Barack Obama, presidente eleito dos EUA

Programa ambiental de seis pontos prevê que até 2025 pelo menos 25% da energia produzida

22 de novembro de 2008

Barack Obama e o meio ambiente “A utilização de etanol pode reduzir as emissões poluentes em até 75%.  Já há milhões de carros híbridos rodando nas estradas americanas, inclusive o meu, aqui em Illinois”.Barack Obama, presidente eleito dos EUA   Até 2015, as montadoras americanas estarão produzindo um milhão de carros híbridos, com a utilização… Ver artigo

Barack Obama e o meio ambiente


“A utilização de etanol pode reduzir as emissões poluentes em até 75%.  Já há milhões de carros híbridos rodando nas estradas americanas, inclusive o meu, aqui em Illinois”.
Barack Obama, presidente eleito dos EUA


 


Até 2015, as montadoras americanas estarão produzindo um milhão de carros híbridos, com a utilização de biocombustível e um consumo médio próximo de 50 quilômetros por litro.
Até 2012, de toda a energia consumida nos Estados Unidos, 10% serão de fontes renováveis, relação que se ampliará para 25% até 2025.
Um ambicioso programa de reorganização industrial assegurará que, até 2050, haverá uma redução de 80% na emissão de poluentes, sobre os valores de 1990.


O Obama ambientalista
Mas Obama não é um ambientalista de última hora, embora não possa ser considerado um militante. Desde a legislatura passada é membro do Comitê de Meio Ambiente do Senado e foi um dos signatários da lei de Redução da Poluição e do Aquecimento Global, juntamente com os senadores Sanders e Boxer.
Com seu adversário na disputa pela Casa Branca, senador McCain, o novo presidente subscreveu a Lei de Inovação Climática e envolveu-se numa campanha nacional visando a redução da presença de chumbo nos brinquedos norte-americanos, da qual resultou a Lei de Brinquedos Livres de Chumbo.
Graças à sua atuação, a Agência de Proteção Ambiental (EPA) dos EUA, impôs regras mais rígidas para a produção de brinquedos com a utilização de chumbo, o que resultou no recall de 150 milhões de peças de brinquedos em 2003 e 2004.
Da vigilância do senador por Illinois não escaparam sequer os quiosques que vendem souvenirs nas dependências do edifício do Senado americano. Muitos dessas lembranças simplesmente tiveram de ser retiradas das prateleiras.


Obama e o lixo tóxico
Em dezembro de 2005, o Chicago Tribune publicou uma série de reportagens denunciando a contaminação de mercúrio nos peixes consumidos pelos norte-americanos, registrando que pelo menos 630 mil crianças foram vitimadas por retardamento mental resultante da ingestão desse produto tóxico. Obama não só repercutiu as denúncias do jornal no Senado, como tomou a iniciativa de apresentar dois projetos de lei dispondo sobre o controle da utilização do mercúrio no setor industrial, assim como de sua presença em oceanos, lagos e rios, como forma de proteger os peixes e mariscos. Na mesma época, condenou a intenção do Departamento de Energia de por a venda grandes quantidades de mercúrio.


Obama e o aquecimento global
Em abril de 2006, em discurso na Associação de Imprensa de Chicago, Obama foi mais explícito em suas opiniões sobre meio ambiente. Ele iniciou sua exposição referindo-se à cidadezinha de Shishmaref, no Alaska, cujos habitantes foram forçados a abandoná-la porque as geleiras das vizinhanças começaram a derreter em razão do aquecimento global, e as ruas foram inundadas. “A história da vila que desapareceu não é um fato isolado”, disse Obama, lembrando que esse exemplo pode multiplicar-se em vários pontos do globo.
Ele afirmou, no discurso, que há uma discussão no mundo sobre até que ponto o aquecimento global é resultado da ação do homem, mas o que ninguém duvida é que, a não ser que seja contida a dependência dos combustíveis fósseis, “nós estaremos condenando as futuras gerações a uma catástrofe global.”
Referiu-se ao aumento da temperatura dos oceanos como causa direto da violência cada vez maior dos furacões, lembrando que, nos últimos anos, dobrou o número de furacões com escala cinco, a maior de todas.


Obama e o degelo
Em 1996 – disse Obama – o derretimento de gelo na Groenlândia jogou no oceano 22 milhas cúbicas  (quase 8km) de água, representando o consumo de água da cidade de Los Angeles durante 54 anos.
Ele referiu-se a um discurso feito em setembro de 2005, quando condenou a crescente dependência da indústria americana dos combustíveis fósseis, e como isso pode causar a perda de milhões de empregos, além de estimular a dependência americana do fornecimento de óleo a partir de “regimes perigosos e instáveis.”


Obama e o Protocolo de Kioto
Obama fez, no pronunciamento, uma crítica direta à administração Bush, por não ter tido interesse em aderir ao Protocolo de Kioto e exigir providências da China e da Índia sem, contudo, dar um passo importante em direção ao fim do aquecimento global. Criticou também o silêncio da administração Bush à denúncia de cientistas da NASA sobre a velocidade das mudanças climáticas e os danos que elas podem causar ao meio ambiente em todo o mundo.
A necessidade de redução das emissões de carbono foi outra preocupação mencionada em seu discurso por Barak Obama. Para ele, qualquer estratégia nesse sentido deve considerar a urgência de reduzir o consumo de carvão, um dos motores da indústria e da energia em vários países da Europa e mesmo nos EUA.
Um dos caminhos – disse Obama – é buscar novas tecnologias no sentido de reduzir os efeitos poluentes da extração e do uso do carvão, lembrando que muitos países, inclusive China e Índia, utilizam tecnologias obsoletas.


