Editorial

Caro leitor

22 de abril de 2012

  Índios e a RIO+20 Como inserir os índios na civilização do homem branco, garantindo a eles um desenvolvimento econômico e social digno, sem agressões à sua cultura e à sua individualidade? Esta é a questão. E esse será o resumo de tudo que será debatido na RIO+20. O índio é uma realidade que não… Ver artigo

 

Índios e a RIO+20
Como inserir os índios na civilização do homem branco, garantindo a eles um desenvolvimento econômico e social digno, sem agressões à sua cultura e à sua individualidade? Esta é a questão. E esse será o resumo de tudo que será debatido na RIO+20. O índio é uma realidade que não pode ser incômoda. Pelo contrário, os brasileiros deveriam se encher de orgulho por possuir mais essa rica diversidade, por esta cultura fantástica e por esse pluralismo étnico. Os índios foram uma das causas do Brasil ter hoje esse espaço continental.
Idealizado pelo homem branco, o Dia do Índio é mais uma data para reflexão. No passado, índio era um problema a parte das grandes questões nacionais. Veio a ocupação do território. A preocupação dos exploradores europeus era a mesma das igrejas. Todos tinham preconceito em relação ao índio e todos trabalhavam para dominá-lo. O índio foi forçado a abdicar de sua cultura (língua e costumes) e adotar modos civilizados. Até mesmo foram obrigados a decorar a Bíblia. 
Passado o tempo da conquista, veio o tempo do abandono e agora, quem sabe, o tempo do debater para se chegar à preservação. Aí a proposta era outra: garantir aos indígenas a vida num espaço especial, como fosse um grande aquário, e deixá-los lá dentro vivendo da caça e da pesca. Uma espécie de museu vivo, para de quando em vez ser visitado, estudado e contemplado pelo homem branco. 
Hoje os tempos são outros. A exemplo dos brancos, os índios também têm que ter direito à saúde, devem ter direito à educação e, sobretudo, precisam ter direito à terra, aos recursos naturais e à exploração de seus bens para o desenvolvimento saudável de sua gente e de suas gerações. Mas como fazer isso sem agredir sua cultura? Evidente que, em primeiro lugar, mudando nossa postura em relação aos índios. 
A verdade é que a partir de abril de 1.500, com o Descobrimento, os cerca de 5 milhões de habitantes desta terra de Vera Cruz se tornaram presas fáceis das ações do homem branco. Aos poucos foram perdendo sua liberdade na floresta. Cada vez mais acuados, mais oprimidos, eles acabaram por viver todas as mazelas de pobreza e doenças do branco. 
Hoje não passam de uns 300 mil índios, nos 8.547.403 km2 desse nosso Brasil. Vivendo em parques demarcados, em reservas administradas pela Funai, na periferia de centros urbanos ou próximos a fazendas de cacau, de café ou de gado, os índios brasileiros pedem socorro. E só podem pedir socorro ao homem branco. Só ele, com inteligência e boa vontade, pode usar sua força, ciência e dinheiro para salvá-los.