Birdwatching na Mantiqueira

21 de dezembro de 2011

Observação de aves: o turismo local se reinventa em busca de mais capital para projetos de preservação da APP

“Catalogar e classsificar as aves são as principais funções de quem faz do birdwatching profissão”.
Thiago Carneiro, biólogo e fotógrafo que trabalha do Ecoparque.


 



 Observadores de aves: uma atividade que passa de pai para filho.


Ariqueza do bioma da Serra da Mantiqueira e a necessidade de preservação das matas nativas se tornou a grande preocupação dos ambientalistas que vivem e trabalham nos arredores da cidade.  A ideia do turismo sustentável requer um lento processo de apresentação e sedimentação de suas diretrizes para que o potencial natural dessas áreas de preservação seja devidamente explorado e monitorado. 
O primeiro passo para uma iniciativa de preservação e pesquisa sobre a avifauna local é a captação de recursos para o desenvolvimento profissional dessas atividades. A altitude elevada e o clima frio dessas terras atrai diversas espécies para essas Areas de Proteção Permanente, as APP?s. Somado a isso, outro fator importante para entender a equação: há anos a região é explorada como pólo turístico no estado. E é nesse ponto que a criatividade faz toda a diferença.


Projeto Jatayu
O exemplo é o trabalho dos profissionais que desenvolveram o Projeto Jatayu que se atém ao monitoramento da avifauna local. A ideia é fazer com que o birdwatching acelere o turismo com público de fora do país – já bastante familiarizado com a prática – e, ao mesmo tempo, apresente a observação de pássaros aos brasileiros. É assim que o desenvolvimento do trabalho dessas primeiras equipes que chegam para monitorar e pesquisar a avifauna se torna viável.
Catalogar e classsificar são as principais funções de quem faz do birdwatching uma profissão. O biólogo e fotógrafo Thiago Carneiro é uma dessas pessoas e hoje lidera uma das equipes que trabalha no Ecoparque Pesca da Montanha. O biólogo se encarrega de fotografar, analisar e classificar todas as espécies que encontra.
O objetivo do projeto Jatayu e do birdwatching  “é atrair o turista estrangeiro que está acostumado à prática e colocar o Brasil na rota das observações. Ao mesmo tempo, vamos apresentando nossas atividades e cativando o turista nacional. Tudo com muito profissionalismo. Assim obtemos recursos para preservar a região”, explica a bióloga Adriana Prestes, uma das coordenadoras do projeto.


 


“O Brasil tem mais de 1.800 espécies de aves registradas em seu território, o que representa 18% de todas as aves do mundo.
No entanto, nem todas essas espécies se reproduzem aqui. Muitas delas usam o território brasileiro apenas durante seu período não-reprodutivo, para se alimentar e fugir do inverno do hemisfério norte.”



O Ecoparque Pesca na Montanha está numa área bem no coração dos 550 alqueires da Fazenda Campista, entre Campos do Jordão e São Bento do Sapucaí, e nasceu de um sonho da jornalista Monica Simonsen. Além das atrações e atividades ecoturísticas, o projeto é abrangente e envolve preservação, cursos de arte e lazer.
Projeto Jatayu – A prática de observação de aves no Ecoparque será feita como parte das atividades do projeto Jatayu. O projeto Jatayu foi criado com dois objetivos: observar e classificar aves nativas e exóticas da região e criar áreas de soltura e monitoramento da vida silvestre.
link http://www.pescanamontanha.com.br/ecoparque/bird-watching/.


 


Aves migratórias no Brasil
Publicação faz perfil das aves migratórias em território brasileiro e transforma as informações coletadas numa ferramenta para apoiar estratégias de conservação.


Aves não obedecem fronteiras. Elas nascem em um lugar, mas vivem onde o clima é mais acolhedor e a alimentação é mais abundante. O Brasil tem mais de 1.800 espécies de aves registradas em seu território, o que representa 18% de todas as aves do mundo. No entanto, nem todas essas espécies se reproduzem aqui. Muitas delas usam o território brasileiro apenas durante seu período não-reprodutivo, como, por exemplo, as espécies migrantes neárticas, que são aquelas que se reproduzem no hemisfério norte, mas passam o período não-reprodutivo no hemisfério sul.


O Brasil é conhecido por ter um papel importante no ciclo de vida dessas espécies. Mas qual seria exatamente esse papel? Que ações deveriam ser tomadas para a conservação desses animais? Pensando nisso, a Conservação Internacional (CI-Brasil), com o apoio do Serviço de Pesca e Fauna dos Estados Unidos (em inglês, US Fish and Wildlife Service) iniciou um esforço ao apoiar trabalhos de especialistas de todas as regiões do país, consolidando informações sobre mais de 80 espécies de aves migratórias em território brasileiro.
O resultado dessas pesquisas foi reunido na publicação ?Conservação de Aves Migratórias Neárticas no Brasil? que apresenta 74 trabalhos de 90 especialistas das cinco regiões do país.
Foram mais de três anos de pesquisa para coleta de informações. Tudo começou com uma consulta à comunidade ornitológica brasileira, além de pesquisadores que já desenvolviam estudos em áreas com ocorrência confirmada de espécies migratórias. “Foi definida uma lista preliminar das espécies que poderiam ser classificadas como migrantes neárticas. Depois, foi estruturado um modelo básico para orientar a forma como as informações sobre cada uma das áreas deveriam ser apresentadas. Por fim, foi lançado um convite aberto para que toda a comunidade de ornitólogos brasileiros pudesse contribuir com artigos de síntese sobre as áreas usadas pelas aves migrantes neárticas”, explica Renata Valente, bióloga e co-organizadora da publicação.
Muitos pesquisadores aproveitaram a oportunidade para consolidar pesquisas já realizadas e publicar material inédito. “Este é um trabalho pioneiro por reunir e sintetizar em uma única publicação dados e informações sobre a ocorrência de aves migratórias neárticas no Brasil. É um passo importante para organizar o conhecimento atual sobre a distribuição e a conservação dessas aves no país”, avalia Renata. Além de Renata, o grupo de organizadores inclui os ornitólogos José Maria Cardoso da Silva, vice-presidente executivo da CI; Fernando Costa Straube, diretor-técnico da consultoria Hori Bio e João Luiz Xavier do Nascimento, coordenador do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres, do ICMBio.
O objetivo deles ao conceber o livro foi gerar o primeiro catálogo de áreas importantes para as aves migratórias neárticas no Brasil e suprir lacunas do conhecimento sobre essas espécies no país. Segundo Guy B. Folks, do Serviço de Pesca e Fauna dos EUA, o rápido declínio das populações de algumas espécies faz com que ações de conservação sejam urgentes. ?O caso do maçarico-de-papo-vermelho (Calidris canutus rufa) é um exemplo. Esta espécie realiza uma das mais longas migrações, partindo do Ártico e indo até o sul da América do Sul, passando pelo Brasil. Desde os anos 90 tem tido uma redução drástica em sua população?, revela Folks.