Dia Mundial da Água

21 de março de 2011

O recurso natural mais ameaçado pelo ser humano


Quando as águas adoecem, o meio ambiente e a saúde do homem ficam ameaçados. Ao longo da história, a ciência ajudou a descobrir muitas maneiras de substituir alguns recursos naturais de nosso planeta, como é o caso do petróleo, de materiais ferrosos e produção de energia. Mas, por mais criativo que seja o ser humano, ele jamais encontrará um outro recurso natural que possa substituir a água. Daí o alerta geral e a convocação da ONU para que habitantes do mundo inteiro, gestores e usuários, façam uma reflexão e coloquem na sua agenda uma ação efetiva de promover o bom uso da água, bem como de evitar o desperdício e a sua contaminação.


Semana da Água
Desde 1993, o Brasil tem cumprido regularmente essa determinação e faz da penúltima semana de março um tempo de trabalho, de estudos e de ações que busquem conscientizar crianças e adultos pelo bom uso e menor desperdício de água O Dia Mundial da Água, comemorado em 22 de março, foi criado pelas Nações Unidas por meio da Resolução A/RES/47/193, de 22 de fevereiro de 1993, procurando refletir as crescentes preocupações com a preservação do meio ambiente e com a finalidade específica de sensibilizar as populações para a importância do uso racional da água. Os cientistas já detectaram que os recursos hídricos vem emitindo sinais de escassez e de verdadeira fadiga com os maus tratos que recebem do ser humano. Considerando que o Brasil ostenta a condição de maior potência do mundo em termos de disponibilidade de água, essa data se reveste de muita importância para o País, sobretudo levando-se em conta que ainda se constatam episódios de perversa degradação e de mau uso de seus recursos hídricos.
Para o professor da Universidade Federal da Bahia, o engenheiro Raymundo Garrido, “o Brasil tem procurado fazer a sua parte, mas ainda é pouco para o tamanho do dever de casa”. Explica Garrido que o principal problema é o tratamento de esgotos das cidades, cuja cobertura dos serviços é acanhada. “Reconhecemos que, mesmo sem uma legislação clara para o saneamento ambiental, as grandes aglomerações urbanas brasileiras vão, pouco a pouco e por meio de diversos programas, vencendo o seu passivo no tratamento desses esgotos”, lembra ele e acrescenta: “A Agência Nacional de Águas criativamente desenvolveu o Programa de Despoluição de Bacias – PRODES, de espetacular efeito demonstrativo sobre como se pode rapidamente disseminar a solução”.


Movimento Cidadania pelas Águas
Em 1995, quando Paulo Romano era Secretário de Recursos Hídricos do Ministério do Meio Ambiente, ele lançou o Movimento da Cidadania pelas Águas. Paulo Romano partiu de uma idéia simples: sugeriu que se adotasse, para a água, o mesmo que se fez em relação à criança: muitas campanhas de proteção, de vacinação e até de engajamento escolar. Uma forma de divulgar, de educar, de conscientizar e de protege-las de maus tratos. E, tão importante quanto, é medir, de tempos em tempos, os resultados deste esforço. O movimento cresceu em alguns estados e, depois, recuou em outros. O importante é que este movimento seja retomado e aperfeiçoado com força total, sobretudo no que se refere à medição dos resultados. O Dia Mundial da Água constitui uma ocasião especial para se revisitar a agenda da cidadania pela água. Tempo de refletir sobre o que se pode fazer em favor das águas do Brasil e do mundo.


As autoridades representando os governos federal, estadual e do Município no palco principal da cerimônia para entrega da Comenda, tendo como cenário o Parque das Águas de São Lourenço.


 


O governador Antônio Anastasia ao chegar a Sâo Lourenço para o evento do Dia Mudial da Água, do aeroporto ele e sua comitiva embarcaram no Trem das Águas para o centro da cidade. Domingo, dia 20, depois de uma caminhada pelo Parque das Águas, onde estão as fontes carbogasosas, o governador presidiu a solenidade da Comenda Ambiental Estância Hidromineral de São Lourenço. Além de reconhecer a importância das águas que nascem nesta região, Anastasia assumiu compromisso com a preservação desse patrimônio natural e garantiu que seu governo está mobilizado na preservação das águas do circuito de São Lourenço, Caxambu, Lambari, Cambuquira e Passa Quatro. “Estas águas são um patrimônio não só brasileiro, mas também mundial”, salientou o governador.


TRIBUTO ÀS ÁGUAS
A homenagem de Minas Gerais ao patrimônio único de recursos hídricos do Circuito das Águas


A Semana da Água em Minas Gerais foi aberta, oficialmente, em São Lourenço, no sul do Estado, com um evento que entra para o calendário ambiental do País: a entrega da “Comenda Ambiental Estância Hidromineral de São Lourenço – MG”, pelo governador Antônio Anastasia a cidadãos que se destacaram com ações na área do Turismo, da Cultura e da Preservação Ecológica e Ambiental. O objetivo foi atrair a atenção do Brasil e do mundo para as águas que fizeram Minas Gerais ficar conhecida como a “caixa d’água do Brasil”, destacando a região sul, onde se concentra um número inestimável de nascentes de qualidade especial.


