Fórum Social Mundial em Belém
14 de fevereiro de 2009Encontro reúne 133 mil participantes de 142 países
A participação das comunidades indígenas também foi lembrada pela representante do movimento negro, Nilma Bentes, ao afirmar que “o Fórum abriu possibilidade para que o movimento negro estreitasse relações com o movimento indígena”, com a preocupação de destacar a discussão em torno das questões raciais. Para dar conseqüência às ações desenvolvidas durante o FSM de Belém, ficou decidida a realização, ainda este ano, do 5º Fórum Social Mundial Pan-Amazônico, em local a ser ainda definido.
AMAZÔNIA
No decorrer do evento, organizações brasileiras e francesas se reuniram para discutir os impactos ambientais e sociais do desmatamento, da pecuarização, da concentração fundiária e da ocupação da Amazônia a partir de um modelo de exploração predatório.
Os participantes do seminário “Agricultura, Alimentação, Agrocombustíveis e Mudanças Climáticas” discutiram sobre como promover e articular políticas públicas em favor da agricultura familiar, pela proteção da floresta e contra as mudanças climáticas.
Segundo Tatiana Gouveia, integrante da da Associação Brasileira de ONGs (ABONG), o debate mostrou os limites estruturais do modelo de desenvolvimento da Amazônia “e o quanto precisamos repensar as políticas públicas no País.”
Além disso, conforme Tatiana, o debate demonstrou que “é preciso acompanhar e influir nas relações comerciais internacionais buscando fortalecer as alianças com os países do Norte e reunir um conjunto de sujeitos políticos capazes de enfrentar este modelo que nega a igualdade e a justiça.”
Na opinião de Philipe Sablayrolles, do “Groupe de Recherche et d’Échanges Technologiques” da França, a concentração fundiária, a pecuarização e o desmatamento, que têm relação estreita com a migração dos pequenos agricultores, “são expoentes do modelo de exploração predatória que vem se expandindo na região Amazônica”. Segundo Philipe, nos últimos anos, a produção bovina na região Amazônica e a parcela de participação da região na exportação de carne bovina do Brasil aumentaram substancialmente. Ele acredita que, atualmente, a Amazônia é responsável por pelo menos 15% da exportação de carne bovina do Brasil.
O FSM é um espaço aberto de encontro plural, diversificado, não-governamental e não-partidário, que estimula de forma descentralizada o debate, a reflexão, a formulação de propostas, a troca de experiências e a articulação entre organizações e movimentos engajados.