Editorial

Lucro ou solidariedade?

14 de fevereiro de 2009

A internet é um dos instrumentos mais democrático que existe. Os blogues, sites e e_mails aceitam tudo. A consulta é livre e ampla. Os políticos e os artistas de sucesso usam a internet com maestria. Está aí Barack Obama que com Chris Hughes, um jovem de apenas 23 anos, fez e aconteceu. E navegando pelos… Ver artigo

A internet é um dos instrumentos mais democrático que existe. Os blogues, sites e e_mails aceitam tudo. A consulta é livre e ampla. Os políticos e os artistas de sucesso usam a internet com maestria. Está aí Barack Obama que com Chris Hughes, um jovem de apenas 23 anos, fez e aconteceu. E navegando pelos mares da internet, em fração de segundo chega-se a Portugal  para visitar  um blogue sobre os movimentos sociais, ecologia e contracultura, chamado Pimenta Negra. Até agora foi a coisa mais interessante que eu li sobre a crise econômica e financeira que assola o mundo.
Aliás, em tempo de Fórum Social Mundial vale perguntar: o que é mesmo uma crise capitalista? E o Pimenta Negra, ironicamente, mostra alguns exemplos que o mundo não entende como crise econômica e financeira:
Ter 950 milhões de famintos em todo o mundo não é uma crise capitalista.
Ter 4,75 bilhões de pobres no mundo não é uma crise capitalista.
Ter 1 bilhão de desempregados espalhados por todo o mundo não é uma crise capitalista.
Ter mais de 50% da população mundial no subemprego ou que trabalhe em condições precárias não é uma crise capitalista.
Ter 45% da população mundial sem acesso direto à água potável não é uma crise capitalista.
Ter 3 bilhões de pessoas sem saneamento básico não é uma crise capitalista.
Ter 12 milhões de pessoas em trabalho escravo nunca foi crise capitalista.
Ter 113 milhões de crianças sem acesso à educação e 875 milhões de adultos analfabetos não é uma crise capitalista.
Morrer 12 milhões de crianças todos os anos por doenças que são perfeitamente curáveis não é uma crise capitalista.
Morrer 13 milhões de pessoas a cada ano por causa da deterioração dos ambientes naturais e por mudanças climáticas não é uma crise capitalista.
Haver 16.306 espécies em vias de extinção, das quais 25% são mamíferos não é uma crise capitalista. Tudo isto, como se sabe, já havia antes, e não gerou nenhuma crise capitalista.
E poderia continuar, perguntando:
Ajuda ou atrapalha a crise, o crime organizado sustentar um comércio de drogas na faixa de 322 bilhões de dólares/ano? Ou um comércio de armas de pequeno calibre que gira em torno de 5 bilhões de dólares? Ou, ainda, sustentar um comércio de tráfico de animais silvestres de 1 bilhão de dólares?
Para os economistas a crise veio por causa dos derivativos. Sim, e o que seria então uma crise capitalista?
A crise só chegou quando os lucros esperados deixaram de ser alcançados. Aí, sim, todos os governos jogam rios de dinheiro nos bancos e nas empresas para salvá-las. Antes não havia dinheiro para a pobreza, para acabar com a fome e despoluir o planeta.
E, agora, com a crise, de onde vem o dinheiro? Vem justamente dos impostos pagos pelos cidadãos. Vem dos recursos que o Estado arrecada para promover políticas públicas a favor da educação, da saúde, do meio ambiente e contra a fome e o desemprego.







 Minha Grande Ternura     (Manuel Bandeira)


Minha grande ternura
Pelos passarinhos mortos,
Pelas pequeninas aranhas.


Minha grande ternura
Pelas mulheres que foram meninas bonitas
E ficaram mulheres feias;
Pelas mulheres que foram desejáveis
E deixaram de o ser;
Pelas mulheres que me amaram
E que eu não pude amar.


Minha grande ternura
Pelos poemas que
Não consegui realizar.


Minha grande ternura
Pelas amadas que
Envelheceram sem maldade.


Minha grande ternura
Pelas gotas de orvalho que
São o único enfeite
De um túmulo.


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Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho nasceu em Recife, em 19/04/1886 e faleceu no Rio, em 13/10/1968.
Manuel Bandeira é mais conhecido como poeta, mas foi importante crítico literário e de arte, professor de literatura e tradutor. Como poeta, Bandeira é um dos poetas brasileiros mais admirados, inspirando, até hoje, novos escritores e compositores.
De estilo sóbrio, simples e direto, Manuel Bandeira foi o mais lírico dos poetas. Aborda temáticas cotidianas e universais, às vezes com uma abordagem de “poema-piada”, lidando com formas e inspiração que a tradição acadêmica considera vulgares.
Mesmo assim, conhecedor da Literatura, utilizou-se, em temas cotidianos, de formas colhidas nas tradições clássicas e medievais.


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