Fotografia de natureza

ICMBio como ficar bem na foto

11 de junho de 2011

A imagem de natureza não apenas alegra e dá prazer como também fala, grita e pede por socorro.

Segundo o repórter fotográfico Gustavo Pedro, mentor e diretor da Afnatura, “a fotografia de natureza sempre caminhou de mãos dadas com as ações de educação e preservação ambientais, motivando fotógrafos de todo Brasil a se mobilizarem por causas relevantes, seja na conservação de espécies ou mesmo criação de Unidades de Conservação”.

“O que não pode – salienta Gustavo Pedro –  é distanciar a classe dos fotógrafos, sejam amadores ou profissionais, da causa ambiental e dos órgãos que fazem a gestão do meio ambiente”. E acrescenta: “A falta de compreensão de alguns tecnocratas do meio ambiente sobre a atividade da fotografia gerou normas para atividade incompatíveis com a sustentabilidade da produção fotográfica nos parques nacionais e nas reservas ambientais. Esta visão burocrática acabou por distanciar os fotógrafos de natureza dos órgãos que administram o meio ambiente, sejam eles federais, estaduais e municipais”.


Novo caminho –  O próprio Gustavo Pedro admite que tem uma luz no fim do túnel e surge uma nova era de parcerias. O ICMBio colocou em consulta pública, por trinta dias iniciada em 1 de junho, a oportunidade do público ajudar na regulamentação da captação de imagem em unidades de conservação federais, através de formulário na internet.


Para o diretor da Afnatura, o equívoco do texto apresentado pela Instrução Normativa foi se basear na norma anterior expedida antes da criação do Sistema Nacional de Unidades de Conservação-SNUC, pois para ele a imagem da UC não se confunde com a própria foto.


Sua argumentação é cartesiana: “A imagem não está relacionada entre a definição de recursos ambientais, assim esta deve ser interpretada em conjunto com a legislação que define qual são os patrimônios imateriais brasileiros, com relevância para paisagens naturais protegidas por instrumentos próprios, como o tombamento de monumentos naturais e a desapropriação de obras artísticas.


Para Gustavo Pedro “o momento é decisivo para o órgão ambiental conjugar políticas ambientais com diretrizes de uma política cultural nacional”.


 


A falta de compreensão de alguns tecnocratas do meio ambiente sobre a atividade da fotografia gerou normas para atividade incompatíveis com a sustentabilidade da produção fotográfica nos parques nacionais e nas reservas ambientais.


Esta visão burocrática acabou por distanciar os fotógrafos de natureza dos órgãos que administram o meio ambiente.


Gustavo Pedro, diretor da Afnatura


 


ICMBio: encontro no Rio


O presidente do ICMBio, Rômulo Melo, teve uma primeira reunião com o Conselheiro da Afnatu ra, o reporter-fotográfico de natureza, Fábio Colombini que sugeriu um novo encontro da Associação com a diretoria do ICMBio para que sejam apresentadas novas propostas na redação da Instrução Normativa ora em consulta pública. Este encontro deve acontecer ainda neste mês de junho no Instituto de Pesquisas Botânicas do Rio de Janeiro. Nesta reunião, a Afnatura vai apresentar a experiência bem sucedida do Jardim Botânico do Rio de Janeiro que incentiva todas as formas de arte com princípios ambientais como forma de educar, preservar e de divulgar o espaço.



Bom para o ICMBio


Gustavo Pedro explica que a aproximação do ICMBio parece estratégica, num momento que a própria imagem do Instituto está um pouco negativa devido sua aproximação com grandes empreendimentos que estão mudando a paisagem em diversas UCs federais. E também pela previsão de investimentos nos parques para que eles tenham melhor infraestrutura para atender a demanda de visitação, tendo em vista os grandes eventos para os próximos anos como a RIO+20, a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas. Gustavo Pedro é taxativo: “As ONGs já perceberam o poder da fotografia em sintetizar a mensagem de preservação ambiental, incluindo em seus projetos o custo do licenciamento fotográfico na comunicação social e propondo parcerias conjuntas com fotógrafos, o que contempla a política nacional da cultura – de fomentar a economia criativa valorizando nossos artistas com incentivos à produção nacional. Agora é a chance do ICMBio fazer o mesmo caminho, buscando uma aproximação amistosa que não coloque a fotografia em atividades ameaçadas de extinção em UCs federais”.



Sinalização


O fotógrafo José Caldas, presidente da Afnatura, explica que tem muitas propostas à apresentar ao ICMBio, entre elas uma melhor sinalização voltada para o fotógrafo, tanto amador e como profissional, com informações detalhadas sobre os ecossistemas e espécies da flora e fauna. “Esta é uma boa estratégia de aproximação do público para conscientizar, educar e ajudar na conservação de nossos biomas valorizando nossas paisagens neste processo de transformação”, garante José Caldas que está com o tema em exposição fotográfica, na programação do FOTORIO 2011.


Tanto Gustavo Pedro, como José Caldas e Fábio Colombini têm uma mensagem para as autoridades ambientais: “O Brasil precisa ficar bem na foto diante do Mundo. O momento parece decisivo para sair do discurso para a prática, a fim de buscar a valorização da imagem de natureza.


Não só do belo e do singular, mas também das denúncias, da agressão às florestas, do desmatamento e da poluição aos mananciais. A imagem não apenas alegra e dá prazer como também fala, grita e pede por socorro”.



 


Beija-flor-tesoura (Eupetomena macroura)


 


 


 


 


Abaixo o Lajedo, Reserva Particular de Pai Mateus-PB


 


 


 


Saiba Mais


Formulário de contribuição: http://bit.ly/consultapublicaimagens


Para tirar dúvidas: e-mail [email protected]. ou http://www.afnatura.org.br/fato/66


A exposição fotográfica “Brasil e transformação da paisagem”, de José Caldas, fica até o dia 26 de junho no Museu Histórico Nacional no Rio de Janeiro: http://www.brasileatransformacaodapaisagem.com/