MUSEU DO TUMUCUMAQUE
16 de fevereiro de 2012O Presidente José Sarney quer deixar um legado de cultura e meio ambiente para o Amapá: a criação do Museu do Parque Nacional das Montanhas do Tumucumaque
“O Tumucumaque é uma referência e um bem incomensurável. O projeto do Museu já está pronto. Foi feito pelo arquiteto Lelé João da Gama Filgueiras Lima e vamos tirar o projeto do papel o mais rápido possível”.
Presidente JOSÉ SARNEY
O Presidente Sarney conversa com Dalgas Frisch sobre a criação do Museu do Tumucumaque
Para o ex-Presidente da República, senador José Sarney, o Amapá tem uma grande vantagem sobre os outros estados da Amazônia. “Temos que destacar – lembra Sarney – que 95% da floresta amapaense estão preservados. Isso significa muito. Não queremos dizer que ela seja intocável. Mas que há necessidade de estudos, de muitas pesquisas, de incentivo de expedições para promover um zoneamento econômico e ecológico para desenvolver de forma sustentável a região e, assim, preservá-la”. “Os cientistas dizem – continua José Sarney – que a floresta densa de terra firme no Amapá é uma amostra de um dos ecossistemas mais representativos do estado. Sua rica vegetação, topografia e rios de corredeiras têm um enorme potencial para o ecoturismo”.
“Por tudo isto – salienta Sarney – e pela bela história de mobilização mundial feita na década de 60 para a criação do Parque do Tumucumaque, é hora de aproveitar o momento para criar uma instituição científica e cultural no Amapá. Lembra o presidente do Senado que quem capitaneou esta mobilização foi o ornitólogo Johan Dalgas Frisch. Na época, Dalgas teve o apoio de Assis Chateaubriand, Amador Aguiar, Rogério Marinho, do embaixador Walter Moreira Salles, do comandante Omar Fontana, aqui no Brasil – e de Nelson Rockfeller, dos reis da Holanda, do presidente da WWF, Peter Scott, do aviador Charles Lindberg e, também, do presidente Charles de Gaulle. ?Todos estes apoios foram importantes por causa da região fazer fronteiras com vários países”.
Do Parque Indígena para o grande Tumucumaque
O parque do Tumucumaque é maior que os estados de Sergipe e Alagoas juntos.
O projeto do Museu do Tumucumaque é um sonho do senador José Sarney (PMDB-AP) para ser construído na capital do Amapá, Macapá. O projeto foi desenvolvido pelo arquiteto Lelé – João da Gama Filgueiras Lima, que pertence à equipe de Oscar Niemeyer e é responsável por várias obras em Brasília e em outras cidades brasileiras.
O decreto da criaço do parque foi assinado pelo Presidente Costa e Silva, em 1968, com nome oficial de Parque Nacional Indígena do Tumucumaque, com uma área de 3.071.67 hectares. Em junho de 2002, o Presidente Fernando Henrique Cardoso aumentou a área da unidade e deu o nome de Parque Nacional das Montanhas do Tumucumaque. Hoje é o maior parque de floresta tropical do mundo, com 3.870.000 hectares, compreende uma grande e contínua área de floresta.
Integra um complexo de 11.000.000 hectares de área conservada, composta de terras indígenas (Parque Indígena Tumucumaque, Terra Indígena Waiapi e Terra Indígena Rio Paru D’Oeste) e quatro unidades de conservação (Floresta Nacional do Amapá, Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Rio Iratapuru, Estação Ecológica do Jarí e Reserva Extrativista do Rio Cajari). O parque do Tumucumaque é maior que os estados de Sergipe e Alagoas juntos. É maior parque do mundo.
Para o senador José Sarney, o Museu do Tumucumaque a ser construído em Macapá-AP, além de ter sua importância na área da educação e na formação cultural, ele será uma instituição científica para dar continuidade aos estudos e pesquisas de identificação e preservação da fauna e da flora da região. “O Tumucumaque é uma referência e um bem incomensurável. O projeto do Museu já está pronto. Foi feito pelo arquiteto Lelé – João da Gama Filgueiras Lima – e vamos tirar o projeto do papel o mais rápido possível”, revela Sarney.
Saiba mais
Biodiversidade do Tumucumaque
As últimas expedições científicas feitas na região do Tumucumaque pela ONG Conservation International revelaram detalhes importantes do maior parque do planeta. Foram encontradas cerca de 660 espécies da fauna e flora nas expedições. Foram expedições que duraram praticamente um mês e foram percorridos quase 4 mil quilômetros.
Segundo o biólogo e coordenador de projetos da ONG Conservation International, Enrico Bernard, que chefiou algumas expedições, um dos grandes desafios é chegar até a área demarcada para as pesquisas: “O curso dos rios é permeado por grandes troncos de árvores que impedem a passagem dos barcos. Na nossa última pesquisa, dos seis batelões (embarcações de madeira de até 9 metros) disponíveis para levar a equipe ao acampamento, apenas três chegaram no dia programado. Os outros barcos, incluindo o que eu estava, tiveram que encostar às margens do rio ao cair da noite por total falta de visibilidade. Dormimos molhados e sem comida, mas o esforço valeu a pena”, explica o pesquisador.
O herpetólogo (especialista em répteis e anfíbios) Jucivaldo Dias Lima, pesquisador do IEPA, identificou 25 espécies de sapos, 19 de lagartos, fora as serpentes. Ele, que já participou de mais de seis expedições deste gênero, se diz surpreso com a quantidade de espécies que, até então, só conhecia na literatura: “Ainda temos que consultar outros especialistas na área, mas há um potencial de haver uma nova espécie de sapo dentre as coletadas. Está entre os sapos mais coloridos que já vi, com um tom azul forte e manchas alaranjadas”.
Também foram registradas pegadas e vocalizações de onças na região. Enrico Bernard, em entrevista à Folha do Meio Ambiente, em 2005, dizia que a presença de mamíferos, como as onças pintadas e as onças pardas, indica a saúde da floresta, já que estes animais só existem quando há fartura de outros mamíferos de pequeno ou médio porte. Como estes mamíferos estão no topo da cadeia alimentar, são os primeiros a desaparecer em fortes processos de perturbação.