Por que elas são tão AMEAÇADAS?
21 de novembro de 2011Estudos indicam ações de conservação e mostram áreas de desova. Das 12 populações mais saudáveis, o Brasil abriga uma delas.
“As tartarugas marinhas exigem conservação em escala global, mas esse novo referencial nos ajudará a direcionar esforços de conservação mais efetivos em todo o mundo.”
BRYAN WALLCE, diretor científico do programa de Espécies Marinhas
Filhotes de tartaruga verde (Chelonia mydas) no sul do Pacífico – Polinésia Francesa. Esta espécie é muito encontrada em ilhas oceânicas. Embora elas não sejam muito conhecidas, não enfrentam ainda sérias ameaças.
Bryan Wallace, diretor científico do programa de Espécies Marinhas – bandeira da CI e principal autor do estudo ressalta: “Antes de realizarmos o estudo, nosso conhecimento sobre as tartarugas marinhas se restringia ao fato de que seis das sete espécies que existem no planeta encontravam-se sob ameaça de extinção. Mas essa informação não contribuía muito para a conservação, pois não nos ajudava a priorizar as várias populações nas diversas regiões. As tartarugas marinhas exigem conservação em escala global, mas esse novo referencial nos ajudará a direcionar esforços de conservação mais efetivos em todo o mundo.”
No Brasil – De acordo com o estudo, no Brasil duas das cinco espécies que ocorrem no país, a tartaruga de pente (Eretmochelys imbricata) e a tartaruga de couro (Dermochelys coriácea) fazem parte das 19 populações com status de alto risco (pequenas ou em declínio) e alto grau de ameaça.
O Projeto Tamar publicou um estudo em abril de 2011 que mostra essas duas espécies classificadas como “criticamente em perigo”, o que coincide com os resultados do estudo global. Neca Marcovaldi, coordenadora técnica nacional do Tamar, coordenou no Brasil o processo de avaliação dessas tartarugas.
Tartarugas ameaças
No Brasil a tartaruga verde está entre as 12 populações mais saudáveis do mundo! Isso porque as principais áreas de desova das tartarugas verdes são protegidas por Unidades de Conservação Federais (Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha e Reserva Biológica do Atol das Rocas) e uma municipal (Trindade – ES, área militar brasileira). Mesmo assim, a crescente atividade pesqueira nos últimos anos é considerada a principal ameaça para esta espécie (indivíduos jovens), principalmente as redes na costa.
Das sete espécies de tartarugas marinhas são definidas 58 populações biológicas, denominadas “Unidades Regionais de Gestão” (URG).
Como os cientistas determinam então as populações mais ameaçadas? Eles consideram para cada URG características como tamanho e tendências da população, vulnerabilidade da colônia, diversidade genética, as ameaças de captura em áreas de pesca, consumo humano das tartarugas e seus ovos, nível de desenvolvimento costeiro, poluição de agentes causadores de doenças e mudanças climáticas.
Este é um tipo de avaliação que permite aos especialistas identificar os principais dados pendentes sobre a situação das populações e suas ameaças. Sendo que as ameaças mais significativas são a captura acidental das tartarugas por pescadores que procuram outras espécies, a coleta de tartarugas e seus ovos para consumo ou artesanato, e a captura em áreas de pesca.
Para Roderic Mast, vice diretor do MTSG e da CI, um dos autores do estudo, “este estudo de avaliação representa uma linha de base, sendo uma referência da situação atual de todas as tartarugas marinhas.
“Assim poderemos avaliar nosso processo e aprender muito sobre as práticas de conservação de tartarugas marinhas – o que está e o que não está funcionando – e estamos ansiosos para transformar este conhecimento em estratégias sólidas de conservação das populações e suas habilidades.”
É mais um estudo que irá ajudar na preservação desses animais ao redor do mundo. A esperança é tirá-las do rol de espécies ameaçadas.
Encontrada no Oceano Pacífico, a tartaruga de couro (Dermochelys coriacea) pode ser vista com mais freqüência no México, Nicarágua e Costa Rica. Apesar de décadas de esforços para conservação desta espécie, sua população caiu 90% nos últimos 20 anos.
Uma vez reduzido o consumo de seus ovos, carne e pesca acidental, a população de tartaruga verde está aumentando cada vez mais no litoral brasileiro, graças aos esforços do Projeto Tamar.