Desmistificando Copenhague

Copenhague não é consenso

21 de dezembro de 2009

Nem todos os cientistas são a favor das teses discutidas em Copenhague


Principais pontos da entrevista


Luiz Carlos Molion:
tem muito blá-blá-blá por aí…


 


 


Reconstrução do Clima


Essas reduções de emissões de carbono não vão produzir efeito nenhum no clima. O gás carbônico não controla o clima global. Isto já foi demonstrado com pesquisas feitas no que nós chamamos de paleoclimatologia, em que se tenta reconstruir o clima passado, com base nos cilindros de gelo da estação de Vostok, na Antártica. O cilindro de gelo retirado de lá, que reconstitui os últimos 4.020 anos, mostra claramente que já houve períodos em que tivemos temperaturas altas e baixa presença de CO2 na atmosfera.
Ocorreu forte aquecimento entre 1925 e 1946, e nessa época, o homem lançava na atmosfera menos de 10% do carbono do que lança hoje. Então, aquele aquecimento, que é ainda maior do que esse atual, na realidade foi explicado por fenômenos naturais. O sol esteve mais ‘ativo’ nessa primeira metade do século XX. Além disso, foi um período que praticamente não ocorreram erupções vulcânicas. Assim, a atmosfera ficou mais limpa e entrou mais radiação solar, causando o aquecimento.


Medição das temperaturas


Tem um sistema a bordo de satélites que leva a sigla MSU, um sensor de microondas que existe desde 1968. Ele indica que, nesses 30 anos passados, não há um aumento significativo de temperatura. Houve um aquecimento entre 77 e 99, que coincide com o aquecimento do Oceano Pacífico Tropical. Os oceanos são grandes controladores do clima, em particular o Pacífico, porque ele sozinho ocupa 35% da superfície terrestre. Então, quando ele se aquece, o clima também fica mais quente: A atmosfera, o ar, é aquecido por baixo, as temperaturas mais elevadas estão próximas da superfície.
Desde 1999, o Oceano Pacífico esfria. Hoje, não só monitoramos os oceanos, mas existem mais de 3.200 boias à deriva e mergulhadoras. Elas mergulham até 2.000 metros de profundidade, se deslocam com a corrente marinha e nove dias depois elas sobem, e passam os dados para o satélite. Esse sistema mostra que os oceanos, de maneira geral, estão esfriando nos últimos seis, sete anos. E, nos últimos 10 anos, a concentração de CO2 continua subindo.


Debates em Copenhague


É um discurso que não vai adiante. À medida em que a população aumenta, há a necessidade de mais energia elétrica, se a gente quiser incluir esse pessoal em uma sociedade que viva adequadamente. Como incluir essas pessoas sem aumentar o consumo? Não existe como. Somos ainda muito dependentes dos combustíveis fósseis. Os discursos, as promessas de Copenhague são demagógicas. Não tem como cumprir essas metas. Se você olhar o protocolo de Kyoto, a Europa não reduziu absolutamente nada, ao contrário. Conversa é conversa, na prática, não há como fazer isso.


Mudanças climáticas


O que acontece é que hoje, a população está mais vulnerável aos fenômenos meteorológicos. Na realidade, os fenômenos intensos sempre ocorreram no passado. Por exemplo, a maior seca do Nordeste foi em 1877 até 1879. O furacão americano mais mortífero foi no Texas em 1900. Então, temos esses eventos intensos que ocorreram numa época em que o homem não lançava a quantidade que lança hoje. Aliás, a quantidade de carbono lançada pelo homem é ínfima, é irrisória, se comparada com os fluxos Naturais dos oceanos, solo e vegetação. Para atmosfera, saem 200 bilhões de toneladas de carbono por ano. O homem só lança seis.
Qual a incerteza que nós temos nesses ciclos naturais? É de 40 bilhões de toneladas para cima e para baixo. Ou seja, existe uma incerteza de 80 bilhões que é oito vezes maior que o que o homem lança na atmosfera. Não tem como se controlar o carbono. E se controlar, se reduzir as emissões, não haverá impacto nenhum no clima. O clima hoje deixou de ser um problema científico, ele é um problema político-econômico.


Matriz energética mundial


Hoje a matriz energética mundial, com exceção do Brasil, que é um país privilegiado, está baseada nos combustíveis fósseis (petróleo e carvão mineral, principalmente). Quando se diz, ‘vamos reduzir as emissões’, o que se quer dizer é: ‘Vamos reduzir a geração de energia elétrica’. Os países não crescem. Tudo está baseado na energia elétrica. Isso vai afetar um desenvolvimento social e econômico dos países.


Consenso


Não existem consensos na ciência. Ciência não é política, é experimentação. A ciência progride pelos contras que vão surgindo. Se você tem uma teoria e mostra que ela vale, e se surge um único experimento que diz o contrário, então você tem que repensar toda a teoria.
Consensos são políticos, cientificamente eles não existem, cientificamente existem experimentações.


Represálias


A gente é perseguido, taxado como um indivíduo desatualizado e tem mais dificuldade de conseguir verba para pesquisa. Mas, de todas as pessoas que estão aqui no Brasil, talvez eu seja o climatologista mais sênior.
Estudo clima há setenta anos e conclui meu doutorado há 35 anos, nos Estados Unidos. No período que eu fazia meu doutorado, o clima estava tão frio que o “consenso” da época era que nós estávamos entrando numa Era Glacial. O clima é muito complexo e jamais poderia ser dominado pelo CO2. Ao contrário, o CO2 é resultante do aumento da temperatura, quando a temperatura aumenta os oceanos liberam mais CO2.


Conceitos errados


Quando você olha para os livros didáticos das crianças, diz lá que o homem está destruindo a camada de ozônio, que a Terra está se aquecendo, que o nível do mar vai subir… Isso está errado! O que nós estamos fazendo? Educação ou lavagem cerebral? Na minha opinião, olhando todos os indicadores climáticos, nós vamos ter um resfriamento climático nos próximos vinte anos. O que vai acontecer com essa criançada quando eles perceberem que, ao invés de aquecer, está esfriando, e que esse esfriamento é muito pior para a humanidade?


Condições humanas


Uma coisa é você já estar com a sua população em condições humanas adequadas, como é o caso da Europa, dos EUA, do Canadá. Outros países, como é o caso do Brasil, e todos os países latinos e africanos, ainda não têm. Então, precisaria desenvolver, não consumindo como se consome nos EUA, mas com condições adequadas para viver, saúde, educação…
Para os países subdesenvolvidos e emergentes, excetuando-se o Brasil, reduzir significa gerar menos energia elétrica. Em muitos países só tem carvão mineral e petróleo para gerar energia. Eu não quero dizer com isso, que nós devemos sair por aí depredando o meio ambiente, tem que haver mudanças de hábito de consumos, mas as emissões de carbono não são o caminho correto.