PELO BRASIL

Cratera gaúcha foi queda de meteorito

21 de maio de 2010

Descoberta ajuda nas pesquisas geológicas sobre a origem da Terra


Outras evidências, segundo Crósta, são feições visíveis a olho nu, chamadas de ?shatter cones?. Compostos por estruturas cônicas estriadas, os shatter cones são unicamente formados em crateras de impacto, pela passagem da onda de choque pelas rochas. Imagens de sensoriamento remoto obtidas por satélites também ajudaram a caracterizar essa nova cratera meteorítica.
O impacto de um meteorito de grandes dimensões libera uma quantidade de energia completamente incomum a qualquer outro tipo de processo geológico existente na Terra. No caso de Cerro do Jarau, estima-se que a quantidade liberada pelo meteorito, que teria entre 600 e 700 metros de diâmetro, tenha sido equivalente a 550 mil bombas atômicas iguais à que destruiu a cidade de Hiroshima no Japão em 1945.
 
Evolução geológica
O meteorito foi capaz de provocar uma cratera, hoje já parcialmente erodida, com cerca de 13,5 quilômetros. A comprovação rendeu a produção de um artigo que integrará  edição do livro Large Meteorite Impacts IV, a ser lançado no final de março pela Sociedade Geológica da América (GSA).
O Cerro do Jarau é a terceira cratera brasileira formada em rochas basálticas (vulcânicas) e a quarta no mundo. A análise do processo de formação de crateras meteoríticas em rochas basálticas é importante para as pesquisas sobre a evolução geológica da superfície de outros corpos planetários, como a Lua e Marte, onde a presença de rochas basálticas é bastante comum, segundo Crósta.
Ele explica que são raras as exposições de rochas basálticas em grandes extensões continentais na Terra. Dentre as maiores exposições desse tipo de rocha encontram-se as da Bacia do Paraná, no Sul do Brasil, e as do Platô de Deccan, na região centro-oeste da Índia, onde também existe uma cratera meteorítica. ?Mas esta cratera da Índia, chamada Lonar, é pequena, relativamente jovem, e o seu interior foi preenchido por um lago, o que torna difícil o acesso?, explica.  A descoberta do professor será apresentada num encontro internacional da União Geofísica Americana (AGU), em Foz do Iguaçu (PR) em agosto.