SEMANA DOS POVOS INDÍGENAS
22 de abril de 2009SEMANA DOS POVOS INDÍGENAS Quem mesmo descobriu o Brasil? Foi Pedro Álvares Cabral ou foram os índios? Por Marcos Terena, diretor do Memorial dos Povos Indígenas em Brasília Diretor do Memorial dos Povos Indígenas de Brasília e Membro da Cátedra Indígena Internacional. Os Povos Indígenas estão chegando! E chegam de vários lugares. Chegam para compartilhar… Ver artigo
SEMANA DOS POVOS INDÍGENAS
Quem mesmo descobriu o Brasil? Foi Pedro Álvares Cabral ou foram os índios?
Por Marcos Terena, diretor do Memorial dos Povos Indígenas em Brasília Diretor do Memorial dos Povos Indígenas de Brasília e Membro da Cátedra Indígena Internacional.
Os Povos Indígenas estão chegando! E chegam de vários lugares. Chegam para compartilhar com os quase 190 milhões de brancos e negros de diversas origens que formam o Brasil. De um lado, na busca de uma nova consciência sobre valores humanos e ecológicos, e por outro, mostrando que sua diversidade continua gerando polêmica e uma aparente controvérsia, típica de um País multicultural e megadiverso.
Do ponto de vista indígena, a polêmica é o melhor canal para dirimir duvidas, mas para destacar o perfil discriminatório e racista, que ainda perdura nos setores mais conservadores e retrógrados, principalmente das autoridades que decidem o que significa direito, justiça, serviço social.
Um dos pontos mais marcantes da recente análise que recaiu sobre as comunidades indígenas, depois de 500 anos, foi a análise feita por autoridades “responsáveis” pela soberania e segurança nacional sobre a demarcação de terras. Para elas, a demarcação das terras indígenas no Brasil seria o primeiro passo para a internacionalização da Amazônia, principalmente com a recente Declaração Universal dos Direitos Indígenas que o Governo Lula aprovou na ONU. A contradição paira na afirmação do Exército de que quase 70% do seu efetivo em regiões de fronteiras na Amazônia é composta por guerreiros indígenas de diversos povos e conhecedores natos da região. Ou seja, o militar que sai do sul, seja oficial das Agulhas Negras ou graduado, aprende com a cultura indígena o significado de amar a terra e cuidar dos valores tradicionais brasileiros.
Uma outra questão inusitada, é quando o Supremo Tribunal Federal chama para si a questão indígena caracterizando uma inoperância do Executivo, no cumprimento da Lei, e do Legislativo na elaboração de uma Lei adequada aos novos tempos. Sim, o Estatuto do Índio ainda fala de integração e incapacidade relativa do Índio.
Diversos líderes indígenas, freqüentadores de mesas e colóquios nacionais e internacionais, e articuladores políticos analisam com a mesma tranqüilidade toda essa demanda do homem branco em solucionar ou enquadrar 230 povos indígenas brasileiros, numa só política e numa só regra. Esta é uma relação típica entre colonizador e povos oprimidos. A diferença nessa relação está na realidade da existência desses povos e na crescente e consciente afirmação, de que é preciso educar o homem branco para o significado de segurança nacional, soberania e direitos humanos. A Semana dos Povos Indígenas deste ano a ser celebrado em diversos pontos do Brasil, como no Memorial dos Povos Indígenas em Brasília, coloca no circuito a necessidade de mover as primeiras pedras para uma nova relação de respeito mútuo entre brasileiros de todas as origens. Ao debater com professores e a juventude, o ensino da História Indígena nos currículos escolares e o uso das novas tecnologias pelos próprios indígenas, abre-se como um fogo sagrado, a luz de novos caminhos. Como fazer isso, com quem fazer isso e como medir isso. Não se trata apenas de contar uma história indígena, mas contar o papel indígena na História do Brasil.
O Governo do Distrito Federal inova. Pela Secretaria de Cultura e pela Secretaria de Educação, com apoio da Funai, promove esse nível de discussão para a formação de um perfil moderno do cidadão brasileiro.
Nosso sonho no futuro é ver uma professora perguntar:
– Quem descobriu o Brasil?
E, as crianças responderem:
– Foi… foi… ou melhor, foram os índios!
Assim futuros juristas, legisladores ou membros do executivo saberão compreender o valor de ser índio e de ser os primeiros habitantes do nosso País.