Folha do Meio Ambiente

José Sacido Barcia Neto (Zé Neto), prefeito de São Lourenço

“Nos últimos 30 anos, as administrações públicas dos municípios que formam o Circuito das Águas, no sul de Minas, assistiram, sem reagir, à migração dos turistas para roteiros novos e mais atraentes. Racionalizar a administração, dar transparência às decisões e buscar uma nova identidade visual para as cidades, deve ser a tarefa número um das novas administrações”.

A cidade precisava uma “freada de arrumação”. O prefeito que assumiu no início do ano, José Sacido Barcia Neto, 51, conhecido como Zé Neto (PSDB), decidiu dar um basta na situação. Apoiado por empresários, moradores, turistas e políticos iniciou uma campanha para resgatar os bons tempos da estância hidromineral e transformar São Lourenço numa cidade sustentável.
O crescimento explodiu nos últimos 30 anos. São Lourenço passou por grandes mudanças e, de pequena estância hidromineral, só frequentada por turistas, transformou-se em uma das mais promissoras cidades do sul de Minas.
 Hoje, é um centro de referência em saúde, comércio e serviços para os cerca de 30 municípios que formam a região conhecida como Alto do Rio Verde. Essas mudanças atraíram novos moradores, interferiram no perfil turístico da cidade, na urbanização e em toda sua infraestrutura.
O número de visitantes do Parque das Águas, maior atração turística local e o crescimento demográfico da cidade são os principais indicadores dessa transformação. Nos últimos 27 anos, o número de visitantes no parque vem caindo vertiginosamente.
Em 1980, foram 850 mil visitantes, enquanto em 2007 o número não ultrapassou a casa dos 270 mil.  “Até o início da década de 80, tínhamos uma proporção de 36 turistas/ano para cada morador. Isto significa que mais turistas beneficiavam com recursos, empregos e oportunidades cada cidadão sanlourenciano. Hoje temos uma proporção de cinco turistas/ano para cada morador”, informa o prefeito da cidade, Zé Neto.
Enquanto isso, no mesmo período, a população da cidade praticamente dobrou, passando de 24 mil habitantes para cerca de 45 mil.  O município é um dos menores do país, com 57 Km² de extensão territorial, mas possui uma frota  de 15 mil veículos, isso sem contar os emplacados em outras cidades e os dos turistas. Isso dá uma média de  um veículo para cada três  moradores. Nos feriados prolongados, é bom lembrar, a população mais que dobra.
Para alcançar a sustentabilidade, diante desse quadro, a nova administração terá um caminho difícil. Mas os primeiros passos estão traçados. A exemplo do que fizeram José Roberto Arruda, em Brasília, Gilberto Kassab, em São Paulo e Eduardo Paes, no Rio, o prefeito de São Lourenço está começando pela organização do espaço público.
A idéia é reduzir ao mínimo o número de ambulantes, qualificando-os e padronizando-os; retirar os outdoors, as publicidades e as mercadorias expostas nas calçadas, além de intensificar a fiscalização nos bares e restaurantes que têm mesas nas calçadas. “Isso será feito ao longo dos quatro anos de governo e sempre discutindo com a população alternativas e sugestões”, diz Zé Neto.

São Lourenço cidade polo

São Lourenço é uma estância hidromineral situada aos pés da Serra da Mantiqueira, às margens do Rio Verde. Está a 275km do Rio de Janeiro, 297km de S. Paulo e 398km de Belo Horizonte. Possui uma riqueza mineral única, suas fontes de água com reconhecida propriedade terapêutica. A cidade tem 63 hotéis e mais de 30 pousadas

Segundo técnicos da prefeitura, o lixão da cidade recebe quase 40 toneladas/dia. E tem que ser fechado, porque está com a capacidade esgotada e ameaça vazar para o rio Verde, que abastece o município e vários outros até desaguar no rio Grande. Para isso está sendo negociado um consórcio intermunicipal.
O objetivo é implantar um aterro sanitário controlado. Como cidade pólo da microrregião, o prefeito Zé Neto pretende estender o consórcio do lixo para outras iniciativas integradas a fim de preservar a região com obras de saneamento. Até aí está mais ou menos fácil. A briga vai começar quando as medidas atingirem os loteamentos que continuam a ocupar o topo das sete colinas que cercavam a, então, cidade contida no vale. “O turista quer ver paisagens bonitas e as nossas estão ameaçadas por construções desordenadas”, diz Zé Neto.
Para os turistas, a administração pública reservou uma enorme área no entorno do Parque das Águas. Nessa área concentram-se bares, restaurantes, lojas de artesanato, laticínios, malharias, charretes, cavalos, bodinhos e outras atrações, como o Trem das Águas. A proposta do prefeito é transformar todos os serviços nessa região em modelo de atendimento, limpeza, segurança, arquitetura….
“A partir desse entorno, vamos expandindo o modelo dos serviços para as ruas vizinhas até atingir toda a cidade”, explica o prefeito.
A eficiência dessas ações, porém, passa pelo “azeitamento” da máquina administrativa. Zé Neto já anunciou um corte de 30% no orçamento, para equilibrar receita e despesa, e optou por remanejar funcionários de carreira para cargos comissionados. Com uma equipe enxuta e parceira, o administrador espera difundir os conceitos de sustentabilidade entre moradores e turistas. Com essas mudanças o governo municipal espera recuperar o status de cidade turística, atrair mais visitantes, gerar empregos, movimentar a economia e garantir qualidade de vida para os moradores.