FERNANDO PESSOA

21 de dezembro de 2009

Um fingidor que é enigma em Pessoa

 


Fernando Pessoa é gênio. E sua genialidade não coube apenas num só poeta. Fernando Pessoa são vários. Daí, tantos heterônimos. Nos tempos de África do Sul, alfabetizado em inglês, criou os primeiros heterônimos: Charles Robert Anon e H. M. F. Lecher. Criou até um especialista em palavras cruzadas: Alexander Search. Depois vieram os heterônimos que
entraram para a história: Alberto Caeiro (ingênuo guardador de rebanho – poeta da natureza) Álvaro de Campos (engenheiro, um poeta de fases e influenciado pelo simbolismo). Ricardo Reis (erudito que insistia na defesa dos valores tradicionais, na literatura e na política). E Bernardo Soares, um tipo especial de semi-heterônimo.Alberto Caeiro era considerado o mestre de Álvaro Campos e de Ricardo Reis. Aliás, do próprio Pessoa. Para o poeta mexicano Octavio Paz (Premio Nobel Literatura 1990) a biografia dos poetas é sua obra. E Pessoa deixou uma fantástica obra. Tinha um viver pacato, mas passou a vida criando outras vidas. “Era o enigma em pessoa”. Comparado a Luiz de Camões, Fernando Pessoa deixou um legado para a Língua Portuguesa como jornalista, publicitário e poeta.


O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.


………


As gaivotas, tantas, tantas, 
Voam no rio pro mar… 
Também sem querer encantas, 
Nem é preciso voar.


……


“Minha Pátria é a Língua portuguesa”.


……


“Criei em mim várias personalidades. Crio personalidades constantemente. Cada sonho meu é imediatamente, logo ao aparecer sonhado, encarnado numa outra pessoa, que passa a sonhá-lo, e eu não.”


……


 “Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos”.


MAR PORTUGUÊS


Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!


Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.


Veja na próxima edição:
Fernando Pessoa inventa poetas
e vidas: ALBERTO CAEIRO


————————


 


Saiba Mais


O que é heterônimo, homônimo e pseudônimo?


Heterônimo – A palavra vem do grego: heteros = diferente onyna = nome. Heteronímia é o estudo dos hererônimos ou seja, estudo de autores fictícios. Heterônimo então é uma personagem fictícia, criada por alguêm, mas com vida quase real, com biografia própria, totalmente diferente de seu criador. O criador de hetêrônimo, como Fernando Pessoa, é chamado de ortônimo.


Homônimo (homos = igual + onyma = nome) Pessoa que tem o mesmo nome de outra. Ou, palavras que se pronuncia e/ou escreve da mesma forma que outra, mas de origem e sentido diferentes.


Pseudônimo significa nome falso, ou seja, um nome fictício usado por alguêm como alternativa ao seu nome legal.