Manisfesto ao governador


Neste primeiro ano de evento, 41 prefeitos da região entregaram ao governador um manifesto solicitando ajuda para implantar ações preventivas de enchentes. Os municípios banhados pela bacia do Rio Verde pediram o comprometimento do governador Anastasia para a implantação de um sistema de prevenção, com monitoramento, alerta e contenção de águas de enchente. O sistema possibilitará o deslocamento antecipado de populações ribeirinhas e a adoção de providências que reduzam os riscos de segurança nas rodovias e minimizem os prejuízos do comércio.
O movimento tem o apoio do Comitê da Bacia do Rio Verde que também prevê, no seu Plano Diretor, o “controle” das águas por meio da cobrança pelo uso.  Reivindicações, medalhas e muita música marcaram a entrega da Comenda da Água. Artistas da cidade abriram as comemorações com shows na principal praça da cidade, em frente ao Parque das Águas, onde estão as fontes de água mineral. O cantor e compositor Fávio Venturini comandou artistas convidados no Tributo às Águas. Afinal, naquela região banhada pelo rio Verde e abraçada pela serra que ganhou dos índios o nome Mantiqueira, que em Tupi-guarani significa “serra que chora”, a água é um patrimônio.



O prefeito Zé Neto, de São Lourenço, e o governador Antônio Anastasia foram condecorados pelo chanceler da Comenda, Eugênio Ferraz.


 


Fontes medicinais de São Lourenço


Fonte Oriente – (fluoretada)  Diurética, digestiva e para e intoxicações.
Fonte Andrade Figueira (magnesiana) – Indicada para o fígado e vesícula biliar.
Fonte Vichy – (alcalina)Esse tipo de água só foi encontrado em São Lourenço e em Vichy, na França. É eficiente no tratamento de úlcera péptica, problemas gástricos e renais.
Fonte Primavera (ferruginosa)Para casos de anemia, astenia e anorexia.
Fonte Alcalina (bicarbonata)Ajuda na eliminação de ácido úrico e cálculos renais.
Fonte Jayme Sotto Mayor (sulfurosa)É laxativa. Também é usada para tratar diabetes, doenças do colágeno e alergias.


BACIA DO RIO VERDE


Segundo explica o prefeito Zé Neto, de São Lourenço, a Bacia Hidrográfica do Rio Verde é o berço das nascentes carbogasosas. Mas o rio, que percorre 220 Km, da nascente, na serra da Mantiqueira, até desaguar no rio Grande (que abastece a represa de Furnas) também é o vilão de grandes prejuízos na região. “No período de chuvas, moradores do sul de Minas, assim como comerciantes e produtores agrícolas, sofrem com as cheias do rio. As inundações ainda oneram as prefeituras e afastam os turistas que movimentam a economia”, explica o prefeito e lembra que “no ano 2000, por exemplo, São Lourenço sofreu com uma das piores cheias do rio Verde. Por isso, a festa criada como um tributo às águas também foi e será um momento de levantar bandeiras”.


Prioridade na preservação


Para a região turística, conhecida como Circuito das Águas, é fundamental que a preservação deste recurso natural seja prioridade. Porém, um estudo realizado pelo Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) constatou que ainda há muita falta de conscientização entre os usuários das águas da bacia do Rio Verde, que abrange 23 sedes municipais somando 430 mil habitantes.
Para os ambientalistas, a sociedade precisa trabalhar mais em projetos coletivos e há urgência em  valorizar a água mineral não só como bem econômico, mas também como bem ecológico, sociocultural e medicinal.
A descoberta das primeiras fontes na região ocorreu no século 18. Nos anos 40, as cidades do Circuito (São Lourenço, Cambuquira, Caxambu, Lambari e Passa Quatro) viveram seu momento de glória, com o  parque hoteleiro funcionando também com cassinos. “Naquela época, a crenologia  – estudo das águas minerais – fazia parte do curriculum das faculdades de medicina”, explica Sidney Cabizuca, médico e líder do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Verde. “Havia médicos especializados nessa cadeira, mas, no pós-guerra, a cultura do termalismo sofreu com a influência da indústria farmacêutica e praticamente acabou”, lamenta Cabizuca.


Leia mais sobre o DIA MUNDIAL DA ÁGUA


RAYMUNDO GARRIDO – Entrevista


Água, Educação e Cultura
A literatura sobre a água é ampla, verdadeiramente fantástica e ajuda a escrever a história dos povos.