Geoturismo redescoberto
21 de dezembro de 2011O vulcanismo do litoral sul de Pernambuco e a abertura do Oceano Atlântico
As placas fixadas no Espaço Ciência servem de informação para os turistas e paras os alunos das escolas da região terem aulas sobre geografia, geologia e história ao ar livre.
“O Geoturismo está intimamente relacionado à geoconservação e a geodiversidade. Todos estes conceitos estão ligados à divulgação e à preservação do patrimônio geológico”
Para o coordenador do projeto, professor Gorki Mariano “o programa propõe o desenvolvimento de medidas que venham a disseminar e popularizar a ciência, a fim de fortalecer e democratizar as informações aproximando de maneira informal um público bastante heterogêneo”.
Rochas vulcânicas – Thais Guimarães explica que o litoral sul pernambucano, na região que compreende os municípios do Cabo de Santo Agostinho e Ipojuca, apresenta características ímpares por conter em sua geologia rochas vulcânicas e plutônicas com cerca de 102 milhões de anos. “Tais rochas marcam um dos estágios de separação da América do Sul e África, e consequente formação do oceano Atlântico”, detalha Thais e observa que “o conhecimento adequado, sua localização e importância para história geológica local e global tornam a área muito interessante do ponto de vista do turismo científico/educacional. É o geoturismo, que está intimamente relacionado à geoconservação e a geodiversidade. Todos estes conceitos estão ligados à divulgação e à preservação do patrimônio geológico”.
DE GAIBU A SUAPE
O projeto de geoturismo está situado no município do Cabo e abrange as praias de Gaibu, Calhetas, Paraíso e Suape. Segundo Edjane Maria dos Santos, todas estas praias apresentam geomorfologia bastante variada, onde aflora o granito do Cabo de Santo Agostinho. No território cabense encontra-se, também, o Parque Metropolitano Armando de Holanda Cavalcanti, localizado entre as praias de Gaibu e Suape (Vila de Nazaré) que abriga uma história fascinante e tem seus monumentos tombados pela Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco-FUNDARPE. Rodrigo Tavares de Andrade salienta que o local marca a separação entre Brasil e África e a conseqüente formação do oceano Atlântico. E é importante divulgar para o grande público (incluindo turistas que são atraídos pela beleza das praias) a ocorrência destas rochas, sua localização e importância.
Placas informativas
A primeira etapa do projeto é a fixação de placas informativas, desenvolvidas por equipe multidisciplinar, preocupada em manter uma linguagem clara e objetiva, a fim de alcançar o público mais diverso possível. Ainda foram inseridos mapas e fotografias, todos com legendas explicativas objetivando uma maior leveza as placas.
Parte da primeira etapa do projeto já se encontra concluída, três placas medindo 2,00 x 1,50m estão dispostas no Espaço Ciência, enorme museu a céu aberto localizado em Olinda/PE. Com o objetivo de trabalhar melhor a informação direcionada aos visitantes foram selecionados dois monitores graduandos em Geologia, que estão trabalhando no Espaço Ciência. O professor Gorki Mariano explica que num segundo momento, serão fixadas placas in situ, em lugares estratégicos, como por exemplo, sobre o granito do Cabo, marco da história geológica da América do Sul.
“Em sua segunda etapa serão confeccionadas cartilhas explicativas e educativas sobre a origem das rochas vulcânicas na região e sua importância como marcadoras da abertura do oceano Atlântico e a quebra do continente Gondwana (Antigo continente, que compreendia África e América do sul. A quebra de Gondwana deu origem ao Oceano Atlântico). A cartilha será elaborada de forma a proporcionar o aprendizado com prazer”, acrescenta Gorki Mariano.
Thais Guimarães acrescenta que ainda fazem parte do projeto a criação de cartões postais com as placas das rochas em estudo, bem como a realização de cursos para formação de guias, com palestras, que serão apresentadas em escolas da rede pública e privada da região.
“Com base em informações obtidas através de leituras pertinentes ao tema, observações feitas in loco e na troca de experiência com colegas da área reconhecemos que ainda há muito por fazer e aprender”, lembra Thais e conclui: “No entanto, cremos que as medidas aqui propostas, atreladas a idéias que com certeza surgirão ao longo de outras pesquisas realizadas, conseguirão popularizar a ciência geológica e contribuir para sua maior absorção em meio à sociedade, independente de faixa etária, classe social ou meio de atuação”.
Ao fundo, o porto de Suape. O projeto de geoturismo está situado no município do Cabo e abrange as praias de Gaibu, Calhetas, Paraíso e Suape.
Painel indica as placas do projeto no Parque Metropolitano Armando de Holanda Cavalcanti que exemplifica a região e as etapas do projeto. A fixação de placas informativas faz parte da primeira etapa do projeto. Elas foram desenvolvidas por uma equipe multidisciplinar sempre com a preocupação de atender com uma linguagem bem acessível para todos os públicos, desde estudantes de primeiro grau até turistas e pesquisadores.