Educação ambiental

Domingo no Parque

10 de fevereiro de 2010

Porto Alegre aposta em integração de diferentes áreas e ação de multiplicadores

“A Secretaria de Meio Ambiente sempre teve muita demanda de atividades de educação ambiental em parques, em bairros. Num domingo, no Parque Farroupilha, realizando uma dessas atividades, encontramos equipes das secretarias da Saúde e da Educação, do Dmae – Departamento Municipal de Água e Esgoto, do DMLU – Departamento Municipal de Limpeza Urbana, fazendo o mesmo trabalho, de forma fragmentada. Pensamos: Por que não integrar tudo isso?”, conta Jaqueline Lessa Maciel, coordenadora de Educação Ambiental da Smam. Além da integração entre as áreas, a participação de 14 diferentes órgãos municipais no Comitê possibilita uma economia de recursos, já que os representantes de cada órgão se locomovem juntos para as atividades. “Isso torna o trabalho, inclusive, mais ecológico”, aponta Jaqueline.
Ações integradas
Uma das principais atribuições do Comitê é promover a integração entre as ações de educação ambiental dos diferentes órgãos da administração municipal. Habitação, saúde, educação, infraestrutura, lazer e cultura são aspectos indissociáveis da vida de cada morador de uma cidade. Trabalhar a educação ambiental requer uma visão integradora das necessidades e da forma de viver e compreender a realidade do ambiente no qual vivemos. O CGEA também é responsável por sensibilizar os porto-alegrenses para as questões ambientais, incentivando o envolvimento cada vez maior na preservação ambiental. Atua como disseminador de conhecimento entre a população e fomentador de parcerias entre os órgãos municipais, estaduais e federais, grupos da sociedade civil e empresas.


FIQUE POR DENTRO


DATAS ESPECIAIS


Disseminação de práticas ecológicas


Além das atividades em parques – que ocorrem especialmente em datas significativas da Agenda Ambiental, como Dia Internacional da Água, Dia da Árvore ou Semana do Meio Ambiente –, são promovidos cursos internos e para líderes comunitários. Os cursos internos são voltados a servidores da prefeitura e visam a disseminar conhecimentos e promover a sensibilização dos funcionários para um uso mais econômico dos recursos do trabalho e práticas mais sustentáveis no seu dia-a-dia. Já os cursos para lideranças são realizados nos bairros, de acordo com as regiões delimitadas no  Orçamento Participativo.
“São cursos de 20 horas, com aulas ministradas por representantes de cada órgão integrante do Comitê. A idéia é que os líderes sejam disseminadores de práticas ecológicas dentro de sua comunidade, valorizando as relações locais”, explica Jaqueline, que conta que, das 17 regiões listadas pelo OP, 14 já receberam o curso.  Estevão, morador da Restinga, no extremo sul da capital gaúcha, conta que não teria como participar do curso se precisasse se locomover até o Centro. “Eles vieram até aqui e ensinaram práticas que todos podemos realizar e que ajudam até a incrementar nossos rendimentos”, diz, se referindo a reciclagem e reaproveitamento de materiais que antes iam parar no lixo. Estevão é um dos líderes comunitários que atuam como multiplicadores dos ensinamentos apresentados no curso em sua região. Além de lideranças locais, os cursos podem ser adaptados a escolas, coletivos jovens, grupos de terceira idade e demais multiplicadores.



 



Atividade de educação ambiental no Parque Moinhos de Vento (RS) onde as crianças desenvolvem atividades práticas de revitalização dos pátios escolares, de reciclagem e sobre o desperdício de água e de energia elétrica


 


Educação, saúde e meio ambiente


Política Nacional constrói diretrizes para o Brasil


Márcia Turcato, de Brasília
O conteúdo de Educação Ambiental é transversal nas escolas, em todo o Brasil. Os temas relacionados à
Educação Ambiental são propostos pela Coordenação-Geral de Educação Ambiental (CGEA), vinculada ao
Ministério da Educação (Secad/MEC), que atua junto com o Departamento de Educação Ambiental do Ministério do Meio Ambiente, que é o gestor da PNEA – Política Nacional de Educação Ambiental.