Obama e a indústria automobilística
Quanto à cooperação da indústria automobilística no sentido de utilizar tecnologias limpas nos automóveis, Obama elogiou a montadora japonesa Toyota, que está vendendo por ano, no mercado americano, mais de 100 mil unidades do carro popular Prius, de baixo consumo de combustível. “Não há dúvida – disse Obama – que o futuro da indústria automobilística passa pela produção de carros que apresentam baixa emissão de poluentes.”
O presidente eleito dos EUA afirmou que cada carro que a General Motors produz, com larga emissão de poluentes, representa um custo de US$ 1.500 aos serviços de saúde, para atender às vítimas da poluição.  Esses US$ 1.500 – disse – representam menos do que é gasto com aço para produzir o mesmo automóvel. Finalmente, Obama defendeu com veemência a mistura de álcool na gasolina, como forma de reduzir a emissão de poluentes. Para ele, a utilização de etanol produzido a partir de celulose pode reduzir as emissões poluentes em até 75%.  Já há milhões de carros híbridos rodando nas estradas americanas, “inclusive o meu, aqui em Illinois”, disse Obama.


Rigor nos que agride à natureza


 


 


 


Uma parceria tecnológica entre os EUA e o Brasil é importante para o avanço global do desenvolvimento de biocombustíveis, como forma de reduzir a emissão de poluentes.


 


Obama: a vila de Shishmaref, no Alaska, desapareceu por causa das inundações do degelo. O exemplo pode multiplicar-se.


 


 


BARACK HUSSEIN OBAMA


A realização do sonho de Luther King


A eleição do afro-americano Barack Hussein Obama para a presidência dos EUA realiza o sonho de Luther King Jr: “Tenho um sonho de que um dia as pessoas serão julgadas não pela cor de sua pele, mas pela força de seu caráter”. Tudo parece indicar que se iniciou, na política, um tempo pós-racista, pois tanto os eleitores quanto o candidato não repararam a cor da pele, mas a pessoa e suas idéias.
Esta eleição sinaliza também o fim da era dos fundamentalismos. Tanto de mercado, iniciado por  Margareth Thatcher e Reagan, responsáveis pela atual crise econômico-financeira, como o de político-religioso que alimentou a concepção imperial e belicosa da política externa dos EUA.
Obama deixou claro que a real força dos EUA não reside nas armas, mas nestes valores morais e no potencial de esperança que vige no povo. A eleição de Obama parece possuir algo de providencial, como se fora um gesto da compaixão divina para com a humanidade.


 Leonardo Boff – Teólogo


Energia renovável


Obama e o Brasil
Amazônia é recurso global


O então candidato presidencial Barak Obama, incluiu no capítulo de meio ambiente da sua plataforma de governo, uma longa referência ao Brasil, manifestando a preocupação, vigente em círculos oficiais dos Estados Unidos e da Europa, quanto à possível derrubada da floresta amazônica para a plantação de cana destinada à produção de álcool.


Seguindo a opinião de círculos oficiais americanos e europeus, Obama considerou a Amazônia um “recurso global”, eufemismo atrás do qual se esconde o desejo de impor uma regulação internacional para a região, como forma de conter a depredação.
“O Brasil – diz o documento – é um exemplo do grande potencial das energias renováveis na América Latina, além dos riscos que devem ser evitados. O Brasil é o décimo consumidor mundial de energia. O poder hidrelétrico tem sido a fonte de energia do Brasil e cobre hoje 83% da demanda por eletricidade. O Brasil também é um dos maiores produtores de etanol do mundo. O etanol do Brasil vem da cana-de-açúcar, que prospera no clima tropical do país. Nos anos 70, os ex-ditadores militares do Brasil decidiram subsidiar a produção de etanol e garantir a distribuição. Mais da metade de todos os automóveis do país são flex, significando que podem usar etanol ou gasolina. Toda gasolina do Brasil contém etanol.”
Para Obama, “a liderança do Brasil na área de renováveis não veio sem preocupações. A região da Amazônia, um importante recurso global na batalha contra o aquecimento do planeta, cobre quase 60% do Brasil. Perdeu 20% da floresta – 1,6 milhão de milhas quadradas – para o desenvolvimento, a exploração da madeira e a agricultura.”
Referindo-se ao álcool, diz o documento de Obama que “enquanto o cultivo da cana não causou desflorestamento maciço da mesma forma que a soja, ambientalistas se preocupam que a crescente demanda poderia empurrar os produtores de cana para a Amazônia. Os produtores domésticos de etanol nos EUA se preocupam com razão com a competição do Brasil, que é o maior exportador de etanol do mundo.”
“Os Estados Unidos, no ano passado – diz – se engajaram na Parceria de Biocombustíveis com o Brasil para ajudar os dois países a produzir biocombustíveis e procurar mercados globais para esses produtos. Esse acordo envolve parceria tecnológica entre Estados Unidos e Brasil, o avanço global do desenvolvimento de biocombustíveis e ajuda a terceiros países para desenvolver suas próprias indústrias domésticas de biocombustíveis.” (ML)