Incêndios florestais

Vem aí uma “explosão” de focos de queimadas

20 de julho de 2011

Como o desmatamento aumentou, o fogo continua sendo a forma de manejo mais utilizada para limpeza de terrenos

Pelo fato do primeiro incêndio florestal ter ocorrido no final do mês de maio e início de junho, ainda quando o mato estava um pouco verde, os bombeiros estão preocupados com os meses de julho e setembro. “O frio e a falta de chuva vai deixar a vegetação muito mais seca. Já sabemos que teremos muitos problemas, por exemplo, no Parque Nacional da Serra da Canastra, onde todo o ano os focos de incêndios são muitos e o combate ao fogo é muito difícil.


A Região Centro-Oeste é a que mais poderá sofrer com isso. O fogo é a forma de manejo mais utilizada para limpeza de terrenos antes da implantação de pastagem. Mato Grosso poderá registrar mais ocorrências porque até agora é o estado que mais desmatou”, afirmou José Carlos Mendes de Morais, coordenador do Prevfogo.


Segundo o INPE, dos 593,0 km² de desmatamento detectados entre março e abril na região da Amazônia legal, 480,3 km² ficam em Mato Grosso. Uma das regiões mais afetadas foi a fronteira entre o Cerrado e a Amazônia.


“Essas áreas estão embargadas e nada poderá ser feito porque houve o desmatamento ilegal. Nós aumentamos nossa fiscalização em Mato Grosso, onde há vários casos de fragilidade, e ainda analisamos ocorrências graves em Rondônia, Tocantins e Pará, estados que no ano passado registraram grandes quantidades de queimadas”, disse Morais.


O Prevfogo conta com 2.500 funcionários entre analistas, brigadistas e técnicos. “É um apoio do governo federal às esferas estadual e municipal no combate às queimadas”, complementou o coordenador do sistema de prevenção aos incêndios.


 


Crescimento bastante preocupante


Levantamento feito pelo Ibama no estado de Rondônia já aponta um crescimento de 10% nos casos de queimada entre janeiro e junho deste ano. De 1º de janeiro a 13 de junho de 2010, foram registrados 306 focos de calor no estado. No mesmo período de 2011 já são 338, principalmente nas margens de rodovias federais, o que dificulta o combate.


No Brasil, foram detectados por satélite 133.149 focos de incêndio no ano passado, a maioria concentrada em Mato Grosso (35 mil), Tocantins (18 mil) e Pará (17 mil).


“Isso acontece quando há pouca chuva. Não foi recorde histórico, mas acredito que este ano o número será bem maior em virtude do alto desmatamento”, afirmou o coordenador do Prevfogo.


Segundo Philip Fearnside, pesquisador de ecologia do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), áreas do estado do Amazonas também serão atingidas pelas queimadas, mas a partir de agosto.


“É a forma encontrada pelos agricultores para adicionar mais pH ao solo para a agropecuária. Sabemos que o avanço do desmatamento vai causar também o avanço nas queimadas, isto é fato”, disse o especialista. “Ainda estamos longe do pico dos incêndios e acredito que eles só vão aumentar ano após ano devido ao avanço na devastação das florestas”, disse Fearnside. Em Belo Horizonte, o Parque Rola Moça já perdeu 10 hectares com incêndio florestal. Em MT, satélites detectaram centenas de novos focos de fogo.


A temporada de incêndios florestais começou mais cedo. Em Minas Gerais, no final de maio e início de junho, bombeiros combateram incêndio no entorno do Parque Estadual da Serra do Rola Moça, entre Ibirité e Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Segundo explicou o comandante da operação de bombeiros, parte das chamas que se dirigia ao parque e à Serra da Jangada foi extinta com dificuldade. Uma aeronave foi usada na ação para transportar os bombeiros até a área de difícil acesso e lançar bolsas de água sobre o fogo. Segundo os bombeiros, o incêndio começou próximo ao lixão de Ibirité. Neste local, as chamas demoraram muito para serem controladas. Aproximadamente 35 militares participaram da operação e foi atingida uma área de, aproximadamente, dez hectares.


Em outras partes do Brasil, deverá acontecer o mesmo. No Cerrado, do planalto central, próximo a Brasília, e também em Goiás, Tocantins e Mato Grosso a temporada será de fortes queimadas.


Um militar do Corpo de Bombeiros de Brasília foi mais longe em sua avaliação: “Se o desmatamento – que tem um maior controle do governo federal – este ano saiu totalmente do controle e teve um aumento de quase 30%, imagina só o fogo”.


fone:193: Emergência
Para a coordenação  do Sistema Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo) no DF este ano o monitoramento tem que ser mais forte. Por exemplo, o Parque Nacional de Brasília tem 44 mil hectares e precisa ser montado um plano operacional para prevenir as queimadas e combater qualquer incêndio com muita rapidez. 


