Editorial
20 de outubro de 2011Steve Jobs e a felicidade A morte de Steve Jobs deu, mais uma vez, oportunidade de se discutir a questão do que é a vida em relação à tecnologia. De como os bytes, os chips e os iTecs complementam o dia-a-dia do homem. Impressionou-me como as mensagens e os depoimentos de pessoas ligadas aos mais… Ver artigo
Steve Jobs e a felicidade
A morte de Steve Jobs deu, mais uma vez, oportunidade de se discutir a questão do que é a vida em relação à tecnologia. De como os bytes, os chips e os iTecs complementam o dia-a-dia do homem. Impressionou-me como as mensagens e os depoimentos de pessoas ligadas aos mais variados setores colocaram a questão da informática no centro de uma discussão sobre qualidade de vida.
Os twiteres serviram de desabafo universal nos quatro cantos do mundo:
– Reconheço: quem tem algum tipo de contato com tecnologia e, por incrível que pareça, quem também não tem contato com tecnologia foi afetado pelo trabalho de Steve Jobs.
– Nunca a obra de uma pessoa esteve tão presente na minha vida.
– Os equipamentos da Apple se tornaram produtos de primeira necessidade. Para mim é como a água, luz e trigo.
– Quando Jobs preparava um lançamento eu já não me continha. Sonhava com o novo produto. Minha felicidade era total quando aquele lançamento chegava às minhas mãos.
Quando a tevê anunciou a morte de Jobs, fui imediatamente ao computador para rever o discurso de formatura que ele fez na Universidade de Stanford, em junho de 2005. Antes de contar três histórias para os formandos [1- Ligando pontos: como abandou o colégio e a faculdade. / 2- Amor e perda: como usou a garagem de seus pais para montar a Apple. / 3 – De frente para a morte: sua lucidez em jogar com o último dia de vida] ele deu uma lição de coragem e humildade ao falar sobre sua adoção.
Quando terminei a leitura compassada de seu discurso, como se fosse uma oração da noite, parei para pensar: como terá sido o comportamento daqueles alunos naquele auditório? O olhar de cada um… a respiração… o final da cerimônia…
O discurso de Steve Jobs é o roteiro completo e perfeito de um filme. Não precisa de mais nada. Ele próprio narra seu documentário que a imaginação da gente vai buscando imagens para ilustrar suas três histórias. Fora do roteiro original, só a reação de cada jovem formando. Passados mais de duas semanas da morte de Jobs, o mundo inteiro ainda dá sinais de quão grande foi esta perda tão precoce. Sabia-se de sua genialidade, mas talvez não soubéssemos de como sua genialidade interrompida aos 56 anos, tenha inoculado tanta luz, alegria e felicidade nas pessoas.
Quem sabe as tecnologias fantásticas de interatividades, de telas touch, de voz, de sons e imagens de iPods, iPhones, iPads, iClouds e outros “i” possam trazer de volta o romantismo dos parques, dos jardins, dos pássaros, dos bom-dia-boa-tarde-e-boa-noite?
Mas como seria bom se o Homem produzisse menos bytes e mais tolerância, menos gigas e mais compreensão, menos pulse e mais solidariedade, menos informes e mais amor?
Steve Jobs deixou, entre suas lições, uma que considero a mais importante: o ser humano, na sua evolução e nas suas descobertas científicas, pode mecanizar, sofisticar e conquistar, mas só vai encontrar a harmonia e a paz se voltar aos primeiros bytes. Bem simples: quando entender que pela ciência e por todas as tecnologias disponíveis ele volte a rastrear suas próprias pegadas e, assim, facilitar o afloramento de sentimentos que aproximem corações, aumentem a tolerância e, olho-no-olho, coloquem o compartilhamento de amizades e alegrias, sorrisos e lágrimas.
Sim, o mundo precisa um “pouquinho muito” de tolerância, sorrisos e lágrimas… de alegria.