Ecoturismo no Quiriri - história e cultura

Serra do Quiriri: bela e misteriosa

16 de junho de 2010

Ecoturismo com História, Espiritualidade e Cultura é mais prazeroso

Quando portugueses e espanhóis começaram a explorar o continente sul-americano, descobriram que as trilhas por onde passavam – conhecidas como “Peabirus”, ou “Caminho de grama amassada”, na língua indígena – eram usadas não só pelos índios, mas por jesuítas e exploradores brancos, na descoberta de metais preciosos. O Caminho do Peabiru é uma via extensa, que corta o Continente do litoral Atlântico ao Pacífico, passando por Cuzco, no Peru. Do tronco principal partem várias ramificações, uma delas em Santa Catarina, provavelmente nas imediações da serra do Quiriri, que, segundo pesquisadores, é um dos ramais mais preservados do País. Dos muitos significados do nome Quiriri, que tanto pode homenagear uma ave ou um pajé, é do tupi-guarani que vem a definição mais certa: silêncio, paz, local onde se deve ficar calado. Alguns historiadores, garantem que o nosso Caminho do Peabiru tem a mesma importância mística que o Caminho de Santiago de Compostela, na Espanha.
De beleza quase selvagem, o lugar é formado de floresta atlântica, nas encostas, e campos de altitude. A região é tão inóspita que até hoje, muitos por ali já passaram, antes mesmo dos primórdios da colonização, mas ninguém nunca se estabeleceu. Nem as araucárias, tão características dos campos de altitude, se desenvolvem por aquelas bandas. Na verdade, o Quiriri é um complexo de serras que fica entre dois pólos industriais – o de Curitiba, 65km à noroeste e o de Joinville, 35km ao sul, o que de certa forma contribui para a ocorrência eventual de chuva ácida e ainda o surgimento de pínus, árvore exótica e extremamente dominadora, prejudicial ao meio ambiente por liberar uma espécie de toxina que inibe a germinação, não permitindo que nada do que se plante ao seu redor, consiga se desenvolver.


A viagem
O objetivo da nossa expedição é perfazer um dos trechos do Peabiru e alcançar as lendárias escadarias por onde passaram os jesuítas e os “almocréves” (condutores de mulas). A viagem começa em São Bento do Sul, de onde saímos às 4 da manhã. Vamos cruzar as nascentes do rio dos Alemães, rio Bracinho, rio Três Barras e rio do Cristo, numa caminhada prevista para durar três dias, acampando duas noites pelo caminho.  Nossa equipe tem à frente o guia e personal-trainer Sandro Gilberto Jankoski, proprietário da Aracnos Ecoturismo, que conta com a orientação técnica dos guias e instrutores Pedro Campestrini Júnior e Luiz Henrique Schützler  – o Luke, além do ex-tenente César Augusto Lepeck. Todos possuem cursos em Primeiros Socorros e conhecem os métodos de sobrevivência na selva.


Dificuldades
Atravessamos a nascente do rio Quiriri de Santa Catarina, e o tempo vira – chuva, cerração forte e até prenúncio de neve, com ventos de 70km/h. Pedro Campestrini nos dá uma aula de geografia ao vivo, mostrando as diferentes formações rochosas, explicando que nos encontramos sobre um dos solos mais antigos existentes no país, moldados pelos efeitos corrosivos do tempo. As muitas plantas endêmicas – incluindo arbustos com pelo menos 300 anos – só existem na região, já que em outro lugar não encontrariam as condições de vento constante e frio extremo que necessitam para desenvolver-se. Deparamo-nos com uma extensa área de banhado, e somos obrigados a andar pelo pântano alagadiço e enlameado sobre as espécies vegetais epífitas, parecidas com bromélias, cujas folhas rígidas ajudam a firmar os pés.


Saiba mais


Diferentes superfícies


No outro dia o tempo melhora, o que nos permite continuar a viagem. Caminhamos por sobre a crista topográfica, onde distinguimos as diferentes superfícies, como o topo, composto de rocha coberta por algumas espécies semelhantes às tundras, um tipo de musgo parecido com os encontrados na região asiática; o solo, impermeável, é formado de pura argila, ao contrário dos musgos e líquens dos banhados. Do alto da montanha, dá para contemplar o vale sem fim. Com o tempo bem nítido pode-se avistar, a olho nu, a orla do Balneário Camboriú, em Santa Catarina, e a Ilha do Mel e a Baía de Paranaguá, no Paraná.


