Queimadas e a web

Internet – O poder das Redes Sociais no combate ao fogo

19 de setembro de 2010

Mobilização de modo virtual vira ação real


Ao mesmo tempo, o estudioso de novas tecnologias Israel Degásperi, eleito um dos 100 perfis mais relevantes para serem seguidos no Twitter sobre mídias sociais no Brasil, diz que as redes sociais são um novo modelo de comunicação e têm como principal característica a interação.
“Com um tweet ou um vídeo no YouTube, podemos reclamar de um produto ou serviço sendo que antes a nossa única fonte de informação era a TV ou o rádio, num modelo de comunicação unilateral e caro, que não era acessível para a maioria das pessoas” explica.
 E foi exatamente isto que fizeram os usuários do Twitter. A partir da troca de comentários sobre queimadas, alguém resolveu sugerir um debate específico a respeito do tema e o uso da ferramenta como meio de denúncia e de combate. Em pouco tempo o mestre em sociologia pela Universidade de Brasília (UnB) e PhD em ciência política pela Universidade de Cornell (EUA) Sérgio Abranches, comentarista da rádio CBN, assumiu a liderança em posts na lista ?chegadequeimadas? e milhares de pessoas passaram a segui-lo e a denunciar ações criminosas, fogo espontâneo, áreas desmatadas etc.
 
?chegadequeimadas?
Seguindo Abranches e o grupo temático ?chegadequeimadas? no Twitter é possível perceber onde está o mapa do chamado ?focos de calor? no Brasil. A ação funciona como um termômetro para as instituições públicas que, ao seguir o grupo, dispõe de uma mapa das queimadas e pode decidir como agir.
 O próprio Sérgio Abranches quase se tornou vítima das queimadas. Ele é proprietário da RPPN (Reserva Particular de Patrimônio Natural) Brejo Novo, vizinha de uma área que ardeu em chamas no dia quatro de setembro. Escapou por pouco e Abranches deu notícia do fato tuitando. A RPPN Brejo Novo ocupa 18,3 hectares da Fazenda Santa Maria, no distrito de Saloá, município mineiro de Santos Dumont.
 No início de setembro, Abranches lançou seu mais recente livro, ?Copenhague antes e depois? (Ed. Civilização Brasileira/Record), sobre os bastidores da 15ª Conferência das Partes, a COP 15, que aconteceu na capital da Dinamarca. Em Brasília o lançamento aconteceu no dia nove. A partir da Conferência, o autor fala de mudanças climáticas, de política, da diplomacia do clima e da cobertura do evento com as novas ferramentas, como o Twitter.
 Infelizmente não conseguimos saber a opinião de Luciano de Meneses Evaristo, diretor de Proteção Ambiental do Ibama, sobre o uso de novas tecnologias por redes sociais. Ele viajou e não nos deu resposta a tempo de publicar nesta edição.
 Lancei a seguinte pergunta no meu Twitter: Amig@s, me ajudem: vcs acreditam q Twitter e outras TICs influenciam instituições públicas? Busco opiniões www.folhadomeio.com.br. Em menos de 30 segundos três pessoas responderam. Duas pensam que o Twitter e outras tecnologias utilizadas pelas redes sociais ainda não têm força e um acredita que as TICs serão um forte instrumento de gestão democrática. Ainda recebo mensagens sobre o assunto, opiniões semelhantes.


Saiba Mais


Queimadas no Brasil
Em 2010, 85% maiores do que em 2009


Conforme dados do INPE, os incêndios
florestais no Brasil aumentaram 85% entre 2009 e 2010, comparando o período entre 1º de janeiro e 12 de agosto. Em 2010,
aconteceram neste período 25.999 focos. Em 2009 foram 14.019.  Os estados com mais queimadas foram Mato Grosso, com 6.693; Tocantins, com 4.210; Pará, com 2.526; e Bahia, com 2020. O Mato Grosso teve aumento neste ano de 91% nos incêndios.


Os dados são baseados no satélite de referência utilizado pelo instituto, o NOAA-15.
O satélite americano também mede as ocorrências de incêndios em outros países sul-americanos.
 Os campeões de queimadas depois do Brasil foram o Paraguai, com 3.592; a Bolívia, com 2.316; e a Argentina, com 1.216 focos de incêndio em 2010. Nestes três vizinhos, o maior aumento foi na Bolívia, com 53% sobre 2009.
 No dia 13 de agosto, o INPE detectou 15.183 focos de incêndio em todo o Brasil. O tempo seco e a baixa umidade do ar têm prejudicado alguns municípios com números alarmantes de focos de incêndios.
 O município de Marcelândia (MT) foi um dos que mais sofreu com as queimadas. Mais de 100 casas e 17 indústrias madeireiras foram totalmente destruídas. Os prejuízos podem chegar a R$ 10 milhões.
 O tempo seco, propício a propagação de focos de incêndio, atinge oito estados: Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, no Maranhão, Piauí, Pará, Tocantins e Bahia, além do Distrito Federal.
 No início de setembro a situação era crítica no norte de Mato Grosso, onde a umidade ficou em torno de 15%. Nas demais regiões em Mato Grosso, no centro e no norte em Mato Grosso do Sul, no oeste da Bahia, em Goiás e no Distrito Federal e Tocantins a umidade ficou em 20%. Já no centro-sul do Maranhão e Piauí e no sul do Pará, a umidade relativa do ar não passou de 30%.