Folha do Meio Ambiente

Na abertura do Fórum os organizadores ficaram indignados com a forma como jovens defensores do Cerrado fizeram ao apresentar a faixa “Brasília não precisa do Noroeste”. Fórum significa espaço aberto ao debate. Aqueles que defendem a implantação de novos bairros em uma cidade planejada e tombada deveriam abrir espaço para os que defendem a manutenção do plano original. A ausência de espaço para debates e perguntas chegou a ser questionada pelo Secretário da Cultura do Distrito Federal Silvestre Gorgulho.
Tão ilustres conferencistas, embora vindos de outras partes do planeta, elogiaram a política urbana de Curitiba e o adensamento com prédios de grande altura. Tese essa contrária aos interesses dos defensores de Brasília. Gostaríamos de destacar a participação de Claire Bonham-Carter que, referindo-se à sustentabilidade e ao aquecimento global, argumentou que a cidade de Atlanta precisa se desconstruir: “Atlanta tem ilhas subterrâneas para abastecimento de água. Muito mais simples e mais barato seria retirar as tubulações tão caras e plantar árvores. Trazer a água de volta à superfície. Atlanta precisa voltar a ser uma cidade com floresta, com água de superfície, como ela era”.
Enquanto Atlanta e outras cidades descobrem e buscam restaurar erros cometidos contra o meio ambiente, Brasília pretende sufocar as nascentes do Catetinho com um adensamento propício à especulação imobiliária que a vizinhança rejeita.
Qual seria enfim o interesse maior deste megaevento? Que outro objetivo senão o de promover a megalópole que estará instalada se o clamor público for silenciado? 
No último dia, ao encerrar a primeira parte da manhã, o palestrante Paulo Nogueira Neto captava a atenção de todos quando as luzes do auditório foram, por duas vezes, apagadas. Era um sinal para o término dos trabalhos. Paulo Nogueira, que estava ao lado da senadora Marina Silva, continuou o sua sempre brilhante palestra. A platéia, por sua vez, continuava atenta. E como se não bastasse tamanha falta de respeito, o cerimonial ao invés de levar um bilhetinho, foi ao microfone e solicitou a Paulo Nogueira para encerrar.  Preocupado com a programação na parte da tarde, o coordenador do evento tomou a palavra dando por encerrado o Fórum, embora constasse do programa que às 14 horas haveria prosseguimento do evento.
Saímos todos. As portas entre o auditório e o saguão foram cerradas. Os que pretendiam ficar no recinto foram convidados a se retirar, com o argumento de que esta parte não mais seria do Fórum e sim evento para as crianças da rede pública de ensino.

No momento em que nos retirávamos, surgiram ônibus com crianças, que recebiam e vestiam a camiseta com a logo da ECO2008. As professoras entusiasmadas levavam redação feita pelas crianças com tema Meio Ambiente, para serem apresentadas no evento. Esta parte foi noticiada pela imprensa local talvez por ter tido a participação de uma estrela global de primeira grandeza e presidente-fundadora de uma Ong.
Embora os trabalhos apresentados fossem de real interesse, teríamos tido melhor aproveitamento se evento se processasse da maneira mais democrática com debates abertos.  Uma Conferência Mundial voltada para as políticas públicas ambientais busca debater os problemas e soluções . Precvisa, também, observar, por exemplo, que Brasília foi seriamente ameaçada de perder o título de Patrimônio Cultural da Humanidade. Motivo: as agressões sofridas pelo projeto original.