Gerenciamento do lixo

O exemplo que vem da Alemanha

15 de dezembro de 2008

Experiência inédita: cada cidadão leva seu lixo até à central de coleta seletiva que tem 38 diferentes caixas coletoras

Cada cidadão leva seu próprio lixo para o centro de coleta seletiva


 


 


 São separados 5 tipos de vidros, 7 diferentes metais, 5 tipos de sobras de informática (o tal lixo eletrônico – fios, monitores, teclados, CPUs e acessórios), 4 tipos de papéis, eletrodomésticos, madeira, material orgânico, tecidos, plásticos, materiais perigosos – enfim cada coisa em seu lugar, inclusive rolhas de garrafas! Segundo Hamid Shakoor, gerente da AVEA, o fato das pessoas saberem diferenciar os materiais é resultado de um longo e permanente processo de educação e informação que levou mais de 10 anos.


Cota para coleta e o pagamento extra
E como se explica o fato de mais de 90% dos 165.000 moradores da cidade ter o hábito de levar o lixo voluntariamente para o Centro de Coleta Seletiva? Porque isto significa economia no bolso, explica o engenheiro Shakoor. Uma família de quatro pessoas tem direito ao recolhimento de até 60 litros de lixo seco por semana, ao pagar a quantia de 294 Euros por ano, o que seria a nossa taxa de lixo. Se quiser coleta separada, terá que pagar por isto. Assim, por exemplo, se alguém quiser se desfazer de uma poltrona velha, um guarda-chuva quebrado, eletrônicos ou latas de tinta, terá que usar sua quota de coleta, esperar uma coleta especial semestral, ou pagar em separado se o volume extrapolar. Além disso, como é proibido simplesmente jogar o lixo nas ruas ou em terrenos baldios como se costuma ver por aqui, o cidadão tem como opção pagar pela coleta extra ou levar o material para a coleta seletiva. Esta ação acaba se tornando mais prática, mais correta e mais barata.
Com apenas 450 empregados, a AVEA trata anualmente 1,3 milhões de toneladas de lixo urbano e reinveste todo o lucro na melhoria dos serviços e nos programas de educação e informação.


Intercâmbio de experiências


O espanto ao ver que esta atitude civilizada está arraigada normalmente na vida das pessoas e influencia a vida da cidade, se deve à nossa falta de cultura sobre o assunto, como lembrou Lívia Maria dos Santos, estudante da Escola de Ciências Econômicas de Apucarana, Paraná, um dos 4 jovens Embaixadores Ambientais brasileiros que visitava o local:  “Nós já consideramos uma vitória quando o lixo é separado em quatro latões – papel, vidro, plástico e alumínio – mas ver que todos separam, voluntariamente, o lixo de maneira tão especializada, é impressionante”.
Além de Lívia, os estudantes Érico Rial Pinto da Rocha, da Faculdade de Ciências Sociais da UFRJ, Carolina Arruda Buarque de Gusmão, estudante de Engenharia de Segurança do Trabalho da Universidade de Recife-PE, e Rachel Costa, aluna da Faculdade de Engenharia Ambiental da Escola de São Carlos, da USP, estavam visitando um dos mais avançados programas de coleta seletiva do mundo, como parte do prêmio que receberam como representantes brasileiros do Programa Jovens Embaixadores Ambientais 2008. Este é um programa de incentivo ao protagonismo juvenil ambiental idealizado pela Bayer e PNUMA-Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente.


Antes da visita técnica, o  gerente da AVEA, Hamid Shakoor, apresenta o processo de coleta seletiva aos estudantes visitantes