A Secad é o mais novo órgão da estrutura do MEC. Na secretaria estão reunidos temas como alfabetização e educação de jovens e adultos, educação no campo, educação ambiental, educação escolar indígena, e diversidade étnico-racial. O objetivo da Secad é contribuir para a redução das desigualdades educacionais por meio da participação de todos os cidadãos em políticas públicas que assegurem a ampliação do acesso à educação.
É por intermédio da Secad que os professores participam de seminários de capacitação nos temas transversais do ensino, como meio ambiente. “É um ciclo que se fecha, pois o programa nasceu com o objetivo de dar continuidade às discussões da primeira conferência infanto-juvenil pelo meio ambiente, em 2003, e de preparar as escolas para a conferência dos anos seguintes”, explica a coordenadora-geral de educação ambiental da Secad, Rachel Trajber.


Saúde ambiental
Em dezembro, foi realizada a I Conferência Nacional de Saúde Ambiental, em Brasília, que debateu temáticas inéditas, voltadas para a popularização de acordos internacionais sobre biodiversidade, mudanças climáticas, segurança alimentar, qualidade de vida e raça.
O envolvimento da sociedade contribue muito na busca por alternativas e soluções para o problema da degradação ambiental, causada pelo atual modelo de consumo.
A poluição do ar nas cidades, o uso indevido do solo, a falta de saneamento básico em muitos municípios são conseqüências desse desenvolvimento. Diante isso, fica claro que meio ambiente, infraestrutura e saúde são temas completamente indissociáveis. Para a OMS, 18% das doenças e óbitos prematuros no Brasil estão relacionados a problemas ambientais.



 



Reuniões sobre a Conferência Nacional Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente e atividades de alunos na Semana do MA


 


ações coletivas


Nas escolas municipais, a educação ambiental vem sendo implementada na educação formal de maneira participativa e democrática, levando a temática para os currículos escolares, transversalizando as diversas áreas do conhecimento. A partir da reflexão, proposição de projetos e ações coletivas, busca fortalecer e articular uma ecologia que desnaturalize a lógica imediatista e consumista em que vivemos.
A partir do lançamento do Atlas Ambiental de Porto Alegre, em 1998, uma parceria entre a prefeitura e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul, se iniciou na rede de ensino uma nova leitura e escrita em educação ambiental por meio da relação de conhecimento e pertencimento ao lugar. Isto gerou muitos projetos e ações, inclusive no Projeto Político-Pedagógico das escolas em todos os níveis e modalidades de ensino de forma continuada. Nesse sentido, a escola passa a ser entendida como um centro de saberes local e promotora da identidade cultural da comunidade e, a partir da união de esforços, busca produzir uma nova cultura em prol da sustentabilidade urbana e construção de valores para a paz.
A temática ambiental vem desenvolvendo projetos, ações coletivas e atividades práticas de revitalização dos pátios escolares, de prevenção do desperdício de água, de energia elétrica e de papel, por meio de oficinas de papel reciclado. (LH)


PROJETOS


Os órgãos que fazem parte do Comitê Gestor de Educação Ambiental desenvolvem inúmeros programas, projetos e ações sistemáticas próprias, voltados à questão ambiental.
A criação do CGEA possibilitou a integração dessas equipes, a incrementação das ações e a otimização dos recursos disponíveis, mas alguns eventos, campanhas e atividades educativas de cada pasta seguem sendo oferecidos a comunidades, escolas e demais setores da sociedade civil organizada, que podem solicitar e agendar participação nos projetos.
Entre eles, estão trilhas ecológicas nos parques de Porto Alegre (Smam); visitas orientadas à Estação de Tratamento de Água (Dmae); revitalização dos pátios escolares (Smed); projeto ‘Adote uma Praça’ (Demhab); e as exposições itinerantes ‘A Casa do Arroio’, na qual são expostos móveis e utensílios retirados pela equipe operacional da Educação Ambiental durante a limpeza dos arroios de Porto Alegre, ‘Redescobrindo o Dilúvio’ e ‘Revivendo a Enchente de 41’, ambas de fotografias históricas, todas desenvolvidas pelo DEP.
O Comitê também realiza reuniões ordinárias todas as quartas-feiras, com rodízio de locais entre os órgãos participantes.  (LH)