Dia mundial da Água – 22 de março

1 de março de 2010

Qualidade dos recursos hídricos: a hora é de parar de poluir mananciais, rios e lagos e reaproveitar melhor a água da chuva

“Se a água tem valor econômico, a chuva também tem que ter valor econômico”


Não há vida sem água. E a água é o recurso natural prioritário para todas as nações, todos os povos e todas as comunidades. Se muitos países vivem o drama da pouca disponibilidade de água, o Brasil é privilegiado em dois pontos: pela quantidade de água doce e pela alta incidência de chuvas. Infelizmente, muitos brasileiros não perceberam ainda que a chuva é mais presente do que tragédia. Dia 22 de março é o Dia Mundial da Água e um tempo para reflexão. É bom encarar de uma vez por todas que as chuvas e temporais são bênçãos. E que, por ter o maior índice de chuvas no mundo, o Brasil é mesmo um País abençoado. Mas, infelizmente, esta riqueza ainda não é bem compreendida. Ao contrário do que acontece no campo, onde a chuva é sinônimo de prosperidade e colheita farta, nas cidades – onde vivem cerca de 81% da população – os dias de chuva são associados a trânsito lento, enchentes, queda de barreiras e outros incômodos. Dias nublados são referência de mau humor.


 


Valor econômico


Se a água tem valor econômico, a chuva também tem que ter valor econômico. Há que haver uma mudança neste conceito.  Muitos técnicos acreditam que aos poucos o brasileiro está entendendo que a água que cai nos telhados deve ser mais bem aproveitada antes de sumir pelos ralos. Há algumas décadas, falar em aproveitamento de água de chuva no Brasil era coisa só para ecologistas. Para sonhador. Hoje é uma realidade. Muitas empresas e muitos gestores públicos e até pessoas físicas já constroem casas e prédios pensando neste uso. O desperdício habitual precisa dar lugar ao uso inteligente da água.


Alguns estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Paraná estão adotando ou já implantaram a lei de retenção da água de chuva como medida para amenizar os impactos causados pela impermeabilização do solo urbana, que impede que a chuva se infiltre no solo ou evapore como antigamente. O sistema de aproveitamento de água de chuva já foi implantado em diversos complexos hoteleiros. no aeroporto Santos Dumont e no estádio João Havelange, garantindo economia e proporcionando proteção ao meio ambiente. Na construção dos novos estádios e centros esportivos para a Copa de 2014 e para as Olimpíadas de 2016, este será um requisito básico já exigido nos padrões da FIFA.


A tecnologia para construção do sistema de aproveitamento de água da chuva está disponível para uso residencial, em condomínios, galpões e fábricas. É ambientalmente sensato, prático, econômico e fácil de instalar. As águas captadas podem ser utilizadas na higienização de bacias sanitárias, limpeza de pisos, lavagem de carros e outras atividades que não exigem água potável.


Segundo estatísticas, essas ações representam cerca de 50% do consumo das águas nas cidades. O armazenamento de água de chuva é uma forma muito eficaz de retenção, pois o que não for aproveitado é liberada para infiltração no solo reabastecendo o lençol freático.


 


Telhado verde


O funcionamento é, em escala menor o de um “piscinão”, impedindo que a enxurrada chegue imediatamente nas ruas e no sistema de drenagem, que não comporta o volume excessivo. ” O aproveitamento e o manejo correto da água de chuva e a instalação de telhados verdes são passos importantes para compensar os efeitos da impermeabilização crescente nas cidades”, afirma Jack Sickermann, especialista em aproveitamento de água de chuva. Dessa forma a água de chuva guardada, infiltrada e evaporada não corre pelas ruas, não carrega lixo nem poluentes, evitando doenças e amenizando os impactos sobre as cidades. Não é por outra razão que existem diversos Projetos de Lei propondo a instalação deste mecanismo em todas as novas construções em todo o País.


 


Chuva enchendo cisternas

No Nordeste brasileiro, captar água da chuva para guardar em cisternas já não é novidade. Técnicos da Articulação do Semi-Árido ajudam sertanejos a captar água da chuva com a construção de reservatórios em áreas remotas do sertão. Um sistema de armazenamento de água da chuva não poluente, barato e simples, tem representado para as populações mais isoladas um verdadeiro milagre. O sistema é utilizado em algumas cidades do Nordeste como fonte de suprimento de água. A viabilidade do uso de água da chuva é caracterizada pela diminuição na demanda de água fornecida pelas companhias de saneamento, tendo como conseqüência a diminuição dos custos com água potável e a r