SINFÔNICA DO BREJO

22 de novembro de 2008

Os sapos não são feios, nós é que não temos os olhos de rãs para apreciá-los


Alguém já disse que na verdade, os sapos não são feios, nós é que não temos os olhos de rãs para apreciá-los. Eles são amigos dos homens, controlam a população de insetos e de outros invertebrados que causam prejuízos e transmitem doenças.  
Quando minha residência ainda não era ladeada pelo progresso do bairro, sempre havia sapos no quintal, vindos da rua ou de outro lugar qualquer. Faziam uma faxina no local e as verduras não eram atacadas por insetos tão facilmente. Agora, para vê-los e ouvi-los, tenho que me deslocar mais distantemente, sondando matas e terrenos baldios.
Os dias chuvosos além de proporcionarem uma melancolia, permitem a possibilidade de usufruirmos do som musical destes anuros que possuem uma estrutura vocal complexa, cujo coaxar ecoa por todos os lugares. Eles aguçam a imaginação de quem os escuta.
Monótono ou vibrante, com timbre do bater de uma bigorna ou parecido com miado, mugido ou gargalhada, a sonoridade surge das águas temporárias acumuladas da chuva e se manifesta por todos os lugares.
Quando coaxam juntos, formam uma verdadeira orquestra, cuja intensidade musical chega a surpreender e envolver sentimentalmente.
Mesmo sabendo que o objetivo do coaxar é uma atração para o acasalamento e que somente os machos coaxam e que as fêmeas são mudas, o repertório desperta atenção. Em muitas ocasiões, tais partituras são divulgadas e sonorizadas em gravações populares, bem como os seus protagonistas, mencionados em lendas e servindo de parâmetro para diversas comparações.
È gostoso ouvir o coaxar que vem lá do brejo ou da mata, numa porção de água estagnada sem rumo algum. É gratificante ouvir o coaxar que vem da beleza sonora da importância da vida naqueles lugares incomuns.


Quando coaxam juntos formam uma verdadeira orquestra, cuja intensidade musical chega a surpreender e envolver sentimentalmente.