Google Street View da floresta

22 de setembro de 2011

Triciclo e barcos com câmeras mapeiam o rio Negro, comunidades e a floresta Amazônica

“É muito importante mostrar o ambiente e o modo de vida da população nativa, mas também é importante sensibilizar o mundo para os desafios das alterações climáticas, da desflorestação e do combate à pobreza”.


Virgílio Viana


O projeto está sendo realizado pelo Google em parceria com a Fundação Amazonas Sustentável. As imagens do rio Negro serão capturadas por barcos acoplados a um triciclo com câmeras. Esse veículo também será usado em terra para mapear as comunidades da região, em vez do carro que normalmente faz as fotografias nas cidades incluídas no Street View, que não poderia circular pela floresta. Os promotores do projecto querem que as imagens panorâmicas destes lugares remotos sirvam de alerta para os perigos da desflorestação. (Ver matéria páginas 18 e 19)



 O pesquisador Thomas Lovejoy ajuda a colocar as reentrâncias dos rios e da floresta no sistema  Google Street View.


 


Como surgiu a idéia


Tudo começou quando o superintendente da Fundação Amazonas, Virgilio Vianna, conheceu dois executivos do Google durante um debate sobre alterações climáticas em Copenhaque. Virgílio fez a proposta que foi imediatamente aceita. Uma equipe técnica do Google está no Brasil para treinar funcionários da Fundação e alguns nativos, que serão os responsáveis pelo trabalho que vai registrar o quotidiano das comunidades, tal como já aconteceu em Nova York, Paris, Londres, Rio de Janeiro, Brasília e Lisboa.
“O que queremos é que estas pessoas mostrem a floresta e as suas comunidades do seu ponto de vista”, lembra Virgílio Vianna. “É muito importante mostrar o ambiente e o modo de vida da população nativa, mas também é importante sensibilizar o mundo para os desafios das alterações climáticas, da desflorestação e do combate à pobreza”, salienta. O trabalho vem sendo realizado de forma pioneira, pois está sendo um grande desafio para os técnicos do Google. As fotografias são feitas por carros, por barcos e por um triciclo que tem um sofisticado equipamento para filmagem em 360 graus.
Para Tuxen-Bettmen, do Google, a experiência é diferente mas está compensando o trabalho. “Estamos acostumados a fazer imagens de lugares que têm endereços formais, o que não é o caso destas comunidades, e muito menos dos rios e da floresta”, observa Tuxen-Bettmen. O resultado final poderá depois ser visto no Google Maps e no Google Earth, com fotografias de alta definição de uma das regiões mais belas e menos acessíveis do planeta.