Bairro Ecológico

Brasília dá início a projeto

22 de abril de 2009

habitacional ecológico


As exigências feitas pelo Ibama e adotadas pelas construtoras que venceram a licitação para a compra dos lotes do GDF – Terracap, passam por uma série de normas para minimizar o impacto ambiental. A primeira delas é a utilização inteligente da energia elétrica. Os prédios terão um sistema de aquecimento solar para reduzir o uso convencional de energia.
Outra preocupação do governo foi com as redes de captação de água pluvial e esgoto do futuro bairro. A água da chuva terá sistema de coleta para que possa abastecer as lagoas do Parque Burle Marx. O sistema evitará o desperdício de água e a erosão do solo. A água utilizada pelos moradores, que antes iria direto para o esgoto, também terá um destino diferente, ela será reciclada e utilizada para a irrigação da área verde.
O lixo também é uma preocupação do novo bairro, que será separado entre orgânico e seco. Uma rede de canos sairá de todos os prédios do Setor Noroeste e levará o lixo, por sucção, para as centrais de tratamento de detritos, localizada fora do bairro, o que exclui a circulação de caminhões de coleta dentro da área, diminuindo a poluição sonora e o tráfego local.


Corredor Verde
Os parques da Água Mineral e o Burle Marx serão interligados por um corredor verde, a ser criado com a implantação da Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE) Cruls. O nome é em homenagem ao engenheiro e astrônomo belga Luiz Cruls que coordenou a missão que realizou o levantamento topográfico do quadrilátero do Distrito Federal no século 19. Trata-se de uma área com quase 61 hectares e que será recuperada com o plantio de vegetação nativa. Aliás, o governo prevê construir no Parque um Memorial a Luis Cruls.


Brasília Revisitada
A implantação do Noroeste, em março, encerrou uma disputa de 20 anos, quando o bairro foi previsto pelo urbanista Lúcio Costa no projeto “Brasília Revisitada”, criado para ordenar a expansão urbana da capital e das cidades do Distrito Federal. Por isto, o novo setor obedece o tombamento da capital como Patrimônio da Humanidade e ao modelo das quadras residenciais das Asas Sul e Norte da cidade.
O Noroeste terá 44 superquadras, sendo 20 residenciais e 24 entrequadras comerciais, cada uma com 418 edificações, das quais 220 para moradia e 198 para comércio e serviços. Na área residencial estão previstos 12 mil apartamentos.
O presidente da Terracap, Antônio Gomes, um entusiasta do projeto, diz que o GDF “está criando muito mais do que um bairro moderno, está construindo um setor ecologicamente correto, que seguirá os padrões do tombamento de Brasília”. E conclui: “trata-se de um tesouro arquitetônico que vai enriquecer a qualidade de vida da atual e das futuras gerações”.


Trânsito
A grande preocupação do governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, é a de não repetir no Noroeste alguns problemas comuns em Brasília, como a falta de estacionamentos, o excesso de trânsito e o barulho nas quadras residenciais. “Vamos resgatar no Noroeste o sonho de Oscar Niemayer – o arquiteto de Brasília”, diz o governador.
Uma das inovações é a obrigatoriedade de estacionamentos subterrâneos nas quadras comerciais. As lojas serão separadas dos bares e restaurantes, que serão construídas longe dos prédios residenciais para evitar barulho.


O protesto dos índios


Em 2007, quando foi apresentada a primeira versão do projeto do Setor Noroeste, um grupo de 27 índios reivindicou a posse de 12 hectares da área. Os índios, vindos do Nordeste, alegavam que estavam acampados no local há mais de 20 anos e, para deixar a área, exigiram R$ 75 milhões. O GDF tentou negociar com o grupo e ofereceu outras áreas para que morassem, mas o grupo recusou. Então, a Terracap recorreu à Justiça. No final de 2008, a juíza da Vara de Registro Público do DF, proferiu sentença considerando os índios como invasores de terra pública. Os índios terão de sair do local. A Funai vai intervir no processo de retirada dos índios a pedido do GDF, para que a ação seja a menos traumática possível em respeito as verdadeiras tradições indígenas.


SUMMARY


Brasília begins ecological housing project 


At 49 years of age, the Brazilian capital, Brasília, will adhere to the international movement and begin construction of housing and business projects that respect the environment.


The Northeast Sector (Setor Noroeste) will be the first ecological district in Brasília. Located near the environmental reserves that comprise the Cerrado biome, such as the Parque da Água Mineral, the new housing sector in the capital of Brazil is coming off the drawing board and since January is the first green neighborhood featuring ecologically correct constructions in the Federal District. The construction has been estimated to be concluded in six years.  


