Folha do Meio Ambiente

UM POETA METIDO EM ÁGUAS.

Do Pantanal, Manoel de Barros:

A ciência pode classificar e nomear os órgãos de um sabiá, mas não pode medir seus encantos.

A ciência não pode calcular quantos cavalos de força existem nos encantos de um sabiá.

Quem acumula muita informação perde o condão de advinhar: divinare.

Os sabiás divinam.

(BARROS, Manoel, Livro sobre nada. Rio de janeiro: Record, 1996, pg. 53)

PARA ENTENDER A CAATINGA E SUA GENTE

Um roteiro mínimo. Você vai e circula no Raso da Catarina, uma unidade de conservação na Bahia.

Bebe a água do São Francisco, no trecho entre Ibotirama e Paulo Afonso.

Conhece Uauá, Jeremoabo, do lado baiano; conhece Ouricuri, Exu e Serra Talhada, nas bandas de Pernambuco.

Mas também tem Caatinga em Alagoas, Sergipe, Piauí, Maranhão. Mas isso é pouco.

O sertão, como dizia Guimarães Rosa, está dentro da gente.

Caatinga: OUTRO JEITO é pelas artes.

Na literatura, o poema de João Cabral de Melo Neto, "Vida e Morte Severina"; o romance de Graciliano ramos, "Vidas Secas", a narrativa de Euclides da Cunha, "Os Sertões".

Por sorte, "Vidas Secas" rendeu um grande filme nas mãos de Nelson Pereira dos Santos. "Os Sertões" nunca rendeu um bom filme, paciência.

Rende bons estudos, como o de Frederico Pernambucano de Mello, "A guerra total de Canudos".

"Vida e Morte Severina" se transformou em quadrinhos (Miguel Falcão) e agora é filme, filme de animação, produção da Ozi, de Brasília. Pedidos de "Morte e Vida Severina" no site da Fundação Joaquim Nabuco (www.fundaj.gov.br), inventora dessas coisas.

Parabéns!

MÚSICA DE LENINE

Em 2008 o cantor e compositor Lenine lançou o CD "Labiata", com pelo menos três músicas tratando da questão ambiental.

Uma delas, "É fogo" (Lenine/Carlos Rennó), fala de como os ambientalistas, hippies e "alternativos" – que denunciaram a devastação da natureza e os riscos dessa devastação – foram tratados com deboche pelos cientistas e pelos poderosos.

Agora essas "profecias" se confirmam. Espero que eles – os poderosos do saber ou da política – tenham aprendido a lição. Diz a letra:

Éramos uma pá de "apocalípticos",

De meros "hippies", com um "falso" alarme…

Economistas, médicos, políticos

Apenas nos tratavam com escárnio.

Nossas visões se revelaram válidas,

E eles se calaram – mas é tarde.

As noites ?tão ficando meio cálidas…

E um mato grosso em chamas longe arde:

(…)

Éramos "uns poetas loucos, místicos"…

Éramos tudo o que não era são;

Agora são – com dados estatísticos –

Os cientistas que nos dão razão.

RÁDIO E CRIANÇA

A boa notícia vem do Pará.

Já está no ar, pela Radio Web UFPA (www.radio.ufpa.br) o programa Eureka!, destinado a divulgação da ciência para a criançada.

Horário: 11 horas. Garotos e garotas, ouvidos ligados nas ondas do rádio.

A produção promete muita arte e imaginação, como as crianças merecem.

XINGU BAIXA EM ALTO PARAÍSO

Vem aí a 11ª edição do "Encontro de culturas tradicionais da Chapada dos Veadeiros", quando etnias indígenas e quilombolas se encontram para oficinas, mostra de artes, debates, danças e prosas. (www.encontrodecultura.com.br)

Data: 22 a 30 de julho, na Fazenda Moça Bonita, ao lado do povoado de São Jorge. Boa nova: a construção de uma oca xinguana no espaço.

Vai ser a primeira vez a se construir uma oca xinguana fora do Parque do Xingu.