ZAE CANA
21 de setembro de 2009o Zoneamento Agroecológico Nacional da Cana-de-açúcar que vai disciplinar a expansão e preservar o ambiente
Foto: Wilson Dias/ABr
O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, discursa na solenidade
de lançamento do zoneamento agroecológico da cana para a
produção de etanol e açúcar
Disputa política: plano para a cana exclui Pantanal e Amazônia
Para o ministro Reinhold Stephanes, da Agricultura, o zoneamento inova ao considerar, em profundidade, aspectos ambientais, econômicos, sociais e de sustentabilidade, aliado a uma decisão de governo e um acordo com os produtores. Esse plano pioneiro responde à necessidade de disciplinar a expansão da produção de cana diante da crescente demanda mundial pelos biocombustíveis e do interesse de empresas nacionais e transnacionais em aportar recursos na produção do etanol no Brasil.
Segundo o coordenador da pesquisa, Celso Manzato, o ZAE Cana teve envolvimento de várias equipes institucionais, entre outras da Conab, Unicamp, INPE. Mas o papel mais importante coube à Embrapa.
Critérios definidos
O ministro Stephanes explicou que entre os novos critérios definidos pelo ZAE Cana, tem a opção por áreas que não necessitam de irrigação plena e que economizam recursos como água e energia. Outros critérios: adoção de áreas com declividade igual ou inferior a 12% que permitem a mecanização e eliminam a prática de queimadas nas áreas de expansão e estimulo à utilização de áreas degradadas ou de pastagens para implantação de novos projetos.
Técnicos da Embrapa salientaram que de acordo com as vedações previstas no ZAE Cana, estarão aptos ao plantio dessa cultura 64 milhões de hectares. A expansão da cana-de-açúcar, considerando os novos critérios, poderá ocorrer em 7,5% do território nacional. Hoje, a área cultivada de cana-de-açúcar ocupa uma área de 8,89 milhões de hectares (safra/2008), o que representa menos de 1% do território nacional.
Combustível verde
O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, foi mais longe: “O Brasil produzirá, a partir do ZAE Cana, um combustível 100% verde. E o padrão de emissão de CO2 dos carros movidos a álcool de cana de açúcar é zero. Além do mais, o etanol não entra em nenhum hectare destinado ao plantio de alimentos, como acontece nos EUA, com o milho.”
O ZAE Cana tornará a produção de etanol ainda mais eficiente melhorando o comprovado benefício ambiental da utilização do biocombustível produzido a partir da cana-de-açúcar. Segundo a Agência Internacional de Energia, o etanol de cana é capaz de reduzir em até 90% a emissão de gases de efeito estufa quando comparado à gasolina. Cálculos do Ministério de Minas e Energia apontam que a utilização de etanol nos últimos 30 anos no Brasil evitou a emissão de 850 milhões de toneladas de CO2.
Sucesso do carro flex
Em 2009, o consumo de etanol superou o
de gasolina em veículos leves no Brasil.
A excelência brasileira na produção de etanol fez com que grandes montadoras se sentissem seguras para desenvolver tecnologias que utilizassem este biocombustível.
Atualmente 10 montadoras produzem quase 100 modelos diferentes de carros flex no Brasil, o que o transforma no País com maior frota de automóveis deste tipo no mundo. O etanol brasileiro é de alta qualidade, aumenta a potência do veículo em mais de 10% e não representa risco algum ao motor. Neste ano, o consumo de etanol superou o de gasolina em veículos leves no Brasil.
A perspectiva é que, em 2014, 65% da frota brasileira será flex. Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), 88% dos veículos leves vendidos no Brasil hoje têm motor flex fuel.
História da cana-de-açúcar
A cana-de-açúcar é plantada no Brasil há 500 anos, mas foi após 1975, quando foi lançado um programa governamental para incentivar o etanol, que o Brasil começou a trilhar o caminho da liderança tecnológica no setor de biocombustíveis. O País detém atualmente as melhores técnicas para o plantio e colheita da cana-de-açúcar. Com uso de novas variedades de cana-de-açúcar, a produtividade por hectare passou de 47 toneladas em 1975 para 78 toneladas hoje. O avanço de produtividade é espantoso. Novas tecnologias na usina permitem extrair 80 litros de etanol de cada tonelada de cana limpa (sem palha), quando em 1975 eram produzidos 45 litros por tonelada. Esse expressivo ganho de produtividade nas etapas agrícola e industrial fez com que hoje se produza mais de 7,5 mil litros etanol por hectare de cana colhida, contra 3 mil em 1975. Todos os equipamentos das usinas foram desenvolvidos e produzidos no Brasil.
Fim das queimadas
Um dos grandes problemas ambientais é a queima da cana. Toda a produção atual deverá ser adequada até 2017, garantindo o fim das queimadas em suas áreas. Essa iniciativa irá permitir a redução de gases do efeito estufa em uma medida equivalente a emissão de 6 milhões de toneladas de CO2 equivalente em relação ao ano de 2008. Comparando com a quantidade emitida de gases de efeito estufa pela frota de veículos leves movidos a gasolina. A quantidade de CO2 que evita-se com a ausência da queima da palhada na pré-colheita da cana de açúcar equivale a aproximadamente a 2.220.000 veículos leves, de um total de 15 milhões de veículos a gasolina presentes na frota de 2008.