Folha do Meio Ambiente

Inhotim: ecologia, arte, educação, beleza e cultura tudo junto

O Projeto CPEAM “Complexo de Pesquisa e Educação Ambiental” prevê a construção de três unidades. Uma delas será um conjunto de cinco estufas apresentando um bioma sob risco de extinção e um já extinto. O visitante pode entrar nesses ambientes com microclimas específicos, com temperatura, umidade do ar, fragância e o aspecto paisagístico de cada ambiente ali representado.

Biomas em transição
Localizado em uma área de ecótono (transição entre os biomas de mata atlântica e cerrado), Inhotim se encontra de fato em uma área com rica diversidade biológica e de habitats. Por conta disso, o instituto também realiza estudos da biodiversidade na região, fornecendo informações relevantes para a elaboração de planos de manejo dos recursos naturais.
No estudo da biodiversidade são contemplados: levantamento florístico, resgate de algumas espécies vegetais na área de cava da mineradora Itaminas, levantamento da herpetofauna (repteis e anfíbios), levantamento da avifauna, banco de sons das aves locais, levantamento da mastofauna (mamíferos) e projeto guigó (espécie de primata).
O projeto de estudos de características de ecossistemas na região de Inhotim, em parceria com a Emater, já avaliou a potencialidade e a fragilidade dos diferentes ambientes naturais, através da interpretação de mapas e análises do tipo de formação rochosa, relevo, vegetação a aptidão dos solos para seu uso e ocupação.
A proposta agora é utilizar a caracterização dos ecossistemas como instrumento para projetos de expansão e manejo e também na formação de educadores ambientais.

Fotos: Beatriz F. Barros

Com pinceladas do paisagista Burle Marx, o instituto já passou por várias modificações desde sua fundação em 2002. Localizado na área rural de Brumadinho, cidade a 50 km de Belo Horizonte, Inhotim se destina à conservação e exposição de espécies botânicas, projetos ambientais e arte contemporânea. Ali a beleza brota em cada curva, lago, flores, jardins suspensos e aves exóticas. Em busca de um ambiente favorável à transformação dos desafios ambientais, vários projetos são desenvolvidos.

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O rico acervo botânico

O acervo botânico mantido por Inhotim é considerável: são 181 famílias botânicas, 953 gêneros e cerca de 4.300 espécies de plantas vasculares. Além disso, ali se encontra o que acreditam ser a maior coleção de palmeiras do mundo! Espécies muito procuradas por paisagistas por sua beleza estética. São 1.500 variedades e mais de 20.000 indivíduos. Como o ambiente propicia a replicação de um grande número de espécies, Inhotim assim contribui para a conservação ex-situ na região.

Em maio de 2010, Inhotim recebeu o reconhecimento nacional e o status de Jardim Botânico, concedido pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), depois de passar pelo crivo e avaliações de vários integrantes da Rede Brasileira de Jardins Botânicos. A característica mais marcante dos 145 hectares, que abrigam espécies de mata atlântica e cerrado, é a incrível interação do verde com as diversas intervenções artísticas, formando um verdadeiro mosaico e um labirinto paisagístico. Parece que belas plantas e esculturas sempre estiveram juntas, numa simbiose ímpar. Ali são trabalhados pequenos e grandes espaços, onde os caminhos são jardins e as paredes são florestas, como descreve bem o curador botânico Eduardo Gonçalves. O público só tem acesso a 30% do acervo do instituto, distribuídos nos 97 hectares reservados a visitação. A meta do instituto é dobrar a área destinada a visitação nos próximos anos.
Como se não bastasse a beleza saltando aos olhos, é possível apreciar exposições de artistas contemporâneos, como os brasileiros Cildo Meireles, Adriana Varejão, Hélio Oiticica, Tunga, o dinamarquês Olafur Eliason, a colombiana Doris Salcedo, o argentino Jorge Marchi e muitos outros. Inhotim é um lugar onde se encontra o meio ambiente fazendo arte. É uma enorme biodiversidade que faz deste espaço único um ambiente propício a difusão de valores ambientais. (BFB)