 


Queimadas seguem o rítmo do desmatamento


Após o pico de desmatamento, uma nova ameaça para as florestas do Mato Grosso: as queimadas. Na última semana, satélites do INPE detectaram 74 pontos de focos de incêndio no estado que significa 38% do total registrado no País. A situação é mais preocupante nas áreas estabelecidas como unidades de conservação. As próprias terras indígenas, segundo o INPE, estão em perigo, registrando quatro focos de incêndios. Nestes últimos seis meses, Mato Grosso registrou 595 focos de fogo, a maior quantidade do País. O pior de toda esta história é saber que a grande maioria das queimadas é provocada pela ação humana.


 


Governo vai fazer monitoramento diário das queimadas
Alerta máximo dos governos para o combate aos incêndios florestais


O Governo Federal e os governos estaduais do Sudeste, Norte e Centro-Oeste estão em estado de alerta máximo para as queimadas. O secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente, Francisco Gaetani, abriu a primeira rodada de encontros com todos os setores envolvidos: Forças Armadas, Força Nacional, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Nacional, Defesa Civil, ICMBio e Ibama para unificar as ações de combate às queimadas e aos incêndios florestais.


De agora em diante, segundo Francisco Gaetani, serão realizadas reuniões semanais para monitorar o foto em todo o Brasil. Mauro Pires, o diretor de Políticas de Combate ao Desmatamento, informa que a partir de agosto as reuniões serão diárias. Nas áreas consideradas críticas no momento, como na Serra Geral de Tocantins (TO), várias medidas já estão em curso. Desde a semana passada, os órgãos ligados ao setor contam com quatro aeronaves e 49 brigadistas para combater os incêndios. As autoridades também estão em alerta para os Estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.


O INPE já colocou à disposição da população informações diárias sobre a situação das queimadas em todo o País. Na página da internet estão reunidas todas as informações que mostram passo a passo a evolução desses focos de queimada. O endereço eletrônico é: sigma.cptec.inpe.br/queimadas/ e está presente no menu esquerdo do “site” do Inpe em “Queimadas”.



 


“Combate ao desmatamento na Amazônia Legal e intensificação no monitoramento dos incêndios florestais foram os principais temas de discussão do encontro do 1º Fórum dos Secretários de Estado do Meio Ambiente da Amazônia Legal, realizado em Cuiabá-MT, presidido pela ministra Izabella Teixeira, do Meio Ambiente.”


 


Saiba mais


Onde é proibido usar fogo


– Nas florestas e demais formas de vegetação;


– Para queima pura e simples de aparas de madeira, resíduos florestais e material lenhoso;


– Também não se pode usar fogo numa faixa de 15 metros dos limites de segurança das linhas de transmissão de energia elétrica;


– Cem metros ao redor da área de domínio de subestação de energia elétrica;


– Vinte e cinco metros ao redor da área de domínio de estações de telecomunicações;


– 50 metros a partir do aceiro existente nas Unidades de Conservação;


– 15 metros de cada lado das rodovias estaduais e federais e das ferrovias, medidos a partir da faixa de domínio;


– Em área definida pela circunferência de raio igual a onze mil metros, tendo como referência o centro geométrico da pista de pouso dos aeroportos.



O que é queimada?


A queimada é prática agropastoril ou florestal que utiliza o fogo de forma controlada para viabilizar a agricultura. A queimada deve ser regida pela aplicação controlada do fogo à vegetação natural ou plantada, sob determinadas condições ambientais que permitam que o fogo mantenha confinada a área, dentro de uma intensidade de calor e uma velocidade de propagação compatíveis com os objetivos do manejo. A queima deve ser autorizada pelo Ibama ou pelo órgão estadual competente.


 


Queimada controlada


O fogo sem controle incide sobre qualquer forma de vegetação, podendo tanto ser provocado pelo homem quanto por uma causa natural. Veja como fazer a queima controlada:


1 Conseguir autorização correta dos órgãos ambientais competentes;


2 Definir as técnicas, os equipamentos e a mão-de-obra a serem utilizados;


3 Fazer o reconhecimento da área e avaliar o material a ser queimado;


4 Promover o enleiramento dos resíduos de vegetação, de forma a limitar a ação do fogo;


5 Preparar aceiros de no mínimo três metros de largura, ampliando essa faixa quando as condições climáticas, ambientais e topográficas assim o permitirem;


6 Providenciar pessoal treinado para atuar no local da operação, com equipamentos apropriados;


7 Comunicar formalmente aos vizinhos a intenção de realizar a queimada controlada;


8 Prever a realização da queima em dia e horário apropriados, evitando-se os períodos de temperatura mais elevada;


9 Providenciar o acompanhamento de toda a operação de queima, para, se necessário, adotar a tempo, medidas de contenção de fogo.