Nicolas Behr: o poeta dendrólatra
13 de dezembro de 2010Meio e Mídia: o poeta e publicitário Nikolaus von Behr (nome original) foi por muitos anos colunista da Folha do Meio Ambiente. Nascido em Cuiabá-MT, criado em Diamantino e brasiliense desde os 10 anos, Nicolas Behr (ou Nikolaus von Behr) lançou seu primeiro livro “Iogurte com Farinha” em 1977. Mesmo em impressão de mimeógrafo,… Ver artigo
Meio e Mídia: o poeta e publicitário Nikolaus von Behr (nome original) foi por muitos anos colunista da Folha do Meio Ambiente.
Nascido em Cuiabá-MT, criado em Diamantino e brasiliense desde os 10 anos, Nicolas Behr (ou Nikolaus von Behr) lançou seu primeiro livro “Iogurte com Farinha” em 1977. Mesmo em impressão de mimeógrafo, vendeu mais de 8 mil exemplares. De mão em mão, igualzinho ainda vende hoje mudas, sementes e flores no seu viveiro Pau-Brasília, no Lago Norte da Capital. Em 1982 fundou o Movimento Ecológico de Brasília. A partir de 1989 escreveu uma coluna sobre mídia ambiental na Folha do Meio Ambiente. Tem um livro dedicado às árvores: “Iniciação à Dendrolatria” com cerca de 130 poemas, com temática ecológica.
E o que é dendrolatria? A explicação é do poeta-viveirista: “Dendro em grego quer dizer árvore. Daí temos o dendrofóbico, o dendroclasta, o dendrocida, o dendrologista e o dentrólatra. Dendrolatria é, portanto, a adoração de árvores”.
E assim, plantando mudas e poesias, Nicolas vai colhendo amigos e admiradores. Acaba de colher o documentário “Braxília”, de Danyella Proença, no 43º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, que recebeu três premiações. Nicolas Behr cultiva dois viveiros: um para produção de plantas e outro para produção de poesias. Vale a pena mergulhar na obra e se esbaldar nas poesias iluminadas de Nicolas Behr. Aqui, apenas um gostinho, para fazer do leitor um pouco menos dendrocida e muito mais dendrologista.
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Ribeirão do ouro
Atravessar o ribeirão,
Pulando entre as pedras, é fácil.
Difícil é tirar aquelas pedras do lugar…
Viver é tirar as pedras do lugar…
Recordar é tentar colocá-las de volta.
Sou um poeta
Sem eira nem beira
Ninguém me chama
Manuel Bandeira
Nem tudo que é torto
É errado.
Veja as pernas do Garrincha
E as árvores do Cerrado.
Os fazedores de desertos
se aproximam
e o Cerrado se despede
da paisagem brasileira.
Uma casca grossa
envolve meu coração
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Brasilírico
Por onde vou
Levo Brasília comigo
(o peso e a culpa).
Sou um candango errante.
Amarro superquadras
às costas
Arrasto blocos
Meus eixos são espirais
Eu – lesma
na cidade-autorama.
JK pegou o bonde andando
Parou em Brasília.
Desceu!
Aí pegou bonde da História
E não desceu mais.
Os três poderes
são um só: o deles.
Nicolas Behr:
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