PELO BRASIL

ICMBio fiscais são ameaçados

23 de março de 2010

Políticos e madeireiros tentam abortar fiscalização contra desmatamento


Rômulo Mello, presidente
do ICMBio


E o que aconteceu? Políticos e madeireiros de Lábrea, no Amazonas, com o apoio de populares mobilizados pela prefeitura e outras autoridades do Estado, impediram que a equipe de fiscalização do Instituto Chico Mendes desse sequência à Operação Matrinxã. A movimentação popular foi convocada pela própria Prefeitura e ocupou a área em frente ao hotel onde se hospedam os servidores do Instituto. Com carro de som em alto volume e faixas com apelo de “paz”, membros do poder público municipal incitavam a população contra os servidores do ICMBio, que residem do outro lado da rua em frente ao hotel e trabalham na Resex Médio Purus.
Durante todo o dia, os fiscais ficaram isolados dentro do hotel, com policiamento na porta, enquanto os representantes do movimento discursavam ao microfone convocando a população de Lábrea para se unir contra “a ação arbitrária da fiscalização”. Eles diziam que a cidade estava sofrendo “as consequências da criação de duas reservas extrativistas” e que os donos de serrarias não tinham que ser multados por “esse bando de forasteiros”.
Até a secretária estadual de Meio Ambiente, Nádia Ferreira, chegou, acompanhada de um deputado estadual, um comandante de Polícia, o presidente do INPA. O grupo foi direto para a casa de uma servidora do ICMBio e exigiu dela que participasse da reunião com representantes das instituições locais e empresários moveleiros, para explicar a ação de fiscalização em andamento. A servidora disse que não havia condições de segurança para participar da reunião.
Resultado: num clima tenso e sob proteção policial, os servidores do ICMBio foram retirados e escoltados até o aeroporto, enquanto a secretária Nádia Ferreira garantia que nunca mais aquelas pessoas colocariam os pés em Lábrea. O presidente do Instituto Chico Mendes, Rômulo Mello, que administra as unidades de conservação federais, considera lamentável que, no Estado brasileiro, em pleno Terceiro Milênio, se tenha esse tipo de comportamento. Rômulo enviou ofício ao governador do Amazonas, informando dos fatos e avisando que serão tomadas medidas para garantir o trabalho e a segurança dos servidores.