WILSON PEREIRA

19 de novembro de 2010

Voyeur do cotidiano

Não basta ler Wilson Pereira. Há que reler… e decorar. Poeta, professor e cronista, Wilson Pereira é como ele próprio se define: “um voyeur do cotidiano”. Natural de Coromandel (1949), terra de jornalistas e de outro cancioneiro Goiá (Gerson Coutinho da Silva – “De que me adianta viver na cidade, se a felicidade não me acompanhar / Adeus paulistinha…) Wilson Pereira viveu a infância em Patos de Minas. Estudou em Brasília (Mestre de Literatura pela UnB) onde mora e trabalha. Tem vários livros publicados. Alguns traduzidos para o espanhol, italiano e romeno.
Além de participar de 15 antologias poéticas, Wilson Pereira escreveu:
“Escavações no Tempo” – “Menino sem Fim” e “Pedras de Minas” (poemas] – “Pé de Poesia” – “Riozinhos de Brinquedo” – “A Rãzinha que queria ser Rainha” e “Vento Moleque” (literatura infantil)
“Amor de Menino” (contos).


—————————————————–


Inspiração
Um anjo
me assalta
em pleno dia:
– mãos para o alto!
E me passa a poesia.


Rios
Rios limpos
de minha infância
rios lindos, rio verdes…
Que meninos andam em mim
Mortos de sede!


Pedras
As palavras
que te deixo
são pedras estranhas
molhadas de neblinas
são seixos rolados
das montanhas de Minas.


Contágio
Desde menino
a poesia me contamina
feito caxumba varíola
sarampo lisonja
e vitamina;
para poesia
não tem vacina.


Ambos
Outro dia
passando por mim
eu quase me reconheci
mas íamos
ambos apressados
um para o futuro
o outro para o passado.


O que eu tenho de Minas
em mim é esse sonho de subir
montanhas e garimpar estrelas
.


————————————————


Era madrugada
E Deus dormia.
Havia lua no céu…
Ao longo da estrada
o silêncio chovia.
Pingava luz
do meu chapéu.