Boca no Trombone!

O Brasil precisa conciliar preservação e produção

22 de agosto de 2011

“É consenso que o Código Florestal vigente precisa de uma revisão. Mas ninguém discute isso hoje, depois que o próprio processo de revisão retirou a capa de mentiras, muitas das quais sustentadas pela mídia, que escondia uma lei que indiscutivelmente precisa de revisão sob a miragem de que tínhamos “a legislação ambiental mais moderna do… Ver artigo

“É consenso que o Código Florestal vigente precisa de uma revisão. Mas ninguém discute isso hoje, depois que o próprio processo de revisão retirou a capa de mentiras, muitas das quais sustentadas pela mídia, que escondia uma lei que indiscutivelmente precisa de revisão sob a miragem de que tínhamos “a legislação ambiental mais moderna do planeta”.


O Brasil precisa de uma legislação moderna, que concilie preservação e produção. E tem potencial para as duas coisas. Mas a atualização do Código Florestal depende, também, de uma imprensa que possa pensar por si mesma, de jornais que consigam ser imparciais ao invés de apenas regurgitarem pautas alheias.


Antes do movimento de reforma da lei empreendido por Aldo Rebelo a sociedade brasileira estava tranqüila achando que tinha uma das mais modernas legislações ambientais do mundo. Muitos produtores rurais foram presos, multados, tiveram suas áreas embargadas, foram obrigados a destruir parte dos seus cultivos, alguns foram expulsos de suas casas, muitos venderam suas terras, enquanto vários jornalões estavam a repetir o bordão da melhor lei ambiental do mundo e alheios à necessidade de reforma.


O sentimento cultivado no campo pela opressão dos órgãos públicos ao brandir a lei “que precisa de reforma”, foi precisamente o que gerou os 411 votos favoráveis na Câmara, que muitos não compreendem.


A crise em torno do Código Florestal é também uma evidência de problema no funcionamento da imprensa nacional, que se urbanizou junto com a população e perdeu a capacidade de ler corretamente o que acontece para além das áreas urbanas. A imprensa nacional trata o campo através do prisma mofado de grandes oligarcas latifundiários oprimindo camponeses indefesos. Esse rótulo há muito não se encaixa nos dilemas do campo, mas muitos jornalistas não sabem como cobrir os temas não urbanos sem ele.


O movimento ambiental aprendeu a tirar vantagem da sua fragilidade e o impinge a esmerilhar uma guerra entre o homem do campo, o brasileiro que construiu uma das mais fortes, modernas e impressionantes máquinas de produzir alimentos do mundo, contra o brasileiro urbano, legitimamente preocupado com o meio ambiente, com a saúde ambiental da Amazônia”.


Prof. Ciro Siqueira – Engenheiro Agrônomo, amazônida, pós-graduado em economia ambiental e geoprocessamento.