INVENÇÃO DO COGUMELO

19 de julho de 2011

A fala do Cerrado

“No Cerrado há poeta de toda maneira


Poetas de Tribo, poetas Radicais,


 Poetas sem eira e poetas do Beira


Esse Grande Barco fez daqui um cais”.


Marina Mara


 


Cinema ambiental


O Festival de Cinema Ambiental (FICA) deste ano, realizado como sempre em Goiás Velho, terra e inspiração de Cora Coralina, premiou como melhor obra “Bicicletas de Nhanderu”, dos pernambucanos Ariel Ortega e Patrícia Ferreira. Mas um filme que causou alvoroço –  pela qualidade e pela denúncia – foi o documentário italiano “Polvere – O grande Processo do Amianto”. Trata do processo contra a multinacional Eternit, que tinha indústria na cidade de Casale Monferrato, onde 3 mil pessoas morreram ou estão morrendo por causa da fibra de amianto. O filme aborda a produção e uso do amianto no mundo, com cenas na Itália, Brasil, Canadá e África. O amianto, uma fibra cancerígena, é proibido é mais de 50 países. No entanto, por motivos econômicos (faz bem ao bolso de uns poucos) no Brasil ainda é comercializado. A maior mina de amianto da América do Sul, a SAMA, está localizada em Minaçu, Goiás. Vetado nos países ricos, metade da produção nacional é exportada para os países pobres; a outra metade é vendida no Brasil, principalmente para telhado de pobre.



Cinema para criança


E os filmes infantis? O cinema americano está conseguindo um feito: produzir filmes infantis também apreciados pelos adultos. Com a temática ambiental foram feitos vários, mas o melhor de todos ainda é “Wall-e”. Lançado em 2008, “Wall-e” é um filme infantil que faz uma crítica direta ao consumismo mas, principalmente, à vida acomodada dos adultos.


Nem toda produção dá certo. Às vezes se produz um filme para adulto achando que criança também vai gostar. É o caso de “Rango”, um desenho em 3D de bang-bang (e muito bang) lançado em 2010, cujo conteúdo era a violência típica dos antigos filmes de faroeste – vingança e muita bala. No geral, a nova safra de filmes norte-americanos infantis adota uma pedagogia diferente, inteligente. Não existe mais o professor maniqueísta, fruto do moralismo cristão, ensinando que a criança deve fazer isso ou aquilo, tão comum (ainda hoje) em filmes nacionais. Agora são os personagens que fazem o certo e o errado. E o personagem pode mudar de caráter com o desenrolar do filme-  quem era do bem pode se tornar do mal e vice-versa.



Música de alma negra


Essa é para quem tem alma. É para quem gosta de boa música. E como dizia Chico César, “alma não tem cor”. Se é assim… A boa notícia vem da Bahia. Da terra que polui o mundo com o axé, brotou algo raro e sensacional. Está nas ruas o CD “Pèrègún e outras fabulações da minha terra”, assinado por Félix Ayoh – OMIDIRE. O álbum contém cantigas de domínio público yorubá-africano. Trata-se de uma iniciativa do Centro de estudos afro-orientais da Universidade Federal da Bahia em convênio com a Obafemi Awolowo University da Nigéria. O resultado? Muito bom. É para se ouvir e viajar nesse canto de alma negra.