Dia do índio

KARI-OCA 2012

22 de abril de 2012

Da Conferência de 1992 para a de 2012

Depoimentos

 

Valores da Mãe Terra

"Temos que nos adequar aos avanços da civilização. Mas não podemos esquecer que a terra, a água e o meio ambiente são de fundamental importância para o nosso povo, pois são as principais causas que nos garante a sobrevivência. Sem terra e água, somos como um peixe fora do seu habitat. 

Na RIO+20 eu penso que as ideias e os conhecimentos indígenas deveriam ter participação mais ativa visto que os Povos Indígenas possuem todo conhecimento tradicional no bom relacionamento com o meio ambiente, pois acredito que há tempo
de salvarmos o mundo. A nova tecnologia ajudou no avanço dos conhecimentos e no resgate da cultura e também facilita e colabora no intercâmbio entre os Povos Indígenas de todo o mundo que nos cerca.
Nós da nova geração indígena sabemos usar o valor cultural, mas também os instrumentos da modernidade e com isso, vamos construir esse mundo melhor!
Tainara Terena, 23 anos, 
Agrônoma pela UFMS e moradora da Comunidade Indígena de Ipeque.

 

Marcos Terena

Este princípio indígena nasceu e sobreviveu a partir do conhecimento tradicional e o equilíbrio da vida, com base numa plataforma que é a Terra como hábitat ancestral.

Acreditamos que a reflexão indígena deva considerar os direitos humanos, a justiça, a paz, a democracia e a ética indígena e não indígena, como parte de um processo de inovação para a humanidade.
Não podemos por isso, deixar de considerar a América como terra ancestral dos Povos Indígenas e é nosso dever, afirmar sempre essa verdade como um direito moral e histórico e como exemplo do sentido de viver e compartilhar.
Sabemos que muitas profecias indígenas vão se concretizando a cada tempo. Primeiramente no coração indígena como afirmação da livre determinação, e na consciência da sociedade envolvente como processo educativo para os valores humanos e ambientais. Num trabalho inédito capitaneado pelos Povos Indígenas do Brasil, a Kari-Oca da RIO+20 promete ser o cenário adequado para a mostra das experiências exitosas indígenas seja ela histórica, ancestral ou até mesmo política. É nesse contexto de mais de 1.200 indígenas de todo o mundo se reunirão para o desafio de demonstrar valores sociais, culturais, ambientais e econômicos.
O local abrigará três cenários de uso sustentável de Ocas Tradicionais. Duas delas seguirão o modelo arquitetônico do Alto Xingu, uma vem do Pantanal e uma terceira será a Oca Eletrônica com transmissão on-line para o Brasil e povos indígenas das Américas. Economia Verde, eliminação da pobreza, desenvolvimento com sustentabilidade e governança são temas base da RIO+20, mas nós indígenas queremos criar uma agenda compatível e realista com aquilo que vivemos em nossas terras. Dar visibilidade as lutas indígenas pela demarcação das terras, mostrar avanços, experiências exitosas e, com isso, sair da armadilha das falsas soluções. 

Marcos Terena,

ao centro, com amigos da nação Suruí de Rondônia.

 

 

 

 

 

 

 

 
 
Aristela Yanuma Bakairi
 
 
 

 

Sonho de nova civilização
 
Eu vejo, sonho como uma nova civilização de olhar o próximo com compreensão, contribuir para que se construa uma “nova civilização” a partir das diversas diferenças, mas sempre olhando o tipo de futuro, o que queremos dele.
“A Conferência RIO+20 é um evento importante com um ideal sistemático que busca o desenvolvimento econômico e, ao mesmo tempo, a preservação do meio ambiente. O maior conhecedor dessa sabedoria somos nós indígenas principalmente pela palavra da Mulher. Mas é preciso que todos esses sonhos e objetivos sejam pautados em cima de leis de proteção ao meio ambiente e os ecossistemas. Só assim esse mundo cheio de tecnologias vai permitir às futuras gerações um planeta saudável para habitar com uma economia sustentável e uma maior igualdade social. E o princípio indígena de tudo isso está em manter um meio ambiente equilibrado. A expectativa dessa Conferência é grande, pois dela resultará a produção de um documento que assegure o comprometimento político para um resultado positivo no futuro. 
Aristela Yanuma Bakairi – Acadêmica Universitária em Administração.
 
RIO+20: olhar indígena
“O olhar indígena não é só material, mas tem sua base espiritual a partir da terra onde nascemos e onde moramos. É a visão espiritual que muitos povos já perderam. O maracá, uma flauta, um canto sempre tem seu valor, pois caminha com o vento e por isso ficou gravado de geração a geração. Na RIO+20, nós índios do Brasil vamos mostrar na Kari-Oca que não podemos perder esses valores que está dentro do coração do Índio e no coração da Mãe Terra”. 
Papá Guarani – Liderança Indígena Cultural e Espiritual