrointestinal humano é normalmente colonizado por um conjunto de bactérias denominado microbiota gastrointestinal. No intestino grosso, onde a microbiota intestinal é mais numerosa e diversificada, estima-se a presença de cerca de 400 espécies diferentes de bactérias que interagem entre si em um complexo ecossistema.
Esses microorganismos são separados em três categorias: na microbiota dominante, onde entram as bifidobactérias, na microbiota subdominante, onde estão os lactobacilos, e na microbiota residual, em menor número, e considerada potencialmente causadora de doenças, na qual estão incluídos, por exemplo, os Clostridium e os Pseudomonas.
Função no organismo humano
Além da proteção contra a invasão e proliferação de microorganismos causadores de doenças no organismo, que é feita em decorrência da competição, com o agente invasor, por nutrientes e receptores, e também pela produção de bacteriocinas, que são substâncias protetoras, a microbiota intestinal tem ainda outras três funções que são fundamentais à sobrevivência dos seres humanos. Uma é a modulação do sistema imunológico, que é realizada pela interação entre a microbiota intestinal e as células do sistema imune, presentes na mucosa intestinal. Outra é a síntese de algumas vitaminas, como a vitamina K e vitaminas do complexo B. E ainda a ação sobre os resíduos alimentares não digeríveis pelo trato gastrointestinal superior. Essa ação resulta na formação de substâncias, como o butirato, o acetato e o propionato, que são usadas como fonte de energia pelas células do epitélio intestinal, resultando na diferenciação e proliferação celular do intestino. O balanço adequado na microbiota gastrointestinal é necessário para equilibrar as funções gastrintestinais. Quando, por algum motivo, o equilíbrio desse ecossistema é quebrado, o funcionamento do organismo fica comprometido, e podem surgir doenças, sejam agudas, ou crônicas. É aí que entra a participação do consumo dos alimentos prebióticos e probióticos, cuja importância está comprovada por vários estudos científicos.
Alimentos prebióticos são
alguns tipos específicos de fibras alimentares, resistentes à ação das enzimas do trato gastrintestinal, em decorrência de sua configuração molecular, que promovem o crescimento preferencial de bactérias intestinais benéficas ao organismo, como as bifidobactérias e os lactobacilos. Elas preenchem os seguintes critérios:
Não são digeridas ou absorvidas no intestino delgado;
Quando chegam ao intestino grosso intactas, são metabolizadas seletivamente por um número limitado de bactérias benéficas ao organismo;
São capazes de alterar a microbiota colônica para uma microbiota bacteriana saudável;
E induzem efeito fisiológico positivo, importante para a saúde.
São consideradas fibras prebióticas a inulina e os frutooligossacarídeos (FOS), carboidratos complexos, presentes em alimentos de origem vegetal. O FOS é encontrado, em maior teor, na chicória, alho, alho poró, bananas, cebola, tomate, beterraba, aspargos, alcachofra, yacon, centeio, aveia, trigo, mel, cerveja e açúcar mascavo. A inulina é um polímero de glicose, extraído principalmente da raiz da chicória, ou produzida industrialmente a partir da sacarose.
Os prebióticos podem estar presentes naturalmente nos componentes da dieta habitual ou serem adicionados a ela.
Alimentos probióticos são
preparações ou produtos que contêm microorganismos vivos que, em número suficiente, trazem benefícios para a saúde do homem, melhorando o balanço da microbiota intestinal. Os critérios para um microorganismo ser considerado probiótico são:
Ser habitante normal do intestino;
Não provocar doenças no hospedeiro;
Reproduzir-se rapidamente;
Produzir substâncias antimicrobianas;
Chegar ao intestino ainda vivo, resistindo assim, às secreções do trato gastrointestinal;
Ter capacidade de influenciar a atividade metabólica local;
Ser resistente ao processamento do alimento onde ele será incluído e resistir também, ao tempo entre a fabricação, comercialização e ingestão do produto.
Os principais microorganismos bacterianos considerados como probióticos são dos gêneros Lactobacillus e Bifidobacterium. Existem mais de 10 espécies de Bifidobacterium de origem humana e 56 espécies de Lactobacillus reconhecidas.
Os probióticos podem ser componentes de alimentos industrializados presentes no mercado, como os leites fermentados e alguns tipos de iogurte, ou podem ser encontrados na forma de pó ou cápsulas.
Os alimentos prebióticos e probióticos são considerados alimentos funcionais, por desempenharem funções fisiológicas no organismo comprovadas, como a alteração do trânsito intestinal, com efeito de redução de metabólitos tóxicos. A prevenção de diarréia ou da obstipação intestinal, por alteração da microbiota intestinal. A produção de nutrientes, como algumas vitaminas, e melhora na absorção de alguns minerais. Estudos mostram também efeitos benéficos sobre o sistema imunológico, e positivos na redução do colesterol plasmático e da glicemia, além da prevenção do risco de alguns tipos de câncer.
No entanto, é preciso ressaltar que suprir todas as necessidades nutricionais do organismo significa combinar vários tipos de alimentos. E que uma vida saudável não está relacionada somente com os alimentos consumidos. A alimentação faz parte de um contexto, onde a hereditariedade, o estilo de vida e a interferência do meio ambiente estão envolvidos. Essa percepção é importante para que os alimentos funcionais tenham seu real valor e não sejam considerados como alimentos milagrosos.