Editorial

21 de novembro de 2011

Rocinha: grito de alerta Rocinha pacificada. E aí? A Rocinha chegou no ponto que chegou por vários motivos. O principal deles é a omissão do poder público nas três esferas: Executivo, Legislativo e Judiciário. Depois de uma operação que movimentou vários milhões de Reais, todo aparato de guerra do governo estadual e municipal (e também… Ver artigo

Rocinha: grito de alerta

Rocinha pacificada. E aí? A Rocinha chegou no ponto que chegou por vários motivos. O principal deles é a omissão do poder público nas três esferas: Executivo, Legislativo e Judiciário. Depois de uma operação que movimentou vários milhões de Reais, todo aparato de guerra do governo estadual e municipal (e também federal) a chamada UPP chegou à Rocinha.


Agora, os desafios são muitos e em todas as ordens. Vale destacar dois:


O desafio urbanístico para recuperação de uma “cidade” totalmente degradada e buscar emprego para milhares de jovens e adultos que viviam apenas do tráfico. A Rocinha, dizem, tem mais de 100 mil habitantes. O IBGE mesmo nunca entrou na comunidade pra valer. A topografia é de morro com encostas que desafiam o equilíbrio humano, de barracos e de ruas. Por tudo isto, há uma carência total de infraestrutura de transporte, de mobilidade pessoal (andar a pé), acrescida de total falta de saneamento básico. Nem os Correios subiam à Rocinha para entregar correspondência. A insalubridade das casas e a agressão ao cinturão verde do Rio de Janeiro podem ser vistos do coração de uma das regiões mais ricas da zona sul carioca. A Rocinha sempre foi um tumor, agora aberto pelo bisturi do poder público. E a oportunidade de curá-lo precisa usar de meios ortodoxos e heterodoxos. Se não voltará, em breve, a ser ocupado pelo crime organizado e desorganizado.


O desafio é fazer o Estado exercer sua plena função para manter todos os serviços públicos tanto na Rocinha como nas outras favelas ocupadas pelas UPPs.


Não são apenas os jornalistas, os policiais ou os sociólogos que devem tratar do desafio Rocinha. O governo deveria criar um Grupo de Trabalho que envolva inclusive especialistas estrangeiros e buscar uma solução definitiva. Quem sabe rasgar a Rocinha por pelo menos dois amplos corredores que possibilitem a entrada de ambulâncias, caminhões do Corpo de Bombeiros e caminhões de entrega de mercadorias. Não há como conviver com escadarias irregulares e estreitíssimas. Muitas demolições terão que ser feitas dentro de um critério técnico organizado pela Defesa Civil e as famílias terão que ter acesso a novas moradias. Parques terão que ser criados…


Enfim, o desafio de ocupação da Rocinha é o grito de alerta para atender o apelo da Presidente Dilma Roussef: o Brasil sem miséria. Não há uma grande cidade brasileira que não tenha a sua Rocinha.


SG