The demands made by Ibama and adopted by construction companies that won bidding to purchase lots from the Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap) age undergoing a series of regulations to minimize environmental impacts. The first of them includes intelligent use of electrical energy. The buildings will have solar heating systems to reduce use of conventional power. 
Another government concern was the pluvial water capture networks and sewage system of the future development. The rain water will be collected to supply the lakes of the Parque Burle Marx. The system will prevent water waste and soil erosion. The water used by the residents, which previously was routed directly to the sewage system, will also have a different final destination; it will be recycled and used to irrigate green areas.
Garbage is also an issue for the new neighborhood, which will be separated into organic and dry waste. A network of pipes will extend from the buildings in the Northeast Sector and will carry waste by suction to the waste treatment centers located outside the neighborhood, which will eliminate the need for garbage trucks to circulate within the area, thereby decreasing noise pollution and local traffic.  The Água Mineral and Burle Marx parks will be connected by a green corridor, to be created and implemented in conjunction with the “Área de Relevante Interesse Ecológico Cruls”.
The name is in honor of the Belgian engineer and astronomer Luiz Cruls who coordinated the mission that conducted the topographical survey of Federal District quadrilateral area in 1892. This area comprises 61 hectares which will be recovered by planting native vegetation and all the government plans to build a Memorial to Luis Cruls. Implementation of the Northeast district in March put a halt to the 20 year dispute when the neighborhood was included by the urbanist, Lúcio Costa in the “Brasília Revisited” project, created to structure urban expansion of the capital and the cities located in the Federal District. This is the reason why the new sector is in compliance with the preservation of the capital as Cultural Heritage for Humanity and the model residential blocks of the Southern and Northern Wings of the city.  


 


Retrospectiva


Vila PAN-Rio 2007


O Brasil experimentou um conceito de moradia ecológica recentemente, nos Jogos Pan-americanos Rio 2007. Os edifícios da Vila Pan-americana, que abrigaram os atletas e integrantes das delegações durante os jogos, foram construídos em um terreno de 420 mil m² na Barra da Tijuca, de acordo com padrões ecológicos e de conforto estabelecidos pelo Comitê Olímpico Internacional (COI). Antes mesmo da abertura dos jogos, todos os apartamentos já estavam vendidos.


 As construções ofereceram o máximo de conforto e comodidade aos esportistas, que tiveram à disposição piscina, ciclovia, pista para cooper e corrida, quadras poliesportivas, sauna, fitness center e salas com computadores para acesso à internet, além de serviços permanentes de assistência médica.  A Vila Pan-Americana tem 17 edifícios, totalizando 1.480 apartamentos de um a quatro quartos, e possui uma estação de tratamento de esgoto, equipamentos para captação de energia solar, usina para reaproveitamento de águas servidas e sistema de coleta seletiva de lixo. (MT)


Exemplo da Suécia


Um bairro de Estocolmo, capital da Suécia, é 100% ecológico. Hammarby foi criado para ser a Vila Olímpica das Olimpíadas de 2004- que acabou acontecendo na Grécia. Mas os suecos conquistaram a medalha de ouro da arquitetura politicamente correta.


 Em Hammarby os telhados são cobertos de grama para filtrar e possibilitar o aproveitamento da água da chuva, guardada no subsolo de cada prédio. Ainda no telhado, imensos painéis absorvem o calor do sol e o transformam em energia elétrica. 
A coleta do lixo é resolvida de forma inteligente e econômica. Tudo que as pessoas colocam na lixeira é sugado por um sistema subterrâneo de tubos e cai numa central de reciclagem. O lucro do que é reaproveitável fica com a associação dos moradores. O lixo orgânico vira gás de cozinha para os fogões de todas as casas e para o motor de um barco que leva os moradores de Hammarby para o centro da cidade, por um lago.
 O bairro é uma fonte de inspiração para ecologistas. Todo o ano, milhares de turistas de cerca de 500 cidades em todo o mundo viajam para a Suécia para conhecer o bairro e buscar soluções criativas para os problemas dos grandes centros urbanos. (MT).


 


Prédios verdes


Não só os bairros, mas também os prédios e condomínios podem ganhar gestões profissionais de sustentabilidade.
O que significa sustentabilidade? Pode-se explicar como ações equilibradas e harmoniosas que trazem resultados econômicos, sociais e ambientais que beneficiam os seres vivos, a Terra e o universo. A gestão sustentável é o que se pede dos governos, dos empresários e dos consumidores com o objetivo de economizar energia, minimizar o uso da água, aproveitar a água da chuva, aumentar a ventilação nas áreas de circulação, promover a coleta seletiva do lixo e reciclar tudo o que se puder.


Segundo o professor Volker Hartkopf, titular do curso de arquitetura da Universidade Carnegie Mellon, nos Estados Unidos, ao aumentar a ventilação nas áreas onde as pessoas circulam, a produtividade pode crescer até 15%.  Nas escolas, a iluminação natural tem capacidade de aumentar em cerca de 30% a capacidade de aprendizado dos alunos.Alerta o professor Hartkopf que os prédios verdes devem gerar mais energia do que consomem. Isso representa uma enorme economia de dinheiro. Mas há um ponto mais importante. Nos EUA, os prédios convencionais consomem 70% da energia disponível.  Nas grandes cidades da China, a necessidade adicional de energia para manter ligados os aparelhos de ar-condicionado exige que uma usina seja construída por semana. Isso não é sustentável. Explica o professor que ainda não se adotou a norma de se construir prédios ecologicamente corretos porque eles são mais caros. Um custo que logo é amortizado. Mas, aos poucos, as empresas estão percebendo que o investimento compensa a médio e longo prazo, em termos de redução de custos e ganhos de produtividade dos funcionários.                                     (SG)