As escadarias
Depois de um dia inteiro andando pelos campos, atravessando a floresta atlântica e encarando descidas com declives de até 45°, finalmente começam a aparecer as pedras, formando escadarias intermináveis, que, aos poucos, vão se revelando por dentro da mata fechada. Embora escurecidos pelo tempo, os degraus estão nitidamente preservados.
O velho Ernesto Koening, caçador alemão que conhecia muito bem os mistérios do Quiriri, costumava contar a história da cobra grande, que guardava o lugar. E se a encontrássemos um dia, era porque estava na hora de voltar.


Aracnos Ecoturismo – qualidade e pioneirismo


Passeios dessa natureza só podem ser feitos com a orientação de profissionais experientes. Na região de São Bento do Sul, a Aracnos Ecoturismo é a única empresa a promover este tipo de programa, dispondo de equipamentos e pessoal especializados. Sua equipe foi a primeira equipe brasileira a chegar ao cume do Aconcágua, em 1999. Atuando no mercado há pelo menos oito anos, a Aracnos Ecoturismo promove vários roteiros diferentes, incluindo cursos de mergulho, paraquedismo, rappel – inclusive noturno, técnicas de montanhismo, e a faixa etária dos clientes varia de 4 a 76 anos. A empresa fornece transporte, alimentação, guias, material de campo e seguro de vida.


O proprietário, Sandro Jankoski – especialista em técnicas de RCP – Ressuscitação Cárdio Pulmonar – possui todos os equipamentos de Primeiros Socorros, além de ataduras e talas para imobilizar o corpo em caso de fraturas e um monitor de freqüência cardíaca.


?Falta incentivo para o ecoturismo por parte do Poder Público?, queixa-se Sandro, enquanto cita o exemplo dos ?farofeiros?, que não preservam o meio ambiente, deixando o lixo espalhado ou alimentando fogueiras com espécies de plantas ou madeiras que nunca poderiam ser usadas. Jankoski defende, ainda, a cobrança de uma taxa, na qual estariam incluídos os serviços do guia e todo um trabalho de conscientização.


 


SERVIÇO


Distâncias


Florianópolis / São Bento do Sul – 245km


São Bento do Sul / Campo Alegre – 14km


Florianópolis / Joinville – 195km


Garuva / Joinville – 36km


 


Quem leva: Aracnos Ecoturismo – (47) 3633-1869 / 


                        São Bento do Sul – SC                                          


                                                                 www.aracnos.com.br


 


O que você deve levar:  anoraque (encontrado em casas especializadas em montanhismo e esporte), boné, um par de tênis e uma muda de roupa, além de artigos de higiene pessoal, protetor solar e repelente.


 


O que a empresa fornece: guias, seguro de vida, transporte, alimentação, material de cozinha e campo – incluindo barracas e sacos de dormir.


 


        Normas e Condutas nas Serras do Quiriri


 


Ø     O calçado deve ser confortável, pois as caminhadas são longas e o terreno é muito acidentado;


Ø     Você deve estar bem alimentado, o que não significa comer muito antes de caminhar;


Ø     Se tiver algum problema físico (principalmente nos pés ou pernas) que não possa fazer esforço, não se aventure, pois as caminhadas são de longa duração;


Ø     Não faça brincadeiras nos trajetos, pois os mesmos podem terminar em tragédia;


Ø     Jamais ande ou se abrigue em valas, córregos de rio seco, baixadas de morro ou próximo de cachoeiras. As tempestades de chuva no Quiriri são verdadeiras torrentes de água, tome cuidado!


Ø     A neblina é um grande perigo nas serras do Quiriri, devido aos precipícios. Não ande para qualquer lugar se você não souber onde está. Espere o guia;


Ø     Verifique seu material (mochila, comida, cabo solteiro, cantil, bússola, lanterna);


Ø     Não se afaste do grupo;


Ø     Na noite sem lua tome os mesmos cuidados da conduta com neblina;


Ø     Observe o tempo (chuva e horário).