Lixo Eletrônico

22 de julho de 2009

SP tem o primeiro centro público de reciclagem de Lixo Eletrônico

Gravidade: o Brasil consome 1,2 bilhão de pilhas e 400 milhões de baterias de celular. E 40% das pilhas comuns vendidas  são falsificadas, contendo teor de metais pesados acima do permitido.


 


Com mais de 50 milhões de computadores e 125 milhões de usuários de celulares no País, a quantidade de lixo eletrônico cresce em decorrência do descarte, estimulado pelo consumo de equipamentos novos cada vez mais modernos. Por esta razão, o Centro de Computação Eletrônica da USP vai implantar um centro público para descarte deste tipo de material. A professora Tereza Cristina Carvalho coordena o projeto. “Atualmente, a vida útil dos celulares é de cerca 1,5 ano e de 4 anos para os computadores. No entanto, falta à maioria das empresas que recebe este tipo de material uma política de reciclagem ecologicamente dequada”, completa.
O projeto foi apresentado em São Paulo e também discutido em redes sociais na internet.


Desenvolvido desde o início de 2008 pelo Centro de Computação Eletrônica (CCE) da USP, o projeto prevê a instalação do Centro de Descarte e Reciclagem (CEDIR), no campus da capital. Na fase inicial, também serão atendidos os centros de Piracicaba, São Carlos e Ribeirão Preto. As unidades de Bauru, Pirassununga e Lorena serão integradas ao programa até o final deste ano, quando o centro será aberto para toda a população. 
A implantação do centro exigirá investimentos de R$ 180 mil, que serão usados para adequação do local e compra de ferramentas, como balanças, compactadora e trituradora.
A estimativa do projeto é atingir a marca mínima de 500 equipamentos eletrônicos por mês.


Reciclagem
No centro de descarte, os equipamentos de informática seguirão dois caminhos após passar pela triagem: serão encaminhados para reciclagem ou destinados a ONGs e projetos sociais – caso possam  ainda ser usados. 
No caso de reuso, os aparelhos deverão devolvidos à USP após três anos de utilização. Já no caso de descarte, os componentes dos equipamentos serão pesados, desmontados, separados, descaracterizados (destruição física dos dados armazenados), compactados, acondicionados e novamente pesados.
Depois serão transportados para empresas parceiras de transformação dos resíduos para o processamento de metais, plásticos, placas, vidros e outros insumos recicláveis. 
Os resíduos das baterias serão triturados e seguirão para tratamento e posterior recuperação de metais ou transformação em óxidos e sais metálicos que irão gerar matéria-prima para as indústrias.

Para saber


É preciso levar em conta, além do tempo de decomposição das peças, que as máquinas têm chumbo e mercúrio, que se forem jogados no lixo comum contaminarão o ambiente. Apenas na USP, há um parque tecnológico com 37 mil computadores, 15 mil impressoras e 4,5 mil equipamentos de rede. A cada ano, pelo menos 15% de todo esse material se torna obsoleto e é descartado – sem destinação correta, acaba indo para aterros e lixões.
No País, há pelo menos 50 milhões de computadores em uso e, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), cerca de 10 milhões de unidades são vendidas ao ano – atualmente, a vida útil de um computador é de quatro anos, em média.
O País consome 1,2 bilhão de pilhas e 400 milhões de baterias de celular. E 40% das pilhas comuns vendidas aqui são falsificadas e contêm teor de metais pesados acima do permitido.
Falta à maioria das empresas que fabrica e que recebe esses materiais assumir a responsabilidade pelo seu descarte”, afirma Sabetai Calderoni, presidente do Instituto Brasil Ambiente e um dos maiores especialistas em reciclagem do País. “A USP está fazendo um serviço público com esse projeto e veja que o custo é baixo, para as empresas é muito barato e mesmo assim elas não fazem”, afirma ele.
De acordo com Calderoni, o Brasil ainda não tem um sistema de coleta e reciclagem sistemática em nenhum ponto da cadeia que envolve as máquinas: indústria, comerciantes e consumidores. Não há nem mesmo uma legislação específica sobre o tema.