Pelo Brasil

Caatinga e Cerrado

20 de outubro de 2011

VIRANDO CARVÃO

Um dos crimes foi à grilagem de 114 mil hectares na região. A coincidência é o tamanho da área, o mesmo da Serra Vermelha, aonde a empresa JB Carbon vinha produzindo carvão da Caatinga, Cerrado e Mata Atlântica com licença ambiental fornecida pelo Ibama e pela Secretaria de Meio Ambiente do Piauí. A polícia descobriu outros casos e que os títulos das terras fraudulentas eram fornecidos pelos cartórios de Avelino Lopes, Riacho Frio, Parnaguá, Morro Cabeça no Tempo e Curimatá.


 


Máfia do carvão


Outro inquérito da Polícia Federal do Piauí-PF revela como os elementos envolvidos no esquema desenvolviam o trabalho. Conversa gravada entre empresários e atravessadores mostram que o plano para conseguir terras griladas e licenças ambientais de desmatamento envolvia mais de R$ 3 milhões em apenas uma negociata. Destes, pelo menos um milhão era destinado a pagar propina nos órgãos públicos, cartórios e magistrados.


Também já começou a desabar um dos braços fortes da máfia destinados a produção de carvão ilegal destinado as siderúrgicas mineiras. A polícia e o Ministério Pública da Bahia descobriram que o Piauí, assim como outros estados Nordestinos fazia parte do sistema de compra e venda de carvão vegetal, oriundo da Caatinga e do Cerrado. No início de agosto, foi divulgada a operação denominada Corcel Negro 2, revelando que o MP e a PF conseguiram desarticular a quadrilha prendendo 36 integrantes.


Segundo o Ministério Público, a quadrilha agia há pelo menos três anos e contava com várias células criminosas, entre elas, algumas atuavam no Piauí. O esquema funcionava de várias formas, entre elas, a exploração de pequenos produtores por atravessadores que incentivam a produção de carvão e o adquiriam por 20% do preço de mercado. Em seguida, eles saiam com a carga portando notas fiscais e o Documento de Origem Florestal-DOFs, falsos. Outra maneira era a venda de terras públicas fraudulentas somente para produção de carvão.


O relatório da PF do Piauí mostra que um dos membros da quadrilha negociou uma área de 800 hectares em Parnaguá, por R$ 200 mil e a transformou em 2 mil hectares somente para produzir carvão da mata nativa. Na conversa interceptada pela polícia, o atravessador diz que a licença ambiental para o desmatamento ele pegaria na SEMAR.


“Conversa gravada entre empresários e atravessadores mostram que o plano para conseguir terras griladas e licenças ambientais de desmatamento envolvia mais de R$ 3 milhões em apenas uma negociata”.