Mangues e Corais

21 de dezembro de 2011

Sobrevivência dos peixes depende da conexão entre mangues e recifes de corais


 


Pesquisadores do Brasil e de outros países fizeram um mapeamento inédito do ciclo de vida de um peixe, o Vermelho (Lutjanus jacu). Com isso conseguiram provar a importância de manter esses ecossistemas (mangues e recifes) para garantir a sobrevivência de espécies importantes de peixes, que já sofrem um declínio no seu habitat natural. O peixe Vermelho, por exemplo, apresenta um tamanho menor nos estuários (onde estão os mangues), um tamanho intermediário nos recifes e bem maior no Parque Marinho de Abrolhos. O que isso significa? Esses peixes vão crescendo enquanto migram ao longo da plataforma continental. Este resultado vem confirmar os dados da pesca comercial, onde os maiores peixes são encontrados em recifes ainda mais profundos e mais afastados da costa.
No sul da Bahia foram investigadas 12 áreas, representando diferentes habitats costeiros e de recifes. Segundo o biólogo Guilherme F. Dutra, da CI-Brasil, que participou do estudo, “este é o primeiro estudo que consegue provar a relação entre manguezais e recifes para esta espécie de peixe de grande importância comercial”.


Vulnerabilidade
O estudo acabou demonstrando uma vulnerabilidade no ciclo de vida do peixe vermelho, devido a sobrepesca. São cerca de 20 mil pescadores envolvidos na captura do peixe. Para o professor da Universidade Estadual de Santa Cruz, Rodrigo Moura, as medidas de manejo adotadas para assegurar a exploração sustentável da espécie não são suficientes, e que atualmente não há nenhuma restrição às capturas de adultos na fase reprodutiva. Para chegar à fase adulta, o peixe precisa do refúgio dos manguezais e recifes. Guilherme Dutra enfatiza a importância de ter uma rede de áreas protegidas na região de Abrolhos funcionando de forma integrada para dar condições de sobrevivência às espécies.


A ciência como solução
Segundo Ronaldo Francini Filho, co-autor do estudo e professor da Universidade Federal da Paraíba, além dos instrumentos de proteção contra a pesca predatória serem insuficientes, os estuários e manguezais do Brasil têm sido crescentemente impactados pela expansão urbana, portuária e de atividades industriais altamente degradadoras, como por exemplo a criação de camarão (carcinocultura). Para o pesquisador, a ciência tem apontado soluções e caminhos para que as pescarias marinhas se transformem em uma atividade geradora de riqueza com sustentabilidade. Mas apesar disso, a incorporação dessas lições pelas agências responsáveis pelo setor pesqueiro tem sido excessivamente lenta.
A espécie deste estudo (Vermelho: Lutjanus jacu) está entre as cinco mais importantes para a pesca, e sua distribuição ocorre desde a Flórida até o sudeste do Brasil.  Estudos como este são importantes para a conservação de ecossistemas e espécies do nosso litoral. Os pesquisadores que participaram do estudo fazem parte da Rede Abrolhos, uma iniciativa financiada pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, visando ampliar o conhecimento sobre a biodiversidade brasileira e melhorar a capacidade de responder às constantes mudanças globais.



Os mangues são verdadeiros berçários


 


 


 


 


 



Coral cérebro, típico da região de Abrolhos


 


 


 


 



Para manutenção do equilíbrio ambiental, os pesquisadores provaram a importância de se manter protegidos os ecossistemas de mangues e recifes. a ciência tem apontado soluções e caminhos para que as pescarias marinhas se transformem em uma atividade geradora de riqueza com sustentabilidade.


 


Pesca em Caravelas


 



Peixe Parú


 


 


 


 


 


Os coloridos cardumes do mar de Abrolhos