ECOS DE COPENHAGUE

Marina Silva X Dilma Rousseff

21 de dezembro de 2009

Candidatas à Presidência da República assumem antagonismo e tem posição contrária na COP-15.

 No discurso de sexta-feira, Lula citou as metas assumidas pelo Brasil, como a redução do desmatamento na Amazônia em 80% até 2020 e a redução da emissão de gases que provocam o efeito estufa de 36,1% a 38,9%, no mesmo período.
Em relação ao presidente dos Estados Unidos, a ministra Dilma comenta que “Obama ficou muito na retórica. Disse que é preciso avançar para uma nova política internacional no século 21, mas não trouxe nenhuma novidade em relação às metas que já tinha negociado”. A ministra preferiu enaltecer seu governo no blog ao invés de encarar o fracasso da COP-15 e as controvérsias que teve com a ex-ministra do Meio Ambiente, senadora Marina Silva, quando chegou a dizer que a proposta de ajuda feita pela senadora “não provocaria nem cosquinha”.



“Os países desenvolvidos se dispuseram a gastar US$ 14 trilhões para combater a crise econômica mundial,
investindo em um modelo predatório de
desenvolvimento, mas não são capazes de investir US$ 200 bilhões ao ano em ações que levam à mudança
desse modelo”.
Marina Silva


 


Enquanto isto, em meio à viagem de retorno ao Brasil, a senadora Marina Silva (PV-AC) concedeu entrevista por telefone para vários órgãos de imprensa. Ela falou de Portugal, no dia 17, véspera do encerramento da conferência, onde aguardou cinco horas para tomar um vôo de retorno ao Brasil, após cinco dias em Copenhague.
 Para Marina Silva, quanto ao fundo internacional a ser criado para subsidiar ações de mitigação e adaptação às mudanças climáticas, “está havendo um olhar equivocado” dos líderes mundiais. Ela observa que os países desenvolvidos se dispuseram a gastar US$ 14 trilhões para combater a crise econômica mundial, investindo em um modelo predatório de desenvolvimento, mas não são capazes de investir US$ 200 bilhões ao ano em ações que levam à mudança desse modelo.
 “Lideranças tão poderosas para decidir sobre economia não são capazes de tomar uma decisão para salvar o planeta”, lamentou, referindo-se à falta de acordo em relação ao fundo mundial para as mudanças climáticas e aos cortes de emissões de gases de efeito estufa.  A senadora Marina Silva lembrou que esperava que, com a chegada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Copenhague, o Brasil pudesse se reposicionar.
Referindo-se à ministra da Casa Civil Dilma Rousseff, afirmou que a chefe da delegação brasileira adotou “posição equivocada”, ao defender a não participação do Brasil com recursos para financiar ações de adaptação dos países mais pobres. De acordo com os jornalistas que acompanharam a COP-15, Marina Silva foi mais procurada pela imprensa internacional do que a ministra Dilma.
Acontece que a senadora tem o meio ambiente como plataforma mesmo antes de concorrer a sua primeira eleição, e a ministra fez agora sua estréia no tema e, justo em um cenário de especialistas do mundo todo.  Até ato falho cometeu em afirmar que em entrevista coletiva que “o meio ambiente é um problema grave e precisamos resolvê-lo”, ao invés de “o aquecimento climático é um problema sério”.